domingo, 25 de março de 2012

Como diria o bispo da Universal: ou dá ou desce


De calça jeans justa ou shorts, três mulheres divulgavam em Batatais (352 km de SP) um convite inusitado: visitar uma nova boate de shows e concorrer ao sorteio de uma acompanhante, "à escolha do cliente premiado".

Fonte: Folha de São Paulo (Seção Cotidiano – 15/03/2012)

Tâmara Patrícia Merlhuzzia, vulgo Estrela. Nome que adotou bem jovem quando acalentava o sonho de ser atriz da Rede Globo. Também porque odiava o nome triplo, artifício de sua mãe para encobrir o nome do pai desconhecido escrito na certidão de nascimento. Também porque acreditava que a menina nem precisaria criar um nome artístico, o próprio já serviria quando a glória chegasse.
Mas Estrela teve que sobreviver ao nome. Na escola, quando ainda não se sabia o que diabos significava bullyng, ganhou o desdenhoso apelido de TPM. Mas isso ela tirou de letra, ou a base de cabelos arrancados e unhadas em quem ousou chamá-la pelo apelido. Estrela virou um nome e uma sina a ser perseguida.
Sonho, contudo, é coisinha ensaboada, pode até estar ao que se pensa ser o alcance das mãos, mas, como miragem, se desfaz. Estrela esteve perto. Carregou durante um tempo no currículo o título de ex-bbb, acrescido ao que já trazia há algum tempo, modelo. Num período de baixa, circulou no Classificados de um jornal com o nome acrescido de Popozuda. Fez desfiles de quinta categoria, fotos para calcinhas e sutiãs de catálogos para a mulherada da classe C, uns nus em revistas de terceira linha que lhe renderam uma pequena poupança para iniciar seu próprio negócio: uma casa de acompanhantes disfarçada de boate de beira de estrada.
A boate até que andou bem, mas sabe-se lá porque as contas não estavam fechando. Era hora de mais agressividade. Promoção do produto. Toda loja faz isso. Um mês inteiro de facilidades, prêmios e sorteios. Estrela convocou as trabalhadoras para uma ação. Os produtos fariam sua propaganda, era uma forma de animar os interessados. O felizardo ganharia uma acompanhante com tudo pago.
Sainhas curtas, saltos plataformas transparente, blusinhas que mostram mas não entregam, maquiagem e bijuterias e estavam prontas para expor o material e entregar folhetos na rodovia.    
        Mas vocês sabem como é este mundinho pós quase tudo. Ongs, governo, justiça, todo mundo defende os fracos e oprimidos, mesmo que eles não queiram. Mulher até pode praticar a profissão mais velha do mundo, mas vender o produto com artifícios capitalistas e de forma pública e escancarada, isso a cambada do politicamente correto não suporta.
As velhas feministas que ardiam em prateleiras mofadas destilando sua androfobia, voltaram com tudo, como zumbis redivivas. Não deu tempo nem para o primeiro sorteio, embora um monte de senhas já tivessem sido distribuídas. Estrela, sem querer foi parar no centro das atenções, ela que agora queria discrição e bastidor, afinal, em seu negócio, quanto mais amofumbado, melhor.
Estrela foi parar no Jornal Nacional, primeira página do Jornal Pequeno, perseguida pelo batalhão de ministras da Dilma, capitaneadas pela Eleonora Meniccuci que cansou de dar porrada em homens nos bons tempos de guerrilheira tupiniquim. De nada adiantou dizer que não patrocinava a prostituição. O nome de suas meninas já dizia, acompanhantes só acompanham e com a quantidade de pobres homens desacompanhados, ela fazia um grande trabalho de cunho social.
Com as alucinadas ex-bandoleiras em seus calcanhares, acusada de ser inimiga da causa feminina e pela exploração do sexo frágil, meteram Estrela em cana e fecharam sua boate. O governo fechou um negócio próspero, desempregou as meninas e acabou com a diversão adulta de meia região. Estrela não se dá por vencida, depois deste ligeiro contratempo, já tem planos de abrir um novo negócio em Brasília, dois deputados e um senador, dos quais ela não pode declinar os nomes, serão seus sócios. Agora o negócio vai bombar.