segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Querem casar comigo?


A união estável "poliafetiva" lavrada no interior de São Paulo pela tabeliã Claudia do Nascimento Domingues entre um homem e duas mulheres trouxe à tona um debate que divide juristas e a sociedade. Num momento pós-união estável homossexual, já aceita pela Justiça, até onde vai o conceito de família no Brasil?
Fonte: Jefferson Puff (BBC Brasil, em São Paulo – 28/08/2012)

Cromualdo Quintanilha não é advogado. Nem tabelião. Nem capinha do tribunal mais fuleiro ele é. Considerando que hajam tribunais desta categoria. Mas entende de direito que só vendo. Bem, o direito dele, lá. É como uma espécie de frustração compensada por um interesse frequente no tema e leituras livres – põe livre nisso – dos códigos disponíveis no país. É seu hobby, por bem dizer. Se lhe der asa, discute com um ministro do supremo de igual para igual. Ele se sente igual e não há quem lhe tire isso da cabeça. Se alguém questiona essa igualdade, ele apela: ele é homem, eu também sou. Se o interlocutor redargue com um “não se trata disso, mas do conhecimento em Direito” ele dá de ombros e diz que o código que o tal lê, ele também lê, logo, a diferença é de interpretação e cada um tem direito à sua. Pronto. Acabou a discussão.
Esta semana o encontrei e ele sem qualquer saudação de cortesia, sapecou logo um “isto é um absurdo!”. Nem me refiz da expressão e ele já emendava que o país certamente colapsará com esta pouca vergonha de união poliafetiva. E olhe que o desavergonhamento chega ao ponto de etiquetarem esta tal união de “estável”. Não estaria o um traindo a uma com a outra? Só porque estão debaixo do mesmo teto e um pedaço de papel atesta a normalidade? Quer dizer que o sujeito que pegava a empregada praticava a poliafetividade e não sabia? Tanta confusão com a patroa por nada. Está redimido!
Esqueci de dizer. Cromualdo é um empertigado defensor da moral e dos bons costumes. Salva-nos de sua sanha que não é religioso, porque aí, além de enquadrar a todos nos artigos legais montados segundo sua particular visão de mundo, ainda submeteria todos os transgressores ao fogo do inferno. Você aí, por enquanto, está salvo. Mas só até ele se converter a alguma dessas coisas chamadas de igrejas neopentecostais mundiais universais do milagre divino.
Dizia. Ainda nem me refiz da defesa do Serguei de seu pansexualismo. O Renato Russo repetiu a dose. Mas o que o primeiro adorava mesmo era andar com uma camiseta dizendo: “Eu comi a Janis Joplin”. No aperreio, porém, gostava de transar com uma árvore. Não senhores, não era uma bananeira. Ele apenas tomou um ácido lá no anos 1960 e nunca retornou dessa viagem. E o segundo falava essa bobagem por não-sei-que-diga. Agora, a velha teúda e manteúda passa para dentro de casa e muda-se o nome de amásio para o pernóstico “união poliafetiva”. Com registro em cartório!!! Levanta o indicador para enfatizar sua afirmativa.
Menos mal que é uma cara com duas mulheres  e isso o meu avô e o pai dele antes, já praticavam tudo muito discreto e dentro dos conforme da proteção da família. Quer dizer, o salto de cerca contribuía para o equilíbrio da paz no lar e da sociedade, mas do jeito que a coisa vai é já que aparece um cara com uma mulher e outro cara. Um cara com dois caras. Uma mulher com dois caras... com duas mulheres. Se a gente for ver mesmo, isso não tem fim. Imagine se você faz esta tentativa usando só um hétero com todas as letrinhas da sigla da organização gay GLBBTTZXYH?
Imagine o Juquinha em seu primeiro dia na escola. Menino, quem é teu pai? O Chico e o Pedro. Como? E tua mãe menino? É a Rosita. Para disfaçar e diminuir o choque inicial a professora perguntará. Você gosta da mamãe? Ela gosta de comer milho. Como assim Juquinha? Pipoca você quis dizer? Não, é milho mesmo, minha mãe é uma cabra. É assim que as coisas andam. 
Cadê a igreja, as autoridades constituídas, os executores das leis? Onde foi parar os homens de bem? Tá bom, as mulheres também. Onde? Onde? Defendo que o casamento monogâmico e heterossexual ganhe imediatamente a proteção da WWF e do Greenpeace? Protegem animais? E daí? Se o casamento referido está em extinção, pois que se proteja com a mesma tenacidade que se protege o minhocoçu. Não faço trocadilho infame, ouviram? E aí, como é que vai ficar? Vai-se deixar agora essa baderna de mistura poli-o-diabo-que-os-carregue?