Leilane Neubarth é uma das grandes apresentadoras de telejornais
no Brasil. Trabalha como âncora da edição das 18, na Globo News. Nesta
sexta-feira, constrangida, não era para menos, apresentou uma notícia em que um
sujeito atacou uma idosa de 83 anos para roubá-la. Uma câmera captou toda a
violência e ela alertou aos espectadores sobre as cenas fortes que seriam
mostradas. O mal-estar da apresentadora era visível. As cenas que em dado
momento são congeladas, faziam jus ao desconforto da jornalista e ao de quem certamente,
como eu, viu as imagens chocantes.
Então, em seguida, ela
começa dizendo: agora vamos para uma notícia, (hesitou em busca de palavras) eu
diria assim, moderna, nova e boa. Às vezes a gente consegue ver que o país está
andando pra frente. Corta.
Não pensei nada em
especial, mas aguardei o anúncio de uma tecnologia inovadora, uma medida do
governo que facilitasse um pouco a vida das pessoas, sei lá, haveria muitas
possibilidades. Mas a notícia extraordinária que, segundo a apresentadora “mostra
que o país está andando pra frente” era, pasmem, um banheiro unissex instalado
de forma revolucionária, incrível, pioneira, inédita nas dependências de uma
faculdade.
A unidade da PUC em
Perdizes, São Paulo, depois de uma reforma estrutural no prédio, uma comissão
teve a ideia genial de criar este espaço democrático para o xixi e cocô. A repórter que foi cobrir o banheiro diz
pateticamente: estou em frente ao banheiro e a única diferença que tem é a
mulher e homem... E lamenta: de 35 banheiros que tem na PUC só um é unissex.
De fato, os dois símbolos
era de um homem e de uma mulher o que me deixou boquiaberto que não tenham inventado
um símbolo igualmente dúbio, afinal estaria mais apropriado para este espaço
misto.
Entra a reitora. A mulher é
pura satisfação. Regozija-se ante tamanho feito de sua gerência
pedagógico-administrativa. Ou era satisfação por estar na Globo? Olha que uma
reitora se prestar para dar entrevista sobre um banheiro unissex é de lascar!!
A repórter pergunta como
surgiu a ideia. A reitora diz que é uma ideia que “corre o mundo” (Uau!!). Tem
nos EUA, na Europa... Talvez seja a isso que a Leilane se referia de um país
que “anda pra frente”. O banheiro unissex da PUC nos empurra em direção ao
moderno e novo dos países do primeiro mundo! Putz!!! E esse tempo todo a gente
sem saber que era tão simples.
Câmera na reitora. Blá,
blá, blá, então resolvemos que deveria ter um banheiro que homens e mulheres
pudessem usá-lo indistintamente e todos que se sentissem à vontade para usar este
banheiro que não discrimina as pessoas pelo sexo de nascimento.
A imbecilidade humana não
tem limite. Então os banheirinhos todos, coitados, que separam os pintos das
perseguidas, prática que a civilidade criou para conforto e higiene adequada de
ambos sexos, são uns discriminadores das pessoas pelo seu sexo de nascença? Eu
morreria e não saberia que estes insuspeitos ambientes para alívio das
necessidades fisiológicas são contumazes discriminadores. Ainda bem que a
reitora nos consolou, nós os outros que gostamos de ir ao banheiro cada qual em
seu quadrado, na PUC de Perdizes as pessoas poderiam usar os outros banheiros
separados por sexo. Ufa, que alívio. Sem trocadilho.
A repórter indaga sobre uma
suposta polêmica nas redes sociais. A reitora diz que na universidade a notícia
do banheiro foi recebida como muita naturalidade. Claro, é um lugar moderno! Aí
ela cita uma quantidade enorme de gente que apoiou o banheiro mistão e quem não
gostou não era da comunidade universitária. Ah, bom! E você aí que não entendia
porque é que o Brasil não dá certo, né?