domingo, 4 de agosto de 2013

Panela Terrorista



Combinação de termos 'panela de pressão' e 'mochila' despertou a atenção da polícia. Uma família de Long Island, Nova York, recebeu a visita de agentes da polícia americana por causa de buscas na internet pelos termos "panelas de pressão" e "mochila".
A família diz entender por que a busca pelos dois itens na internet — ela tinha pesquisado "panela de pressão" e o seu marido "mochila" — feita de um mesmo domicílio levantou a suspeita das autoridades antiterroristas, mas que ficou "assustada" coma invasão de privacidade.

Fonte: BBC Brasil (02/08/2013)

A história já caducou. Os EUA futricam no email de todo o mundo. Instalaram a maior rede de fofoca do planeta. Nada escapa aos olhos do grande irmão. Olhou para o computador, até seu pensamento eles estão pescando. Se mandar email, comprar uma cueca ou par de meias, eles saberão. Ah, você que não gosta que bisbilhotem suas entranhas de bytes, nem que um enxerido fiscalize com quem você conversa – especialmente aquelas impublicáveis –, pois que se dane: Obama está pouco se lixando.
Tem mais. Se falar certas palavras, torna-se suspeito; se tentar adquirir certos objetos, até outro dia inocentes como uma singela panela de pressão ou uma banal mochila é culpado; e se por azar fizer uma busca com os dois produtos juntos, pronto: você é um terrorista safado, inimigo declarado, quase um Bin Lauda, como costumava chamar o finado Jairzinho ao também igualmente finado chefe da Al Qaeda.
A pobre panela de pressão se tornou uma arma porque os malucos irmãos Chechenos que explodiram a maratona de Boston inventaram bombas caseiras com as inofensivas caçarolas que, no ato terrorista, ficaram armazenadas em mochilas. Uma galinhada, um cozidão, qualquer coisa que você queira cozinhar, se precisar de uma panela de pressão, tem que ser autorizado pelo governo que naturalmente mandará alguém inspecionar a utilização do aparato e provar o resultado da comida. Talvez a vingança seja fazer uma comida nordestina arretada que um estômago sensível de gringo não aguente.
Uma família esqueceu que a panela de pressão havia sido inscrita no índex de futrica do serviço secreto. Pra completar, o marido era de ascendência estrangeira. Foi a gota d’água. De repente, três vans pretas pararam na porta e homens armados, óculos escuros, entram casa adentro. Cadê a panela? Cadê a panela? Berravam. Armas na cabeça, o pobre e atordoado casal não sabia. A elétrica de cozinhar arroz?, perguntou o marido. O papeiro grande?, quis saber a mulher. Estavam atarantados. Ah, então vocês estão mais sofisticados! Agora o dispositivo de ataque é elétrico? De ataque? Dispositivo?
Sentado de sopetão na cadeira, o marido tem uma luz forte na cara. Você pesquisou sobre como tornar uma panela de pressão uma bomba na internete? Na na na não. Negou o homem, que estava cada vez mais confuso. Minha mulher faz quinoa. Quem é esta Quinoa? É sua amiga terrorista? Onde ela está? O agente se vira para o outro e pergunta: que tipo de bomba é essa? O outro encolhe os ombros enquanto revira a casa. Outro pergunta onde a panela está escondida. A mulher chora. 
No Brasil, o governo Dilmista foi convocado a integrar uma rede mundial de investigação de panelas. A briosa Abin recebeu treinamento ianque e para começar imediatamente a investigação, estabeleceu um grupo tático. Há um ligeiro problema. A fiscalização será analógica. A Oi ganhou a licitação, mas os cabos estão quebrados ou coisa assim. Nas feiras já há um câmbio negro de panela, ainda não chegou às mochilas. Dizem que as panelas paraguaias são mais mortais, explodem sozinhas por causa das válvulas chinesas. Muito cuidado na hora da confecção da bomba, viu? Quero dizer, do feijão, do feijão...