domingo, 13 de junho de 2010

Não confunda marijuana com Maria Joana

Duas freiras foram presas na cidade de Masaka, na Uganda, por manterem uma plantação de maconha no quintal do convento onde moram.
As irmãs Nanteza e Rita foram levadas para a delegacia depois de discutirem com os policiais. Elas alegaram que os oficiais entraram no convento sem permissão prévia.

Fonte: G1, São Paulo

Nessa vida de policial se vê cada coisa que não dá pra acreditar. Eu e meu parceiro, recebemos uma notícia, denúncia anônima, suponho. O delegado disse que teríamos que dar uma batida no convento de um bairro. Segundo relatou, era coisa simples, apenas duas freiras tomam contam do lugar e havia a suspeita de que houvesse uma plantação de marijuana. Perguntei. Como é o nome do convento? Disse o delegado: Imaculada Maria Joana. Pensei cá com meus botões: tem uma confusão aí. De molecagem querem jogar com o trocadilho infame que as palavras sugerem, o que não de deixa de ser curioso, concordam?
Pensei: deve ser algum desafeto das freiras. Quem sabe os crentes, ou um vizinho ateu que não suporta o sino badalar e as ladainhas. Sei lá. Podia ser qualquer coisa dessas brigas religiosas. Afinal, pensem comigo, tem coisa pra dar mais confusão do que religião? Desde que o mundo é mundo que as pessoas se matam em nome de um santo, de um deus, de um profeta, tão aí os muçulmanso que não me deixam mentir. Mas também, aqui pra nós, com 72 virgens esperando do outro lado, num paraíso que mana leite e mel, até eu. Só nunca entendi porque setenta e duas... mas deixa pra lá.
Seguindo. Fomos incontinenti ao local da denúncia. Acionamos a campainha, batemos na porta, gritamos e nada. Meu parceiro que é muito mais afobadodo que eu, sugeriu que pulássemos o muro. Ponderei que era um lugar especial, de orações, dedicação a Deus, não dava pra entrar assim, sem mais nem menos. Ligamos para o delegado e ele ordenou expressamente que entrássemos do jeito que fosse. Soldado mandado...
O lugar era simples. Umas duas casas grandes, muitas árvores. Lugar tranquilo. No fundo, barulho de porcos. Fomos naquela direção. Quer dizer, até aí não havia nada de estranho. Ainda gritamos umas vezes mais para ver se tinha alguém. Necas. Passamos pelo chiqueiro dos porcos e ali por trás, esgueiramo-nos por um corredor, passamos pela horta e detrás de um cerca, verdes, frondosas, viçosas que só vendo, uma bela plantação de marijuana. Ficamos estupefatos. Meu parceiro danou-se a rir, fazendo mugangas como quem fumava um baseado, postava as mãos, fazia até o sinal da cruz o incréu.
O que tínhamos que fazer? Arrancar a plantação, é ilegal. Levar provas para a delegacia. Nem bem começamos o serviço, saídas não sei de que esconderijo, as freiras partiram pra cima quem nem umas guerreiras amazonas. Uma me acertou o cocoruto que até hoje tem um galo. A muito custo, conseguimos segurar as duas irmãs. Não seus maldosos, não estavam alteradas, quer dizer, eu acho que não. Ainda bateram boca porque invadimos a propriedade. Alegaram que fomos atacados porque pensavam que eram ladrões que queriam roubar seus porcos.
Pedimos explicações energicamente. Se não déssemos uma de macho, aquelas duas... sei não. A mais falante disse que aquilo era erva sagrada para fazer chá. Fumar, enfatizou ela, não. Indaguei que eram muitos pés e ela disse que era para a comunidade ao que foi cutucada pela outra que logo atalhou dizendo que a verdade mesmo é que tinham mudado de fé às escondidas. Eram adeptas Rastafari agora e se o bispo soubesse, as expulsaria do lugar. Se chegasse aos ouvidos do Papa, então, seriam excomungadas na certa.
 A história estava mal contada, sem dúvida. Apertamos, no bom sentido as freiras que, por fim, depois de não sei quantos cochichos, disseram que também era para alimentar os porcos. Descobriram esta serventia da marijuana por acaso. De fato, os porcos estavam muito quietos, quem sabe esta parte da história era verdade. Não é novidade, a Rita Lee também dava erva para o papagaio dela. Ainda nos asseveraram que o nome do convento não era um trocadilho, foi só uma coincidência e mesmo já era batizado com este nome antes delas plantarem a erva.
Depois de tanta conversa esquisita, minha cabeça ainda dava voltas pela cacetada, resolvemos conduzir as duas para a delegacia. O delegado Pestana sabia arrancar a verdade, sem violência gente, o homem era uma ardilosa mistura de psicólogo com mágico. Não sei como ele conseguia, acho que hipnotizava os mequetrefes que a gente prendia. De qualquer modo, até hoje tô meio desconfiado de comer carne de porco. Olha, outro dia até senti um barato estranho depois de um bom pedaço de bacon.