quarta-feira, 16 de novembro de 2016

A quarta revolução industrial mudará a humanidade como conhecemos?

Quando olhamos os vários projetos em andamento de carros autônomos, de veículos de passeio a caminhões de carga, temos aí um minúsculo vislumbre de uma revolução que caminha célere, mas para a maioria das pessoas leigas, mal se pode divisar seu alcance. O mesmo está acontecendo com drones que são capazes de sair de sua base, realizar uma entrega e retornar ao ponto de partida. A Amazon testa um sistema próprio. Os Correios da Suiça realizam algo parecido.
Se somarmos a onipresente rede mundial de computadores, à inteligência artificial e à internete das coisas, podemos começar a perceber que o mundo tal qual o conhecemos está prestes a dar uma virada, sofrer uma mudança de paradigma que colocará em cheque o próprio entendimento do que é indústria, emprego, relações de trabalho e, consequentemente, as relações humanas.
Está em curso, agora mesmo, a revolução industrial 4.0. Se você imagina que isso diz respeito apenas ao mundo da economia global e que nada tem com sua vida, está enganado. Um comercial até certo ponto discreto do Banco do Brasil, não que outros bancos não estejam fazendo o mesmo, dá uma ideia do que falo. Dentro em pouco, as agências físicas serão mera lembrança. Milhares de empregos – fala-se em quinze mil – serão ejetados e não há o que fazer a respeito.
Entre os países desenvolvidos, espera-se que a quarta revolução industrial dizime com cinco milhões de empregos. Assim como centenas de profissões desapareceram na esteira dos avanços anteriores. Não há retorno. A diferença em relação às mudanças anteriores, alertam os estudiosos, é a velocidade e a abrangência com que esta nova revolução acontece.
Uma faculdade patrocinada por Xavier Niel, empresário milionário do setor de tecnologia, a universidade 42 – este é o seu nome, pois é o número da resposta ao sentido da vida do clássico O Guia do Mochileiro das Galáxias –, está ativa na França e EUA e vem chamando atenção. Não há professores, nem livros e é gratuita. Para esta próxima temporada receberá mil alunos. Ela ainda está circunscrita ao mundo da informática, mas chegará, pode apostar, nas demais áreas.
Este mundo maravilhoso para alguns ou assustador para outros, exigirá transformações em nossas formas de comprar, vender, trabalhar e construir a sociedade que conhecemos. A questão é: estamos preparados para a velocidade de lebre, enquanto nossos sistemas cognitivos-emocionais, culturais e relacionais andam a passo de tartaruga? Ser disruptivo é o padrão que está sendo imposto às pessoas, mas podemos sê-
Fala-se em “darwinismo tecnológico” nessa nova era. Quer dizer, quem não for capaz de acompanhar, será descartado. Noutras palavras: não terá acesso às “maravilhas” desse mundo novo. Mas o que é mesmo ser descartado ou se inserir nesta nova realidade? Não se sabe ainda. A utopia sugere que se energias limpas, drones, robôs, impressoras ou fábricas inteligentes, farão todo o serviço, o que faremos nós?
Como dizem os americanos: There is no free lunch. Onde há ganhadores, há perdedores. A questão, porem, é mais grave que esta simples contabilidade. Diz respeito a nossa própria identidade, e nem será necessário a construção de ciborgues mezzo humanos, mezzo máquinas, tão comuns nos filmes de ficção científica. Tem a ver com nossa humanidade mesmo e as maneiras de expressá-la. Nem será necessário chegarmos a um mundo como o Blade Runner em que esta fronteira entre máquinas e homens estará borrada.
Que doenças psíquicas nos aguardam como efeito colateral desta revolução? Que manifestações emocionais adotaremos neste processo adaptativo radical? Esta desafiadora situação criará castas sociais? Viveremos em guetos separados não por condição social, mas por uma forma de ser e falar, além de interagir uns com os outros? Precisaremos rever o que se entende agora por humanidade?