segundo, um jornalista – lançaram Freakcnonomics (2005) causaram grande impacto pela originalidade da ideia. Eles se dedicaram a coletar dados e fazer análises estatísticas, digamos, bizarras, para chegar a conclusões fora do pensamento comum. Mas não sem muitas ressalvas que eles faziam questão de dizer. O exemplo mais vistoso, no meu ponto de vista, é sobre a relação entre criminalidade e aborto.
A lei que
autorizou a prática do aborto nos EUA nasceu de uma briga judicial que foi
parar na Suprema Corte, o caso Roe vs Wade em 1973. Desde então, quase todos os
estados americanos autorizam a interrupção da gravidez. Pois bem, desde aquela
data cerca de 50 milhões abortos foram praticados. A maioria deles, segundo
mostram os dados de Freakconomics, em famílias de baixa renda, negros que,
possivelmente, engrossariam o exército de marginais. Como não nasceram, um
efeito benéfico, segundo concluem, foi a redução da criminalidade.
Claro que
concluir algo assim a partir de dados sem considerar as implicações morais e
éticas deste raciocínio é o grande problema, ainda mais que Jane Roe, a litigante
em favor do aborto, mentiu para ganhar a causa. Mas é por isso que a ideia é
freak ou aberrante. Freakconomics vendeu milhões de exemplares.
A dupla resolveu
fazer disso um meio de vida. Analisar aberrações estatísticas. A editora da
dupla e eles mesmos, claro, viram um filão onde poderiam ganhar milhões.
Palestras, cursos e mais livros explorando o tema. Daí nasceu um filhote que
chamaram de “Pense como um freak”. O terceiro da série. Entre ele e o primeiro
foi lançado “Superfreakconomics”. Eis o problema. A fonte secou.
O “Pense como
um freak” ensaia ensinar uma forma de pensar que seria inteligente. Fora da
caixa, como se diz. Mas produz uma estrovenga, um frank (de Frankestein), pois
o livro não consegue fazer ninguém pensar por um ângulo inusual e, na ideia
deles, mais inteligente, pois levaria a pessoa a perceber os problemas de forma
diferente e, imaginam, achar soluções inovadoras. A verve do livro original acabou,
definitivamente. Não, você não pensa de forma mais inteligente depois do livro.
Eles requentam
um monte de coisa do livro de sucesso e o leitor – eu – fica com sensação de
ter sido enganado. Repetem ideias a título de exemplo, mas é porque não sabem o
que fazer para melhorar o livro ruim que colocaram nas prateleiras das
livrarias. O primeiro livro chega a ser divertido. É curioso. Este último é um
lixo. O leitor deveria ser ressarcido pela perda de tempo.