Cuecas com estampas para colorir podem se tornar a
nova febre entre homens e mulheres, após o sucesso dos livros com essa
temática. A ideia é de uma empresa do setor em Nova Friburgo, na Região Serrana
do Rio, e será apresentada durante a Fevest, a Feira de Moda Íntima da cidade,
que acontece entre 2 e 4 de agosto e recebe confeccionistas de todo o Brasil.
Fonte: G1, Juliana Scarini (24/07/2015)
Desde “O
Jardim Secreto”, desconheço quem ainda não saiba sobre os tais livros para
colorir. Sei, sim. Tem uns conhecidos meus que mal sabem o próprio nome, menos
ainda estes tipos de novidades modernosas que, suspeito, só amplia a ignorância
do brasileiro médio, mas os deixam zen, afirmam. Quisera. Não que as editoras deem
atenção, pois não há uma que não tenha em seu catálogo esta nova febre que
pouco se importa com o hábito indigente de leitura dos brasileiros.
O fato é que
colorir livros invadiu até o campo da psicologia. Não sei bem quais transtornos
eles curam ou aliviam, nem qual a posologia indicada, mas a propaganda vende
que a capacidade livresca, para pintar, por suposto, abate a consumição, produz
paz, calma e, se duvidar, traz o amor perdido, mesmo que ele não queira.
Os descolados fazem
até coleções em suas mesas de centro nas salas, onde pilhas de obras com
garatujas as mais estranhas descansam à espera de quem queira matar o tempo,
fazendo suas pinturas oníricas ou, se preferirem, lisérgicas. A indústria de
lápis de cor agradece penhoradamente. É, inclusive, de mal tom dar um livro
desses sem uma caixinha de lápis de cor, pois afinal eles são meio inúteis e
desenxabidos se não se tiver à mão algo para pintá-los.
No interior do
Rio de Janeiro, o dono de uma confecção teve uma ideia escatológica. Está
produzindo cuecas de algodão com padronagens para colorir. As canetas para
tecido são vendidas separadamente, óbvio. Entre estranhados e curiosos, os
consumidores estão aderindo à ideia, ainda que timidamente. Sem querer, acho
que o empresário inventou o santo graal contra o tédio nas relações íntimas. Ou
nas não relações.
E aí, você
topa? Topa o quê? A gente pintar uma cueca juntos. Será que cola como cantada?
Pelo menos é inusitada. Não duvidem se inventarem um concurso para premiar a cuequinha-obra
mais linda. Hão de ter categorias para as pinturas: abstratas, cubistas,
impressionistas e por aí afora. Um sujeito animou-se a dizer que compraria,
pois é desestressante. Talvez se sinta pressionado por um desempenho digno de
um Casanova. Dá para imaginar a cena: a mulher deitada esperando e o cara
pegado na cueca. Peraí, tô quase terminando essa florzinha aqui.
Outro adepto
da ideia, pensava em comprar uma meia dúzia – não sei se vendem o conjunto
naqueles copinhos ou em pacotes econômicos – para, segundo ele, se divertir com
a namorada. Taí uma boa forma de ajudar aquele que se sentia pressionado.
Envolver a mulher na pintura, assim ela esquece do sexo e de qualquer cobrança.
As ideias para
a vestimenta de baixo se multiplicam, mas ainda não chegou à fase de
recomendá-las para problemas masculinos. Mas não duvido que alguém a indique
para os que sofrem com ejaculação precoce, por exemplo. A ver.
Tem quem
acredite que a cueca pintadinha pode ser útil para apimentar as relações. Tenho
cá minhas dúvidas. E se a cueca só conseguir arrancar boas gargalhadas da
parceira? Eis uma prova mais dura, suportar o ridículo da aparência.
A verdade é que a tendência apenas começou. Já
se fala a boca pequena em avançar na direção das calcinhas e sutians e, barbaridade,
camisinhas. Não sei no que isso vai dar, talvez na diminuição da população.
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