quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Quem não tem cão caça assim mesmo

A independência feminina atingiu níveis extremos. Neste domingo, uma taiwanesa informou que se casou consigo mesma depois de oferecer um banquete de casamento.
Chen Wei-yi, 30 anos, anunciou seus planos de "autocasamento" no mês passado e virou sucesso na internet.

Fonte: G1

Fez o que se esperava dela. Estudou, formou-se e conseguiu um excelente emprego. Como boa representante das mulheres modernas, ocupou seu espaço no mercado de trabalho e nem se lembrava de que isso, noutros tempos, era o supra sumo da emancipação feminina. O sucesso no trabalho lhe permitiu ter casa e uma confortável condição financeira. Não que fosse rica, mas podia se dar alguns mimos que toda mulher adora: comprar uma bolsa nova, ir ao cabeleireiro, comprar aquele sapato super na moda. E isso tudo sem se preocupar se iria faltar grana para coisas essenciais.
O chamado da natureza, entretanto, desafiava suas conquistas materiais. Queria um homem que fosse seu. Um com quem dividisse as benesses e as pequenas agruras daquela vida pacata e sem muita emoção. Quem sabe um filho, mesmo que a idade já ameaçasse esta aventura. Não era velha nem feia, tinha lá seus predicados, mas o produto homem estava deveras escasso. Um homem com certas qualidades, bem dito, pois homem do gênero masculino até que se achava e poderiam ser úteis para coisas mais prosaicas, mas a sensibilidade e o bom senso diziam que não bastaria a funcionalidade de um garanhão, era preciso algo mais.
Pretendentes houve, mas o nível de exigência aumentou com o passar dos anos e com isto, a impaciência. Não foi falta de esforço. Participou de montes de saites de relacionamento. Chegou a pagar para profissionais casamenteiros. Nada. Quem precisa de homens? Perguntava entre irada e despeitada. Podemos fazer tudo sem eles, respondia para si mesma. E então, baixada a guarda, se pegava fantasiando com braços fortes que a envolveriam, beijos ardentes e o cheiro de homem, qualquer homem.
Eis que num desses devaneios teve a ideia revolucionária. Por que não casar-se consigo mesma? Certo, o problema principal, a falta de homem, não seria resolvida, mas teria, sem dúvida, um efeito poderoso na sua auto-estima, na sua confiança, no seu amor próprio. Era prova cabal de que homem é bicho relativo e afinal, uma mulher determinada pode fazer tudo sem eles. Que se danassem!
Fez os preparativos, convidou amigos e familiares. Ela se casaria, anunciava. Surpresa geral. Amigas ficaram com raiva por ela não ter dividido o segredo que havia conhecido alguém. Quem sabe descolavam um homenzinho também. Familiares fofocavam que casar, assim, sem conhecer a pessoa, era uma temeridade. Está desesperada, diziam. Ninguém atentou que o convite não tinha nome do noivo.
No dia da festa a curiosidade era geral, pois a esta altura haviam descoberto o pequeno detalhe: faltava um noivo. A marcha nupcial clássica ecoou no recinto. A noiva entrou. Flashes pipocavam, uma equipe captava cada imagem. Buquê, vestido branco, olhos marejados. A emoção tomou conta de todos. As mulheres comentavam o modelo do vestido, o sapato, a maquiagem, a grinalda e a decoração. Metade do mundo já sabia do inusitado autocasamento.
O que era quase insanidade, extravagância, ganhou ares de modernidade, de valor e de moda. Era uma nova revolução feminina. As mulheres já se pegavam fazendo o mesmo ato e provaram isso amontoando-se feito loucas para pegar o buquê. Dali sairia uma sortuda. Os governos desesperados, pois a se concretizar este tipo novo de formação familiar, estariam fadados ao desaparecimento. Os homens? Ah, que se casassem consigo mesmos também.