segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Loves in the air


Uma mutação genética aguça o desejo sexual em camundongos fêmeas e provoca comportamentos agressivos, como a mutilação do órgão genital de machos, aponta estudo elaborado por cientistas da Universidade de Genebra e divulgado na última edição da revista "Current Biology".

Fonte: G1 (Da EFE – 05/10/2012)

Há coisas muito difíceis de explicar. E nós somos peritos em complicar ou inventar chifre na cabeça de cavalo, como dizia minha avó. Recordo que alguém sugeriu que aquele charutão que Freud carregava na boca e enfeita muitas de suas fotos, seria um símbolo fálico ou sugeria alguma tendência inconfessável. Sua resposta, imagino em tom grave, arrematou: às vezes, um charuto é só um charuto.
Comecei torto, vá lá. O que Freud faz neste texto? Nada. Lembrei assim, meio que por acaso, deste episódio. Muitas descobertas da ciência, dizem, foram aos tropeções. O cara ia para um rumo, errou, tropeçou, descobriu, simples assim. Logo, uma camundonga com um gene alterado – o cientista disse que era para estudar genética – desenvolveu uma tara descoberta por acidente. No cio, ela tornou-se uma serial killer de pênis... de ratos, por suposto.  Já estavam se encolhendo aí, não é não?
Uma sopa de letrinhas descreve o tal grupo de genes alterados na rata que, pasmem, homens, tem correspondente no gênero humano feminino. O cientista fez questão de dizer que não há qualquer reação similar em mulheres, como direi, nos momentos em que estão a fim. O mesmo cientista, contudo, recusou-se terminantemente a dar garantias. Que precisavam de mais estudos, disse, lacônico.
O espanto, dizem os estudiosos, é porque se imaginava que genes HoxD não tinham qualquer função no cérebro. Estou confuso, mas não exporei minha ignorância. Os caras alteram um gene e a rata se torna uma louca tarada. No que isso ajuda a humanidade? Deixa pra lá. Certamente é um desastre para os ratos machos. Ouvi dizer que a liga dos ratos machos já se movimenta para ir à ONU. Sei lá o que vão fazer.
O fato é que havia um baita mistério no laboratório. Pela manhã, em várias gaiolas, jaziam não mortos, mas quase, pobres machos camundongos castrados, emasculados de sua virilidade camundonguística. As fêmeas, com ar blasé, se espreguiçavam em algum canto ou bocejavam, inertes ao sofrimento de seu par. O vigia alegou que ouviu guinchos horríveis durante a noite. Fora acordado pelo barulho. Depois teve que remendar a fala. Que não acordou, apenas teve a atenção atraída ou despertada para o que julgou ser alguma rave da rataiada.
Câmeras de gravação noturna revelaram as culpadas. Cruéis, sanguinárias, sedentas por sexo, elas atacavam impiedosamente os pobres machos que, mesmo depois de horas satisfazendo às ninfomaníacas foram simplesmente atacados a dentadas. O mais revelador. Passado o cio, elas voltavam a ser boas ratas donas de casa, digo, gaiolas. Dedicadas e amorosas. Era a própria encenação de Dr. Jekill e Mr. Hide.
Soube-se depois que uma revista especializada em escândalos afirmava que o apresentador Ratinho sofrera um ataque de sua rata, digo, mulher. O  próprio gastou um programa inteiro, com a delicadeza que lhe é peculiar, a desmentir e ameaçar com processos a tal revista. Mas o desmentido pareceu exagerado, então achou-se que havia algo de estranho mesmo. Pura maldade.
Verdade mesmo é que as meninas da Femem, suas colegas vadias.com e outras duas agremiações neofeministas estão umas araras. Já, já mostrarão os peitos contra o que julgam ser uma sórdida campanha machista difamatória da feminilidade. Ainda que seja das ratas. De fato, uma das líderes afirmou que se sente constrangida e pessoalmente atingida, pois sua companheira jamais terá qualquer razão para se queixar de tamanha ignomínia. Se os homens, os ratos, digo, sofreram estes supostos ataques – elas fazem questão de enfatizar a palavra suposto – é porque são uns porcos chauvinistas. Ratos-porcos? Estou confuso.
Em plena campanha eleitoral, sugeriu-se que políticos ruins deveriam ser castrados também. Não bastava barrá-los com a ficha suja. Iniciou-se a coleta de assinaturas em várias cidades do país com o objetivo de apresentar um projeto de lei. Não se pedia a capação propriamente dita, era apenas um apelido mais radical para uma lei que pedia castração política para aqueles que não derem conta do recado.