“Já dá prafazer sexo pelo smartphone”. É claro que o título mais provocativo que real –
depois percebi – me chamou a atenção. Não, não estava pensando em aderir à
prática. Estava curioso. Era a humana curiosidade, aguçada pelo psicólogo que
sou. Vai que aparece alguém no consultório adicto do tecnosexo – ou smartsexo,
parece que o nome está em aberto. Podem usar qualquer desses termos de minha
lavra, apenas me deem o crédito. – sem o qual não pode ter prazer
Eis um
primeiro desafio. Para chamar de sexo a nova invenção, seria interessante mudar
o conceito de sexo ou ampliá-lo a um ponto que nem as parafilias em sua
insanidade conseguiram criar.
Uma empresa criou
um app que se baixado no celular transforma-o em uma máquina de sexo. Não se
diz se é preciso usar camisinha no dito, a bula do app ignora, mas em tempos
tão doidos, melhor usar, pois vai que...
Mas vamos com
calma. Explicando. O aplicativo, uma vez instalado, reage às lambidas sexuais –
importantíssima esta segunda palavra aqui – que um praticante dá na tela do
celular e cria padrões de vibração que, por bluetooth, é capturada por um
vibrador e este reproduz os padrões. Sei, está cada vez mais estranho.
Primeiro, é
preciso definir o que é lambida sexual. Aparentemente o app identifica uma
lambida sexual de uma, digamos, similar àquela dada num picolé. Existe um vazio
de informação aqui. O vibrador reagirá a qualquer lambida ou não?
Você está
acompanhando? Caso ainda não tenha se perdido e, heroicamente, continua neste
texto, ainda há mais. É como ouvir a propaganda de loja virtual que vende
traquitana imprestável: mas espere, não somente isso! Na loja do aplicativo
você pode escolher até doze, sim, uma dúzia de tipos de orgasmos. Todos
disponíveis para download. “Ficando Loco (Getting Loco)”,
“Banho Sensual (Sensual Bath)” e “Nuvem de
Marshmallows (Mushrooms clouds)” são alguns dos nomes criados pela
empresa. Acho que as pessoas têm orgasmos de tanto rir. Imagina a cena: meu
amor, você gostaria que eu lhe desse um Mushrooms clouds? Em português ou inglês é absolutamente
broxante.
Recapitulando.
Você baixa um aplicativo de sexo. Por meio de lambidas sexuais – e só estas
servem – o seu celular enlouquecido emite ondas enviadas pelo bluetooth que
encontram um ansioso vibrador que dispara padrões que darão orgasmos com nomes
tão estranhos quanto a proposta de sexo que vendem.
Sabe
o que é louco nisso tudo? Há mercado. Fazer smartsexo custa cem dólares. Agora
me ocorre que a língua é que deve receber a camisinha. Imagina onde você passou
o dedo apenas num dia e esfregou na tela do celular. É lá que terá que colocar
a língua. Seu celular é à prova d’água?