Uma mulher que perdeu a memória após o rompimento de um aneurisma
cerebral está reaprendendo a amar seus filhos e marido. Sarah Thomson,
de Exeter, no Reino Unido, teve um coágulo de sangue no cérebro, que
estourou em novembro do ano passado e a fez passar dez dias em coma em um
hospital. Ao acordar, ela, que tem 32 anos, estava convencida de que ainda era
uma adolescente de 19 e estava em 1998!
Segundo
informações do “Daily Mail”, o coma eliminou 14 anos da vida da mulher, que não
fazia ideia de já ter se casado com Chris, de 34 anos, e ter três filhos: Michael,
14, Daniel, 5, e Amy, 4 anos.
Fonte: Site
Virgula UOL (26/09/2012)
Confesse. Quantas
vezes você quis estar no lugar desta mulher? Sim, tem um aneurisma no caminho.
Mas, fazer as sobrancelhas tem um custo de dor. Retirar aqueles pelinhos
incômodos no buço ou noutros lugares menos mostráveis e visíveis tem seu preço
em repuxões e ardores, que queimam como se fossem ferro em brasa. E compensa,
ou não? Nem se fale nos pós-operatórios de lipos e toda sorte de embelezamentos
que custam os olhos da cara e dias e dias no estaleiro.
Agora,
imagine se o AVC da inglesa virasse uma “terapia” tão segura como os emagrecedores
milagrosos vendidos pela internete e em canais pagos? Simples, minha senhora, a
gente provoca um pequeno derrame no local onde a senhora armazena as memórias e
voilá, benefícios incalculáveis que
só um bom esquecimento pode trazer. Lembra aquele namorado bonitão, mas
galinha, que lhe traiu vezes incontáveis e por quem você era arriada de morte?
Bem, a senhora não lembra mais. Nem da raiva.
A
inglesa viraria garota propaganda. Seria uma versão radical daquela mocinha do
comercial dos anos setenta do xampu Colorama. Ela, em destaque entre outras,
perguntava: “Ei, ei, você se lembra da minha voz? Continua a mesma. Mas os meus
cabelos...” A inglesa diria que nem mesmo se lembrava mais quem era, mas tinha
certeza, estava em 1998. Fechando o quadro, o dono do negócio diria: podemos
apagar quantos anos a senhora quiser. A senhora escolhe o período que quer
apagar. Entregue suas más lembranças para nós, sabemos o que fazer com
elas. Como bom vendedor e em particular,
advertiria que o que tivesse de bom naquele período também seria deletado.
Se
alguém perguntasse por um backup das memórias, o sujeito vendedor diria que
estaria desenvolvendo uma nova tecnologia de armazenagem que o cliente levaria
para casa num pen drive assim de pequenininho. Caso quisesse, poderia dar uma
olhada para remendar um pedaço de história que lhe fosse conveniente. Sempre
haveria o risco de voltarem todas as lembranças e, por evidente, a necessidade
de novo aneurisma terapêutico. Por módica quantia, por suposto. Claro, o
vendedor minimizaria todo risco. Por exemplo. Ele jamais diria: há o risco da
senhora entrar em coma. Ou a senhora pode se tornar um vegetal que baba. E
ainda: pode ser que a senhora se esqueça de um lado ou de todo o corpo que se
recusará a lhe obedecer.
Outro efeito do
aneurisma terapêutico é que sem qualquer intervenção cirúrgica adicional, a
cliente vai se sentir décadas mais jovem; se resolve apagar décadas. Quer
dizer, a sensação de juventude será concomitante ao período do esquecimento.
Bastará se olhar no espelho e ver que ali está uma jovial garotinha, pois será
assim que o cérebro a fará se enxergar.
Um truque, alguém diria, mas o que é o real? Discutiriam os filósofos e
psicólogos. Certamente não seria uma ilusão. Não seria uma alucinação. Para
aquela que vê seria real, concluiriam.
Haveria sempre o
problema de recuperar as relações meio que borradas de pessoas importantes no presente, mas que, devido o tempo de
deleção, teriam sido apagadas substancialmente. Daí que desconhecer o namorado
ou marido e filhos, seria um pequeno efeito colateral. Mas o vendedor logo
diria que haveria um suporte técnico 24 horas à disposição das clientes.
Obrigado por entrar em contato com nossa central de suporte de memória. Tecle 1
para esquecimento generalizado. Tecle 2 para recuperação de dados. Tecle 3 para
bugs e falsas memórias. Tecle 4 para repetir o menu. Claro, você não utilizaria
o suporte se o objetivo fosse esquecer estas pessoas.
Uma pessoa que estaria disposta
a pagar por este incrível serviço, deveria ser muito antenada à moda e todas as
suas últimas tendências. É preciso dizer que, acordar em finais dos anos
oitenta, faria você se vestir de um jeito um tanto bizarro, ainda que os
modistas vivam ressuscitando coisas velhas e chamando de novas leituras. Você
poderia tirar partido disso. Vender-se como alguém autêntica e que faz seu
próprio caminho, quero dizer, moda. Embora ultimamente eu tenha visto muitas
mulheres em legs de ginástica com meias três quarto (ou seriam meiões de jogador?) para fora em sol de 35
graus – uma coisa medonha – e sem o colorido dos anos oitenta.