domingo, 26 de maio de 2013

Admirável mundo novo

O comercial da Lupo, protagonizado pelo craque Neymar, está dando pano para manga nas redes sociais. Os internautas sugeriram que o comercial, que está sendo veiculado na televisão, seria homofóbico. Através de uma nota oficial, a fabricante de roupas íntimas negou as acusações.
A ministra da Cultura, Marta Suplicy, afirmou nesta quarta-feira (22) que ficou assustada com a decisão judicial que suspendeu editais de incentivo a projetos voltados para a cultura negra por considerá-los racistas. Ela disse ainda estar confiante de que será possível reverter a medida judicial.
Fontes: Yahoo! Esporte Interativo (23/05/2013) e UOL, em Brasília (22/05/2013)

A vida determinada pelo politicamente correto é uma chatice só. Uma careta fora do lugar, um arroto, uma piada, um bocejo que seja e logo lhe enquadram com sugestivos epítetos – a efusivos gritos – de intolerante, preconceituoso (a) e, se ousar dizer-se religioso(a), fundamentalista da ala xiita. No Brasil, algumas categorias – sei lá como dizê-las – tornaram-se vacas sagradas das ONGs, do governo petista e de certa intelectualidade que se acha ainda mais intelectual se defender as tais categorias, seus princípios e valores.
A Ministra da Cultura Marta Suplicy aporrinhou-se com um juiz maranhense ao qual chamou de racista. Justo ela que, para estupefação dos cidadãos brasileiros, mandou o povo “relaxar e gozar” quando era ministra de outra pasta e notabilizou-se por incompetência explícita... em público. Na época, os aeroportos – como agora – andavam entupidos de passageiros sofrendo atrasos, overbooking e maus-tratos de todo jeito pelas aéreas. Olha, me faltam dados se ela estava disposta a contribuir com a receita que deu.
Mas porque chamou o juiz de racista? Ora, porque ele, que deve entender do riscado, quero dizer, das leis, suspendeu projeto da ilustre ministra que era dedicado exclusivamente aos negros e, portanto, feria uma tal de Constituição que, por sua vez, é a lei máxima da nação e prevê igualdade para todos, ainda que isso seja uma coisa meio utópica. Que se dane, pensa a Ministra. Atropelar dona Constituição é apenas um detalhe. O juiz, segundo ela, é racista porque tentou evitar exatamente um racismo às avessas.
Outro dia, Alexandre Pires – cantor que é negro – apresentou o clipe Kong em que cantava uma música de um mau gosto irretocável  (refiro-me à pobreza da letra e linha melódica). O governo petista e grupos negros alegaram que ele – repito, que é negro – reforçava estereótipos contra a população negra e de quebra, contra as mulheres. Esqueci-me de dizer que o clipe apresentava um monte de dançarinas de biquínis minúsculos ao redor de uma piscina. Dançarinas seminuas para enfeitar um clipe? Isso é um acinte à moral e aos bons costumes! Ideia degenerada de que todos beberam na fonte chamada Chacrinha, do Faustão ao Gugu.
Neymar, o jogador mascarado, é o mais novo protagonista de uma superprodução da patrulha politicamente correta. Ele que só aumenta sua conta bancária, mais com comerciais que com gols, fazia o que sabe melhor: faturar uns cobres vendendo, desta feita, meias e cuecas. Podem ver no Youtube, mas resumo para os leitores(as). Duas mulheres chegam ao balcão da loja e pedem a cueca que o Neymar usa. O próprio sai por detrás de um biombo, só de cueca, e faz tosco rebolado, enfatizando libidinosamente os movimentos pélvicos, para deleite das compradoras. Em seguida, outras duas pedem meias. Novamente, o topetudo jogador salta apenas com a roupa de baixo e de meias. Por fim, chega um sujeito marombado e pede o produto. Era para ser engraçado. Ao fundo, destaca-se o quase ator Neymar saindo de fininho, pé ante pé, negando-se a rebolar para o tal brucutu.
Ora, senhoras e senhores amantes da decência! Grupos gays se sentiram feridos em suas sensibilidades. Homofobia! Gritaram de olhos esbugalhados. A propaganda, disseram indignados, reforça o preconceito contra o amor que não ousa dizer o nome, como o disse Wilde. Eles viram, sabe-se lá como, que havia uma bazófia contra os gays. Não sei quanto o Neymar cobraria para não só dançar para o cabra, mas mesmo lhe tascar, ouso eu, um beijaço na boca para agradar este público que afinal, usa cuecas também. Usa? A pobre Lupo correu para desculpar-se e pedir o obsequioso perdão da galera gay. Devem estar com medo de ver seus produtos alvo de uma fogueira em praça pública.
Em algum canto, numa galáxia não muito distante, se ouvirá entre duas vizinhas fofoqueiras. Nem te conto. Conta logo. Sabe a fulaninha, filha daquela nossa amiga? Eu sempre achei que ela era meio estranha. Pois agora saiu do armário. É heterossexual do gênero feminino a-s-s-u-m-i-d-a! Que decepção para a família! Não é?