domingo, 13 de novembro de 2011

Dirigir, comer e rezar... é uma marretada


Jennifer Coll estava dirigindo em uma estrada rural, na cidade de Loveland, quando teve o carro atingido por uma marreta, que quebrou o para-brisa do carro e atingiu a motorista de 60 anos em cheio no rosto. 
Jennifer sobreviveu apenas com o rosto machucado. Para ela, foi um milagre. No momento em que seu carro foi “atropelado” pela marreta voadora, a motorista estava rezando.
Fonte: Do UOL Tabloide (Em São Paulo - 09/11/2011)

Dirigir em São Luís é um saco. Fossem apenas as péssimas condições das vias vá lá, pior ou igual a isso é a vasta fauna de antas, burros e cérebros de minhoca que sentam no lugar dos motoristas e, pasmem, conseguem tirar o carro do lugar. Não sem consequências. A eles nunca lhes foi apresentado a pequena alavanca, logo abaixo da direção que serve, entre outras coisas, para acionar as lanternas sinalizadoras. Mais ainda. Invadem faixas, andam na contramão, avançam sinais. Como pebas ensandecidos, cavam qualquer brecha e enfiam o carro lá, pra cima de você que, tentando ser civilizado, ocupa seu justo lugar à espera de que o trânsito ande.
Mas não se tem notícia de que um motorista tenha sido atropelado por uma marreta. Você leu corretamente. Aquele treco com que trabalham denodados peões para demolir coisas ou cravar estacas onde se lhes mandam. A simpática Jennifer viajava tranquilamente por uma boa estrada americana quando BUM. Uma marreta atravessou o parabrisa e acertou no meio do seu frontispício.
Conseguiu parar o carro e pedir ajuda. Foi socorrida por um atônito transeunte que só a custo acreditou na história porque jazia no bando do carona a marreta assassina que, como se vida tivesse, voou por aí e, sem brevê, sapecou-se na pobre mulher.
A autoridade policial queria porque queria saber se a digna senhora teria algum inimigo. O suspeito natural seria algum pedreiro mal pago ou com quem tivesse dívida. Mas dona Jennifer negou e eis a surpresa. Não tem inimigos. Leva vida simples e frugal. Mulher religiosa e boa vizinha. Quem teria interesse em matá-la de forma tão inusitada? Ninguém, por suposto. Porém, em meio ao relato, dona Jennifer diz que na hora do acontecido estava rezando.
O experiente policial de Loveland sacou na hora que aí estava a charada de todo o imbróglio. Sim, porque homem destemido e dedicado à sua profissão não deixaria acontecer uma coisa tão relevante em sua cidade sem que esclarecesse tudo, tintim por tintim.
Quis saber sobre o que rezava dona Jennifer. Ela retrucou que sobre nada, apenas rezava. Quantas vezes a senhora reza por dia? Quis saber. Não sei, toda hora, até dirigindo. Está explicado. A única forma de uma marreta voar e atropelar a senhora é um ato divino. Pois, como se sabe, ela violou a lei da gravidade. É um milagre, disse dona Jennifer. Deus estava comigo e me salvou.
É aí que senhora se engana. A senhora ignorou que a paciência divina também tem limite. Permita-me adverti-la, o Senhor não estava num bom dia certamente e justo por perturbá-lo dia e noite, ele como que deixou escapulir a marreta. Não para matá-la evidentemente, afinal ele controlou a intensidade, a velocidade e, como pode tudo, subverteu as leis da física, apenas para alertá-la que hoje não era um bom dia para ladainhas. A senhora não tem amigos ou parentes com quem conversar?
O senhor está louco. Onde já se viu falar uma heresia dessas sobre o Senhor? A paciência DEle é infinita, se o senhor quer saber. Eu sempre converso com Ele quando dirijo. Taí a explicação de suas multas, retorquiu o policial. Dona Jennifer, não vamos ficar aqui discutindo o que o Senhor acha ou deixa de achar, a prova está na sua cara e me desculpe, mas penso que o Senhor até se divertiu com esta traquinagem e de lambuja, ainda manteve a senhora mais crente do que nunca, pois insiste em dizer que Ele a salvou.
Para um policial, o senhor está excedendo suas funções. Não preciso de conselhos sobre a paciência celestial. Tudo bem, mas só por preocupação, da próxima vez que a senhora for rezar e dirigir use um capacete e não é garantia de nada. Olha só o que aconteceu com aquele piloto brasileiro. Mas aí não teve nada a ver com o Senhor, foi o Barrichello que ainda não aprendeu a dirigir.