sábado, 23 de abril de 2011

Macaco também é gente

Os desembargadores da 2ª Câmara Criminal do Rio decidiram que chimpanzé não é gente, apesar de seu DNA ser 99,4% igual ao dos humanos, segundo o relator do processo, e negaram pedido de habeas corpus a Jimmy, um chimpanzé de 27 anos.
O primata vive há cerca de 12 anos no Zoológico de Niterói. A intenção dos ambientalistas que entraram com o pedido é transferir Jimmy para um santuário em Sorocaba (99 km de SP).

Fonte: Folha de São Paulo (CRISTINA GRILLO - DO RIO)

Apenas três horas foram suficientes para o colegiado de desembargadores aniquilar com o pedido dos advogados de Jimmy. Isso depois de citar meia dúzia de prêmios nobel, filósofos e professores de bioética. Coisa de altíssimo nível, mas que a Jimmy causou sono e aborrecimento. Por deferência especial, pode assistir ao julgamento. Foi a concessão mínima a que teve direito.
A tese de seus advogados defendia direitos humanos para Jimmy, secundados aí por um monte de assinaturas e presenças de defensores da natureza, gente do greenpeace, peta e outros ongueiros. Mas a coisa toda estava quase liquidada. Sem papas na língua, um desembargador disse com crueza: chimpanzé não é gente. O advogado redarguiu. Excelência, nem com 99,4% de parecença genética com os humanos? Eles são como índios, de quem se dizia antigamente que nem alma tinham. Discriminação igual sofreram os negros, as mulheres, os gays... No dia em que eles usarem o polegar e fizer uma pinça com o indicador, eu mudo de ideia. Os míseros 0,6% dos quais o senhor desdenha e nos compara, faz muita diferença, é como estar meio grávida ou ser meio virgem.
Jimmy olhava a cena entediado enquanto o desembargador dizia que ele não era alguém. Aquilo já lhe enfadava sobremaneira que tinha, sim, lá sua própria opinião sobre si mesmo, o que o tornava alguém, pois elucubrava sobre si. Como que a tripudiar em alto nível do advogado, que a esta altura perdera completamente o ânimo, disse ainda um dos juízes. Bobbio diz que mesmo que a evolução nos leve a reconhecer, vá lá , a humanidade de um chimpanzé, por enquanto obedecemos a constituição que, para sua informação, desconhece a pessoa de uma macaco, se me permite a contradição. Para ser gente, tem que ter deveres. Seu macaco paga impostos? Tem carteira de motorista, indentidade, cpf?
Aquilo foi a gota d’água para Jimmy que até ali assistira impassível ao tripúdio que se fazia de sua pessoa. Olha aqui! Ei! Platéia, juízes e advogados, meio atordoados, procuravam saber de onde vinha aquele chamado insolente e despropositado. Ninguém olhou para a gaiola onde Jimmy fora esquecido durante o debate. Horrorizados e estupefatos, perceberam por fim que Jimmy falava. A balbúrdia se instalou. Pedia-se calma e silêncio. O presidente ameaçava expulsar todos, prender, o diabo a quatro. Percebendo que conseguira a atenção dos presentes, Jimmy continuou.
Dirigindo-se ao advogado, demitiu-o publicamente. Você é incompetente. Seus argumentos nunca me tirarão da prisão. Que história é essa de discriminação, parece debilóide, eu hein! Alguém tem um cigarro aí? Minhas ideias ficam mais claras depois de umas boas baforadas. Não se permite o fumo dentro do tribunal, disse um juiz empertigado. Que seja. Isso tudo aqui já me encheu. Não tenho documentos porque sou anarquista, graças a Deus!
Alguém já leu Thoreau? Uma frase dele é minha máxima de vida: “É preferível cultivar o respeito do bem que o respeito pela lei.” Sou praticante da desobediência civil por isso não pago impostos. Vocês desperdiçam impostos com este falatório. Os políticos os roubam descaradamente e quando fazem alguma coisa, nada mais que a obrigação, vendem a nós como se fosse uma dádiva. Uma cambada de patifórios!
O senhor, quero dizer... Volta-se aos companheiros. Como chamá-lo? Os outros dão de ombros. Jimmy ria do desconcerto do homem. Chame do que quiser senhor juiz, mas cuidado, processo-o caso ofenda minha dignidade. Não me ameace seu, seu... chimpanzé! O senhor dizia. Não sei que diga. Você está preso e continuará assim. Você é só um macaco. 
Interpelá-lo-ei agora. O senhor é um ignorante, exijo sair daqui com deferimento de uma liminar com base no periculum in mora e no fummus bonis iuris. Como assim só um macaco? Vejam os senhores que falo. Que fiz eu para sofrer prisão sem julgamento? Rotulando-me, os senhores me diminuem. Macaco também é gente. Pego a frase de empréstimo, embora, originalmente, ela tenham sido dita por um burro e dirigida a um cachorro, com quem não me comparo, mas estes andam soltos por aí. Até no colo de suas mulheres que não tem o que fazer.  Ver-no-emos no Supremo.

terça-feira, 19 de abril de 2011

“O que eu gostaria de ter que o dinheiro não compra’’

De: Yáron Alencar, 9 (filho de Eudes Alencar)

Eu gostaria de ter amizade,amor,carinho e muito mais coisas só que eu não penso que o dinheiro faz tudo,mas existem várias pessoas que pensam que o dinheiro move o mundo,que ele compra tudo mas depois com a experiência de vida essa pessoa percebe que o dinheiro só pode comprar mas não conseguir emoções genuínas. 

domingo, 17 de abril de 2011

Só é feio quem quer

O CAP (Comitê de Prática de Propaganda) do Reino Unido, lançou na última semana uma nota de orientação para todo o setor de cosméticos, ajudando-os a criar suas campanhas de beleza sem confundir ou enganar os consumidores. 
Não haverá lei imposta, mas a recomendação é que as empresas de publicidade sigam estas orientações e revejam o uso da pré e pós produção nas fotos de propaganda.  

