terça-feira, 10 de maio de 2011

Acabam-se relacionamentos. Preços módicos

O site dos covardes chama-se iDump4U e cobra US$ 10, US$ 25 e US$ 50 por seus serviços. Os preços referem-se, respectivamente, a ligações para realizar o término de um relacionamento “básico”, o final de um noivado e um divórcio – note que, quanto mais séria a relação, mais caro o valor cobrado. Justo.

Fonte: UOL tecnologia 04/05/2001

Nosso negócio está bombando. Ajuda muito quando um ator ou atriz famosos dizem que relacionamentos sérios estão em baixa e que o negócio é curtir. Sabe aquela música “já sei namorar”? “Eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo é meu também”? Pois bem, a coisa é por aí. Em tempos modernos não cabe mais casamento, disse a Cameron Diaz outro dia. Costumes antigos, desdenhou. Aqui para nós, no fundo, apesar de um monte de relações que teve, ninguém quis assumir a aliança e ela, claro, desdenha. Mas isso é radical demais, assim nosso negócio nem existiria.
Acontece que as pessoas continuam em busca de alguma coisa tipo “eterno enquanto dure” (ainda bem) e, teimosas ou auto-enganadas, acreditam que em algum lugar uma alma gêmea o/a espera para viverem aquele velho clichê de um final “felizes para sempre” que o cinema imortalizou. Numa praia paradisíaca, os dois correm um em direção ao outro. A câmera lenta destaca os cabelos dela ondulando acariciados pelo vento. Ele desmancha-se num sorriso encantador de propaganda de pasta de dentes. Encontram-se num abraço amável, rodopiam e finalizam com um beijo apaixonado, enquanto a imagem mostra sua silhueta contra ondas explodindo na praia de um sol de fim de tarde.
Ei, acordem suas antas!! O buraco é mais embaixo, como diria o sábio filósofo Maçaranduba. A maioria das relações acaba porque ninguém se aguenta e uma hora abusam dos cheiros, das falas, de ter que dividir seus momentos, seus gostos, o controle remoto, a cama, o banheiro, de ceder para agradar e etc, etc. Mas... tem sempre um porém. Acabar por estas razões soa muito estranho, porque estas coisas, individualizadas, parecem pequenas para destruir o sonho de amor. Mas não se enganem, são elas, senhoras e senhores, que minam o sonho da Cinderela.
A história feliz acaba sempre no encontro, ninguém se atreve a mostrar o dia a dia dos maus bofes dos dois. A intolerância e a picuinha. A mesquinharia de fazer exatamente aquilo que o outro não gosta e já pediu milhares de vezes que não fosse feito e é por isso mesmo que se repete. É ou não é? Ah, vocês não lembram. Entendo.
Eis a razão da existência da nossa empresa. Fazemos o serviço sujo para os covardes. Pelo menos é melhor do que a história daquele cara que chega de um dia de trabalho, deixa um pacote de pão sobre a mesa e diz à mulher que vai ali à esquina comprar um cigarro. Pois bem, dez anos depois a mulher ainda não sabe onde diabos ele foi comprar o tal cigarro.
O namoro vai mal das pernas? Pela bagatela de R$15,00 a gente despacha o/a desafortunado/a para você. Por telefone, esqueci de dizer. O noivado! Descobriu que é a maior fria em que você se meteu. Já compraram umas coisinhas juntos para o ninho de amor e até estão contribuindo, cada qual com uma parte, para pagar o cartão e o sujeito/a vem se fazendo de morto/a para sacar os cobres. Sei como é. Aconselho. Pulem fora. Custa tão somente R$25,00 a ligação. Neste caso, temos um arsenal de palavras duras que você pode escolher para, digamos, entregar ao/à desinfeliz.
Casamento é barra. Isso porque quanto mais tempo de relação, mais difícil é nosso serviço. Você não queira saber o que acontece numa ligação dessas. Se quiser, por mais modesta importância podemos enviar a gravação. Aviso, o conteúdo é forte.  Mas nós também damos um jeito. Você não faz, nós fazemos. Pode ser com requintes de crueldade ou não. Às vezes dá pena, sei como é. Diante do que enfrentamos, o preço é módico, apenas R$50,00.
Nem se preocupem, há garantia absoluta do término. Até agora nenhum de nossos clientes reatou. Nossa experiência diz que não são as palavras ditas, as razões alegadas, é o desplante de desfazer a relação por telefone e pela boca de terceiros. Isso ninguém perdoa. E aí, vai querer?