Sempre me quedo abismado com os números astronômicos. Refiro-me ao espaço sideral e não à conotação da palavra “astronômico”, especialmente quando nos referimos, por exemplo, a atual crise econômica mundial, aos desvios de dinheiro pelos políticos no Brasil em tempos de pt.
Primeiro que é necessário um exercício hercúleo para encaixar distâncias, magnitudes, idades de estrelas, quase sempre medidas na casa dos bilhões de anos, isto porque, segundo se diz, o universo conhecido tem por volta de 13 bilhões de anos e uns quebrados.
E lá estou às voltas com um número recém-saído do forno das auscultações celestiais. No encontro anual da Associação Americana para o Progresso da Ciência, ocorrido este mês em Chicago, o senhor Alan Boss, do Carnegie Institution of Science, de Washington, disse que a Via Láctea tem pelo menos 100 bilhões de planetas. Detalhe, semelhantes a terra e nos quais ele quase jura que em boa parte tem algum tipo de vida simples.
As pesquisas atuais à cata de exoplanetas está ainda na modesta casa dos 300 e poucos, a maioria dos quais são “gigantes gasosos” – resisto aqui à tentação do duplo sentido – como nosso vizinho (?) Júpiter que está a meros 588 milhões de quilômetros de nosso ponto azul, algo como ali na cozinha, considerando as distâncias no espaço.
O que se me coloca a seguinte questão. Como é que o cidadão acima mencionado sabe que existem tantos planetas na Via Láctea? Sei, pergunta de ignorante. Mas é que dizem que nós não temos tecnologia para encontrar planetas menores, daí porque a maioria dos que foram encontrados são gigantes a la Júpiter. Enfim, o sujeito deve saber o que diz.
O fato é que nossa galáxia, entre bilhões de outras, e ela não é das grandes, seria apenas mediana, é um estupor de enormidade, por isso dou o benefício da dúvida ao número do Mrs Alan. Para começar, a Via Láctea tem um diâmetro de 100.000 anos-luz. Por aí, pois há quem diga que em alguns trechos ela passa de mais 50.000 anos-luz de raio. Só para situar, um ano-luz equivale a 9,5 trilhões de quilômetros.
Eu que sou um cético com relação a extraterrestres, confesso meu bestial não-sei-que-pensar sobre o tema. Agarro-me à minha dúvida, embora os números me esbofeteiem com gritantes sugestões e suspeitas que, de repente, é possivel...
Diante de números tão descomunais, nem precisamos sair do nosso sistema solar, dá um tipo de solidão cósmica difícil de ser acompanhada. Por outro lado, sabendo estas dimensões por algum tipo de curiosidade mórbida, basta uma noite mais estrelada e lá se vem a inquietação que os danados dos números provocam.
Em 1961, Frank Drake, astrônomo do SETI (Busca por vida Extraterrestre) que realiza as buscas por meio de sinais de rádio, criou uma equação simples que, argumenta, pode dar uma base bastante razoável de que existem mais que proto-bactérias em alguns planetas na nossa galáxia.
A expressão é a seguinte:
N = E x P x S x V x I x T x C
Onde:
§ N é o número de civilizações comunicantes em nossa galáxia;
§ E é o número de estrelas que se formam por ano na nossa galáxia;
§ P é a fração, dentre as estrelas formadas, que possui sistema planetário;
§ S é o número de planetas com condições de desenvolver vida por sistema planetário;
§ V é a fração desses planetas que de fato desenvolve vida;
§ I é a fração, dentre os planetas que desenvolvem vida, que chega a vida inteligente;
§ T é a fração, dentre os planetas que chegam a vida inteligente, que desenvolve tecnologia
§ C é a duração média, em anos, de uma civilização inteligente.
Noves fora os muitos chutes que a equação apresenta, o resultado é uma quantidade gigantesca: 1 milhão de planetas, somente na Via Láctea, tem civilizações inteligentes e capazes de se comunicar.
Já os cálculos mais recentes, feitos por Duncan Forgan, um astrofísico da Universidade de Edimburgo, na Escócia, diz que há “apenas” 40 mil planetas com civilizações, sendo que 361 seriam na Via Láctea e os demais fora dela. De onde estes sujeitos tiram estes números? Sei lá. E eles não são os únicos. Dependendo do que consideram, existem dados mais conservadores e outros delirantes. Você escolhe.
Sim, e eu quem sou? Um universo entre mais de 6 bilhões de outros. Dá para acreditar?
VIram a legenda da foto? Pois mais ou menos por ali naquelas bibocas estamos nós. A terra não, o sistema solar inteiro. A legenda, de fato, é só mania de grandeza, não passamos de um pontinho de nada.