Fonte: UOL Blogosfera

O Brasil, dizem, é um dos países em que as pessoas mais valorizam o aspecto estético do corpo. Pudera. País tropical e ainda andamos quase nus como no tempo do descobrimento. Deve ter sido difícil assistir a uma missa com a indinhada com as vergonhas expostas, como disse Caminha. Quer dizer, com tudo quase à mostra, tem que enfeitar (ou disfarçar) de alguma forma, né não? Botar pena, só no carnaval, no restante do ano fica estranho, então é por um creme, blush e botox que congela qualquer coisa, inclusive, pasmem senhoras, aquelas bundas momescas que por mais que rebole nem chegam a tremer.
Também dizem que somos vice-campeões em cirurgias estéticas, taí a Ângela Burlamarqui que não nos deixa mentir, pois original dela mesma sobrou só parte do nome de nascença. O vice campeonato não é de admirar, afinal, atrizes, apresentadores, políticos – estes merecem uma abordagem à parte – e a patuléia que compra tudo da Jequiti, por excessiva exposição da face, se aventuram a dar retoques aqui e ali, às vezes acolá, lá e mais além, para parecerem mais jovens saudáveis e outros etc de não-sei-que-diga.
Digo que os políticos merecem um tratamento particular, porque nem sempre se trata de estética e vaidade o motivo pelo qual lançam mão de uns retoques. A maioria usa material menos sofisticado, mas de eficácia comprovada ao longo de anos. Pergunte à sua mãe ou avó como é que elas cuidaram dos móveis por gerações. Claro, agora se encontra o tal óleo em spray e outras formulações modernas, igualmente úteis naquelas horas em que o político promete céus e terra ou nega de pés juntos que aquele lá na filmagem não é ele em absoluto, ou era ele mesmo, mas recebia pagamento justo e acertado em negócios honestos com gente igualmente honesta.
Mas, perco-me em divagações. Voltarei aos políticos adiante. Falo agora de Ritinha, que anda indignada porque o cabelo, a pele, os cílios deveriam estar iguaizinhos aos da Gisele Bündchen e, no entanto, o cabelo continua a bucha de sempre, os cílios até caíram metade depois do rímel da propaganda e a pele parece tão seca que faz barulho quando uma parte roça a outra.
Ritinha não sai de casa sem um batonzinho, mesmo que seja para ir na quitanda de seu Nicolau. Eu me cuido, meu filho, diz faceira para Mundicão quando ele reclama. Quando a propaganda sai na televisão, ela corre para ver e comparar com resultado de litros de xampu comprados com o que economiza a duras penas. Mas a cada “rebanada” que a Gisele dá com aquela cabeleira, que chega até a sair faísca de tanto brilho, é como uma facada em Ritinha e olha que ela balança a cabeça mais que a Joelma do Calypso.
Outro dia se pegou piscando diante do espelho que nem a “esquila” da Era do Gelo. Era pra testar o volume, a delicadeza e a sensualidade dos cílios compridos que o rímel prometia. Antes que se convencesse de alguma coisa, Mundicão lascou: deixa eu soprar pra tirar o cisco dos teu zói. Matou Ritinha. Ela esta encucada porque o resultado da tv não acontece com ela. Agora ela decidiu. Vai denunciar a “biutiful body” ao procom. Ritinha não conhece fotoshop nem adivinha que a cambada da publicidade faz miséria na pós-produção das imagens.
Outro dia, Ritinha apareceu em casa com os lábios inchados. Mundicão, que não perde a oportunidade de fustigá-la, perguntou se tinha sido picada por maribondo e ela, revoltada, disse que pôs silicone para dar volume. Não dá nem pra dizer com que a boca da Ritinha está parecida, com aquele bico só dá pra pensar maldade.
Então, minha amiga, não adianta se enganar. Aquele cabelo de seda não vai aparecer em sua cabeça, nem por milagre, daquele xampu e daquele creme rinse. O pés de galinha só com reboco de construção, porque aquele creme revolucionário só funciona na tv. E o corpinho 38 depois de usar o body-qualquer-coisa, nem em sonho. Se não for na faca, você continuará com aquela barriga tribufu. É assim. A vida é mais dura do que parece.
Isso só funciona mesmo – volto aos políticos – com as raposas da política nacional. Isso porque os bichos são quase mutantes de tantas caras que usam. Sem contar cabelos e bigodes de cores inacreditáveis. Alguns, para se descobrir a cor original, só se fizer teste genético ou exumação.
Assim que, prezados leitores metrossexuais e leitoras desesperadas, não caiam na esparrela do teste do “antes e depois”. Aquele aparelho cheio de marmotagem com tecnologia da Nasa nunca lhe dará a barriga tanquinho nem o peitoral daquele modelo. Aqui pra nós, ele também botou peito. E você,  querida leitora, que já não sabe mais a cor dos próprios cabelos, não se engane com aquelas mulatas com nádegas, peitos, panturrilhas e outros que tais inacreditáveis, é tudo plástico e o cabelo foi comprado em algum mercadinho do ramo.
Este é mais um serviço público de informação desta coluna.