quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Balaio de gatos

Um gato foi convocado a participar de um júri em East Boston, nos Estados Unidos, de acordo com reportagem da rede de TV "WHDH".

A família ainda não sabe como o animal de estimação foi parar na lista de jurados. "Eu não acreditei, fiquei chocado", contou Guy Esposito, dono do animal.

Do G1, em São Paulo 

Senhores jurados, por favor, peço-lhes compostura. Falou e bateu o martelo o juiz já visivelmente irritado com a balbúrdia no início do julgamento. Ele mesmo não escolhera aquela situação surreal. Ninguém assumiu o suposto erro. Uma vaga notícia dizia que o sistema informatizado, baseado nas declarações do imposto de renda, escolhia os nomes dos jurados. Quem poderia imaginar que Salomão (Sal) da Silva era um gato?
O juiz resolveu chamar à frente o advogado de defesa e o promotor. Pretendia fazer um acordo, adiar o julgamento, talvez. Como é que isso aconteceu? Perguntou. O promotor defendia o gato como jurado. Acreditava que ajudaria na condenação do réu. Meritíssimo, o sistema não falha, o fato de o jurado ser um gato é irrelevante. E você já viu um gato declarar renda? Não senhor, mas parece que este é o primeiro. Quem sabe ele herdou alguma herança, o senhor sabe, tem uns ricos malucos que preferem deixar seus bens para seus bichos de estimação. O advogado de defesa atropelou. Meritíssimo, isso é um absurdo! Não tive a oportunidade de opinar sobre a lista dos jurados.
O trio não conseguia chegar a um acordo e quando o juiz se espanta, uma jurada já estava com o Sal no colo, arrodeada pelos demais jurados que faziam mimos no bichano. Assim não é possível, bradou o juiz. Senhores jurados, deixem o... (estacou) bem, o jurado Salomão da Silva em seu lugar. Nesta sala de audiências não se permite este tipo de intimidade entre jurados.
De repente, do lado de fora, um alvoroço. Todos dentro da sala olharam, atropelados pelos gritos que vinham do hall de entrada. O que é isso agora? Bradou o juiz. Oficial, veja o que está acontecendo e peça silêncio. Volta o oficial. Excelência, é a mulher babaçu e suas babaçuletes. E quem é esta? É uma militante do meio ambiente. Acenam com unhas-de-gato e gritam palavras de ordem pelo direito do gato ser jurado. Mas como? Isso aqui está virando um congresso nacional de tão bagunçado.
Oficial, por favor, chame o dono do gato. Chega um casal. Senhor juiz, não tivemos culpa. De fato, ao receber a correspondência, tentamos entrar em contato para explicar. Senhor e senhora, eu só quero saber como é que um gato foi parar na declaração de renda dos senhores. Gato não, se exaltou a mulher, Sal é como um filho pra nós. Entendo, senhora, mas continua gato e os felinos não declaram renda. Eu explico doutor, disse o marido, enquanto tentava acalmar a mulher. Colocamos o Sal na parte que diz “dependente”. Ele é como um membro da família. Ai, meu Deus, desabafou o juiz.
O marido levanta a mão pedindo a atenção do juiz. Doutor, Excelência, nós tentamos dizer que o Sal não pode participar do julgamento como jurado. Como, o senhor pode me explicar? Dissemos que ele não sabe falar português, como é que ele vai votar? Oficial, chame a segurança. Prendam estes doidos por obstruir a justiça e audiência está encerrada. Doutor, e as babaçuletes? Ah, que vão quebrar côco!