Durante participação no programa 'Agora é
Tarde', o conde Chiquinho Scarpa falou sobre a ideia de enterrar, no
jardim de sua casa, seu carro predileto - um Bentley Continental Flying Spur
avaliado em cerca de R$ 1,5 milhão. "Depois vou usufruir desse carro
quando morrer. Quero andar de Bentley lá em cima. Vou dar um dinheirinho para
São Pedro tomar conta e dar uma polidinha no carro", completou o conde.
Fonte: Yahoo
(20/09/2013)
De supetão,
assim, sem mais nem menos, ele bateu o pé. Queria enterrar o carro. Tivera uma
visão, um impulso místico. E o fez na televisão, para estupor dos espectadores.
Preferia seguir o instinto, a se arrepender depois. Confessou, não antes de
assegurar que não havia se drogado naquele dia, muito menos estava louco, mas a
ideia não era sua: era do carro. Este lhe segredara num dos muitos passeios que
faziam.
No primeiro
momento, sentiu-se extremamente perturbado com aquela confissão. Você quer se
suicidar? Perguntou ao Bentley que chamava de Bentinho, como o marido da
Capitu. Bentinho disse que não, lacônico. É como um suicida que não deixa um
bilhete sequer, tudo tão insolúvel, como saber se Capitu traiu ou não traiu com
o peste do Escobar.
Que fazer?
Sucumbir ao capricho de Bentinho, embora aquilo lhe custasse muita tristeza.
Bentinho foi enterrado no jardim da mansão. Funeral lindo: flores, coroas,
jornalistas a registrar o inusitado enterro. Chiquinho, em lágrimas, nada
disse. Pensou em colocar uma cruz de mármore no lugar da cova, mas Bentinho era
agnóstico, não pegava bem. Um desrespeito ao amigo de tantas jornadas.
Passado um
tempo, Chiquinho também se foi. Deixou expressamente registrado que queria ser
enterrado ao lado de Bentinho. Qual não foi sua surpresa ao deparar-se, numa
esquina de uma das muitas ruas entre o Purgatório e os arredores do céu, com
Bentinho estacionado, reluzente, tinindo de novo. Sorriram um para o outro. A
porta abriu-se como mágica para Chiquinho entrar. Esperava você para entrarmos
juntos no céu, como disse naquele programa de tv. Chiquinho ficou com duas
barrocas nas bochechas de tanto alegre.
Na entrada do
céu, um problema. Alguém havia determinado que não entraria mais ninguém de
carro. Só a pé. As ruas estavam congestionadas, um caos. O pedágio para
circular subia às alturas que nem um vida boa como o Chiquinho podia sustentar.
Aquilo era para sheiks árabes. Uma desolação, parados ali na porta de entrada.
Chiquinho ainda tentou subornar um porteiro subalterno, disse que tinha moradia
no lugar, direito a cinco vagas na garagem, etc, etc. Mas o tal nem se moveu. O
IPVA estava nas alturas e nem dava para andar tanto assim, tal a quantidade de
veículos. De fato, pareciam estar parados, mas sem estresse. Afinal, era o céu.
Uma sugestão
era: quem quisesse, poderia voltar para a terra com carro e tudo. Chiquinho
avaliou, conversou com seu amigo e aceitaram a oferta. Tudo voltou ao exato
ponto em que Chiquinho enterraria Bentinho. Este deu um buzinaço que espantou
todo mundo, como que acordados de um transe. O carro afastou-se do buraco
cantando pneu para espanto e horror dos jornalistas: o carro se autodirigia.
Passado o rebuliço, Chiquinho chamou os presentes para um regabofe na sala da
mansão e lá disse que tudo não passou de uma brincadeira. Estava entediado,
queria sair na tv. Aproveitou para dizer que se casaria de novo e que nem o
Eike faria um casamento de arromba maior. Colocou a mão na boca a conter um
risinho maroto: nem poderia agora que está pobre, né?
PS.
Chiquinho desistiu de enterrar o carro. O que começou com uma excentricidade do
conde maluco, reverteu-se para chamar a atenção para a doação de órgãos. Ele
disse que (julgado e achincalhado porque enterraria um carro de R$ 1,5 milhão)
pior é enterrar coração, fígado, rins que não se comparam em preço e não doar a
quem precisa. Eu sou doador de órgãos, você é?