sexta-feira, 18 de agosto de 2017

O banheiro unissex ou o WC mistão revolucionário

Leilane Neubarth é uma das grandes apresentadoras de telejornais no Brasil. Trabalha como âncora da edição das 18, na Globo News. Nesta sexta-feira, constrangida, não era para menos, apresentou uma notícia em que um sujeito atacou uma idosa de 83 anos para roubá-la. Uma câmera captou toda a violência e ela alertou aos espectadores sobre as cenas fortes que seriam mostradas. O mal-estar da apresentadora era visível. As cenas que em dado momento são congeladas, faziam jus ao desconforto da jornalista e ao de quem certamente, como eu, viu as imagens chocantes.
Então, em seguida, ela começa dizendo: agora vamos para uma notícia, (hesitou em busca de palavras) eu diria assim, moderna, nova e boa. Às vezes a gente consegue ver que o país está andando pra frente. Corta.
Não pensei nada em especial, mas aguardei o anúncio de uma tecnologia inovadora, uma medida do governo que facilitasse um pouco a vida das pessoas, sei lá, haveria muitas possibilidades. Mas a notícia extraordinária que, segundo a apresentadora “mostra que o país está andando pra frente” era, pasmem, um banheiro unissex instalado de forma revolucionária, incrível, pioneira, inédita nas dependências de uma faculdade.
A unidade da PUC em Perdizes, São Paulo, depois de uma reforma estrutural no prédio, uma comissão teve a ideia genial de criar este espaço democrático para o xixi e cocô.  A repórter que foi cobrir o banheiro diz pateticamente: estou em frente ao banheiro e a única diferença que tem é a mulher e homem... E lamenta: de 35 banheiros que tem na PUC só um é unissex.
De fato, os dois símbolos era de um homem e de uma mulher o que me deixou boquiaberto que não tenham inventado um símbolo igualmente dúbio, afinal estaria mais apropriado para este espaço misto.   
Entra a reitora. A mulher é pura satisfação. Regozija-se ante tamanho feito de sua gerência pedagógico-administrativa. Ou era satisfação por estar na Globo? Olha que uma reitora se prestar para dar entrevista sobre um banheiro unissex é de lascar!!
A repórter pergunta como surgiu a ideia. A reitora diz que é uma ideia que “corre o mundo” (Uau!!). Tem nos EUA, na Europa... Talvez seja a isso que a Leilane se referia de um país que “anda pra frente”. O banheiro unissex da PUC nos empurra em direção ao moderno e novo dos países do primeiro mundo! Putz!!! E esse tempo todo a gente sem saber que era tão simples.
Câmera na reitora. Blá, blá, blá, então resolvemos que deveria ter um banheiro que homens e mulheres pudessem usá-lo indistintamente e todos que se sentissem à vontade para usar este banheiro que não discrimina as pessoas pelo sexo de nascimento.
A imbecilidade humana não tem limite. Então os banheirinhos todos, coitados, que separam os pintos das perseguidas, prática que a civilidade criou para conforto e higiene adequada de ambos sexos, são uns discriminadores das pessoas pelo seu sexo de nascença? Eu morreria e não saberia que estes insuspeitos ambientes para alívio das necessidades fisiológicas são contumazes discriminadores. Ainda bem que a reitora nos consolou, nós os outros que gostamos de ir ao banheiro cada qual em seu quadrado, na PUC de Perdizes as pessoas poderiam usar os outros banheiros separados por sexo. Ufa, que alívio. Sem trocadilho.
A repórter indaga sobre uma suposta polêmica nas redes sociais. A reitora diz que na universidade a notícia do banheiro foi recebida como muita naturalidade. Claro, é um lugar moderno! Aí ela cita uma quantidade enorme de gente que apoiou o banheiro mistão e quem não gostou não era da comunidade universitária. Ah, bom! E você aí que não entendia porque é que o Brasil não dá certo, né?