"Sem vergonha de
usar camisinha". Este é o tema da campanha pelo Dia Internacional das
Prostitutas, lançada no último final de semana nas redes sociais pelo
Ministério da Saúde. A mobilização foi feita pelo Departamento de DST, Aids e
Hepatites Virais. O Dia das Prostitutas foi comemorado no último dia 2 de
junho.
Fonte: GazetaOnline (04/06/2013)
Fonte: GazetaOnline (04/06/2013)
Sei que em tempos de vigilância
descarada da vida alheia, câmeras bisbilhoteiras a torto e à direita, é um luxo
pedir privacidade. Esta coisa esquisita que as pessoas costumavam ter por
pudor, por respeito e por recato, mas que agora se expõe o traseiro à luz do
dia, a vida íntima nos facebooks e congêneres por um tipo de compulsão
narcisista de protagonizar, nem que seja as suas próprias vergonhas. Era assim
que se chamavam as partes pudendas antigamente.
Ter um governo que deseja se
intrometer em todos os aspectos da vida da sociedade é uma desgraça, mas
resulta um pouco da mistura desta auto-exposição – é facilíssimo postar uma
foto desabonadora de si mesmo – e da tara petista por dar conta de tudo,
especialmente o que não se pede. De repente, deparamo-nos com cartazes vendendo
a ideia de que ser prostituta é bom. Assim diz uma sorridente “senhora”. Outra,
mal ajambrada de dar dó, patrocina a seguinte frase: “Não aceitar as pessoas da
forma que elas são é uma violência”. Como assim???
Mas o Brasil é este tipo de país
minhoca, não tem pé nem cabeça. Digam-me, senhoras e senhores, no que contribui
para a diminuição das mazelas nacionais propagandear que a prostituição é algo
digno? O autor da peça publicitária disse que só queria comemorar o dia da
prostituta (02/06), também queria reforçar o uso da camisinha (??), prevenção
de dst’s e hepatites virais (!!). Que seja. Não havia umas prostitutas
melhorzinhas não?
Houve um momento que o país se
vendia – queria atrair turistas – e só mostrava bunda de mulheres lindas, quais
sereias disponíveis nas praias cariocas. Não sei o que se queria dizer, mas
certamente não tinha nada a ver com as belezas naturais do país tropical
abençoado por Deus. Seria, talvez, resquício da fantasia do Caminha,
embasbacado com as índias, depois de meses embarcado nas caravelas? De qualquer
modo, as bundas foram proibidas. Parecia que o país era um grande prostíbulo,
mas com cara meio familiar.
Ocorre-me que, estando o país
para receber milhares de turistas, talvez um efeito colateral positivo seja
dizer que nossas prostitutas são feias, mas limpinhas. Ou que, apesar de
sambadas, ainda dão conta do recado e o fazem com alegria quase carnavalesca.
Isso me faz lembrar que um inglês ligou pra polícia reclamando da mulher dama –
deu na BBC – que se descreveu como algo entre a Gisele Bündchen e a Luana
Piovani (nos bons tempos). No estacionamento, o sujeito encontrou uma Dona Bela
com aquele libidinoso olhar de peixe morto.
O homem pediu ajuda ao Procon lá
deles que, como o nosso, dá direito ao cliente devolver o produto ou ser
ressarcido quando houver, por exemplo, como foi o caso, propaganda enganosa.
Mas como devolver o trambolho e para quem? A polícia deu-lhe uma carraspana, posto
que uma mulher não era, exatamente, uma coisa, embora ela alugasse aquela parte
para diversão (paga) de qualquer um que precisasse, sem o envolvimento
requerido em relações outras. Mas a tal parte era (é), naturalmente, impossível
de ser devolvida sozinha. A mulher iria junto, logo, restava ao homem ser um
pouco menos fantasioso com o que criou na sua própria cabeça, considerando o
que pagou.
Aparentemente,
faltou ao freguês inglês, ter aumentado a dose de tequila. Como se sabe, para
um bêbado não existe mulher feia. Restou-lhe contentar-se com o mau negócio.
Por aqui, os cartazes foram terminantemente proibidos. Um baita prejuízo à boa
informação do produto nacional ao desavisado turista. Mas pelo menos, a julgar
pela idade provável das “modelos” dos cartazes, ganhariam com a experiência.