Um encontro casual em uma rua de Jerusalém há dois anos mudou a vida do árabe-israelense Sabbar Kashur, de 30 anos. Ele fazia entregas num mercado quando uma mulher judia puxou conversa. O rapaz se apresentou como “Dudu” – diminutivo de Daniel entre os israelenses –, e não mencionou que era casado e pai de dois filhos. Os dois foram para um quarto de um hotel nas redondezas e fizeram sexo. Depois, a mulher descobriu sua origem árabe e o denunciou à polícia, alegando ter sido estuprada.
Fonte: Revista Veja
Chuva com sol, diziam os mais velhos, é quando acontece o casamento da raposa com o galo. Talvez quisessem aludir ao impossível, pois as raposas costumam comer os galináceos, no sentido alimentar do termo, sejam eles galos ou galinhas.
O ditado nos coloca numa situação um tanto embaraçosa, pois se dizemos galo, sabe-se exatamente de quem se fala, já raposa, sendo um substantivo epiceno, pede que se explique que o tal galo estaria se casando com uma raposa fêmea. Isso naqueles tempos, hoje, com poucos muxoxos contrários, ninguém se importaria muito com o que faria este galo de sua vida, vá lá, sexual.
Fadul acalentara por anos uma fantasia. Mas atendendo ao que se esperava de um jovem palestino-israelense, casou-se, teve dois filhos com uma moça de sua etnia. Assim mesmo, vira e mexe, pegava-se entretido em devaneios sexuais com suas inimigas infiéis, as meninas judias. Ele aprendera assim desde o jardim de infância. Aos judeus se deve ódio mortal, pois foi assim desde sempre e assim deveria continuar.
Naquela época, nem o ódio nem o amor faziam qualquer sentido, no que diz respeito aos judeus. Ouvia coisas terríveis que eles faziam, mas não atinava, não entendia. A adolescência, porém, mesmo tendo sido participante ativo de uma intinfada, era perturbado por aquela atração irresistível por aquelas meninas que representavam tudo que ele deveria não só ignorar, mas evitar sob todas as formas. Afinal, uma relação herética dessas era mais que uma decepção familiar, a capitulação da honra e dignidade étnica, era crime de lesa-pátria.
Sabia que estes mesmos sentimentos eram cultuados pelo outro lado desta birra, diria Lula, ou deste conflito político-étnico-religioso, mas quem disse que conseguia esquecer aquela obsessão? Muitas vezes clamou a Alá que o livrasse e nada.
Eis que um dia, fazia uma simples entrega e por momento cruzou o olhar com uma nem tão bonita balzaquiana judia que fazia compras. Ela sorriu, simpática. Nele explodiu tudo que havia reprimido durante anos. Como que possuído pelo espírito de Dom Juan, engatou uma conversa qualquer. Passou-se por judeu. Ele se passaria pelo que fosse. Engoliu em seco até piada xenófoba. Valia o sacrifício.
Mal espantou-se e os dois seguiam, no carro dela, para um hotel nas redondezas. Ali, como se fosse o paraíso muçulmano, aquela mulher encarnou as setenta e tantas virgens e se entregaram ao prazer com sofreguidão. Depois partiram cada qual para seu lado.
Raio cai no mesmo lugar? Se cai não sei, mas furacão pode ser o ato seguinte a um raio. Sabe-se lá como, a mulher que realizou seu sonho, sentiu-se traída. Sofreu uma sedução terrorista, sem dúvida. Não senhores, não foi porque ela descobriu que Fadul era casado, mas porque passou-se pelo que não era, mentiu descaradamente, como é que ela poderia continuar com aquela relação com um judeu que não era judeu?denunciou-o. O juiz sentenciou-o a dezoito meses de prisão por atentado à donzelice usando de artifício facinoroso, diria Odorico Paraguaçu.