Há vários vídeos desse artista. Eles inquietam e nos faz imaginar que somos feitos de contradições.
Aqui falo sobre um monte coisas de meu universo de interesse. Filmes, livros, família, política, religião e psicologia. Também reproduzo textos publicados em jornais de São Luís (MA).
domingo, 16 de fevereiro de 2014
Imagens para pensar
Há vários vídeos desse artista. Eles inquietam e nos faz imaginar que somos feitos de contradições.
A fada que pariu Black Blocs
Uma planilha obtida pelo site de VEJA revela,
pela primeira vez, nomes de políticos e autoridades do Rio de Janeiro que
doaram dinheiro ao grupo Black Bloc, responsável por protagonizar cenas de depredação
e vandalismo em manifestações pelo país. A lista cita dois vereadores do
PSOL, um delegado de polícia e um juiz.
Fonte: Veja (Gabriel Castro, de Brasília, e Pâmela Oliveira, do Rio -13/02/2014)
Fonte: Veja (Gabriel Castro, de Brasília, e Pâmela Oliveira, do Rio -13/02/2014)
Ele
andava meio sumido. Muitos projetos e uma curta viagem à Europa. Em off, diz
que deu umas dicas ao Pizzolato e o acompanhou para garantir seus serviços de
turismo para fugitivos da justiça. Esclarece que ajudou ao Henrique, o Celso é
caso de mãe Diná pra frente. Com isso ele não mexe, ainda, digo. Estou falando
do meu contraparente Aristogênio, aquele com gênio no nome que, se deixar, ele
dá nó no mundo.
Encontramo-nos
por acaso e nem bem o saudei foi estripando sua mais nova ideia de negócio. Vai
fundar um Black Bloc. Eu ainda me espanto com o Ari. É franquia, disse ele. Mas
justo neste momento em que os desmiolados estão em baixa depois do assassinato
do cinegrafista Santiago Andrade? Indaguei. É, como diz meu amigo Lula, no meio
dos profissionais tem este tipo de aloprado. Nosso paraninfo é o Caetano. Com
a copa e a Olimpíada a gente vai bombar... literalmente. E se riu o infeliz,
acreditam?
Meu
camaradinha, já comecei
curso expresso com a Sininho. Acho que tô apaixonado. Aquela mulher não tem nem
tamanho de gente, mas é o diabo chupando manga e dando tchau. Uma fada do dente
demoníaca que mói o osso da sociedade.
Tu acredita que ela levanta grana até de delegado e juiz? Faz aquele
papo de excluídos, ceia dos mortos de fome, movimento dos bullyngados, frente
dos maconheiros. O negócio é inventar um monte de nome, mas é tudo Black Bloc,
sacou? A besta que contribui pode dizer que o fez para uma causa com a qual tem
identificação.
Já
na primeira aula, ela usou um vídeo do Caio, o cara do rojão. Preso, ele
aparece com cara da maior tristeza, fala bem da polícia e até atiça os meganhas
para investigar. Diz que fugiu porque estava com medo de ser morto. Cara, tu
fica com pena do miserável! A repórter enfia o microfone nas fuças dele e ele –
olha que primor de representação – responde que acendeu o rojão. A repórter
pergunta, para confirmar. E ele: eu não sabia que era rojão. Rojão? O que é um
rojão? Aquilo não era um traque? Um “cabeção de nego”? Pergunto: o que diabos é
um “cabeção de nego”? Isso dá cadeia por discriminação racial, meu amigo! É uma
bombinha, diz Ari com uma cara de menino malino. Igual a bomba de murrão. Um
pipoquinho que mal arranca um dedo mindinho.
A
aula correu. Sininho ilustra. Agora olha só o que é um Black Bloc treinado em
nossa escola, ela provoca. O co-assassino Caio aparece noutro momento. Agora
ele acusa o colega de acender. Ele continua sem saber o que é um rojão. O cara
me assanhou: vai, acende. Espoca. Mata. Detona. E aí me deu o traque aceso e eu
joguei, assim, pra ver o pipoco.
Estou
louco por esta mulher. Ela canta, sapateia, faz tricô, rege um bando de
marmanjos loucos e ganha um por fora se passando por ativista. É politicamente incorreto
dizer que é baderneiro, passeatista, protestante. Agora, a cereja do bolo,
Sininho... Aaahh! Que mulher! Desculpe. Já disse que estou apaixonado? Ela
ensina. Nosso patrono ideológico, Lênin, ensina: “Xingue-os
do que você é, acuse-os do que você faz.” Sininho aponta o dedinho
delicado de mimosa flor brejeira e clica o último vídeo. Como ela é fotogênica!
O ladinho esquerdo é o lado melhor. Enquanto a Band lamenta seu luto, seguida
dos demais meios de comunicação, ela diz com coragem das heroínas dignas de um
Pol Pot: “Também não vamos tirar a responsabilidade da Band, não só da
Band, da Band, da Globo, da Record, dessas emissoras que mandam seus
jornalistas pra uma manifestação, que sabe que vai ter bomba, que vai ter bomba
da polícia. (…) E aí depois que acontece essa tragédia, a culpa é só dos
manifestantes que estão na rua?”
Olha
que lindo! A vítima, de repente, tornou-se culpada. Essa mulher devia fundar
uma escola para advogados criminais. Não aqueles que defendem crimes bobos, mas
gente da estirpe do Delúbio, Zé Dirceu, Genoíno, meu cliente Pizzolato.
Percebam a sutileza. O morto foi quem colocou sua cabeça na direção do rojão
que, como se sabe, não tem freio. Meu camaradinha, vou pedir essa mulher em
casamento e na minha franquia, vou me chamar Sinão. Pedrinhas vai ficar no
chinelo.
Charge do Alpino publicada no
Yahoo Brasil.
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