sábado, 28 de fevereiro de 2009

Pensar devassado


Qual o lugar mais íntimo de um ser humano? Há alguns anos, durante uma aula de psicologia, minha velha professora vibrava com a maravilha que é o pensar, articular idéias, criar, imaginar. Ela falava desta intimidade que uma pessoa pode ter consigo mesma e dizia em tom maroto: tem coisa mais incrível do que pensar o que quiser de uma pessoa e ela e nem sonho pode perceber?

Não sei se minha professora ainda vive, mas certamente estaria agora muito surpresa com uma nova invenção. Por meio da conhecida ressonância magnética e programas de computador, é possível descobrir no que se pensa. O equipamento lê a mente e reproduz em forma de imagens o que foi pensado. É absolutamente espantoso.

Nos primeiros testes, era necessário treinar o cérebro com imagens para que o aparelho identificasse, portanto havia uma base conhecida antes, agora não é necessário. Sem base prévia pode ser identificada a imagem pensada. O próximo passo será reproduzir o pensamento sem que o indivíduo veja qualquer coisa, simplesmente extrair o pensar.

Imagine no que isso pode dar. Os próprios pesquisadores reconhecem as implicações éticas desta questão. Vai chegar o dia em que alguém estará em algum lugar e ao lado dele, com um aparelho numa pasta ou disfarçado, estará lendo seus pensamentos. Sonhos serão roubados, planos, segredos.

E a propaganda que já manipula de muitas formas e induz aos mais incautos a comprar por técnicas sofisticadas, subliminares? Diante dessa serão coisa de criança. Eles poderão implantar um desejo, a imagem de um produto. Será que se poderá criar lembranças de uma vida que a pessoa não viveu? Talvez retirá-las quando forem excessivamente dolorosas.

Possivelmente será inventado um bloqueador deste scanner da mente, mas não se pode ter qualquer ilusão de que ele será usado para realizar as coisas mais terríveis ou não seríamos os mesmos humanos que denotamos Little Boy e Fat Man sobre Hiroshima e Nagasaki em 1945.

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