Este é um filme que quase não foi
visto no circuito blockbuster. Por razões bem claras: mostra um drama humano
com simplicidade, baixo orçamento, pouca propaganda. E também porque a massa de
assistentes prefere o Stallone com seus brucutus em Mercenários, que já está no
segundo filme ou a maloca de vampiros – o coletivo para vampiros está errado,
queria avacalhá-los – voejando nossas jugulares.
Lars (Ryan Gosling), que tem
mostrado amadurecimento e segurança crescentes em suas atuações a cada filme –
foi indicado ao Oscar deste ano por Drive e o aclamado “Tudo pelo Poder” com
Clooney – é um jovem morador de uma pacata comunidade onde todos se conhecem. Tem
um emprego e mora na garagem do irmão. Apesar de aparentar normalidade, tem uma
vida reclusa, solitária e sem qualquer outra atividade que não ir à missa aos
domingos e ao trabalho ao longo da semana.
Sua cunhada Karin (Emily
Mortimer), preocupa-se com a situação de Lars e tenta incluí-lo na vida
familiar. Ele, contudo, se mantém arredio e distante, apesar dos esforços
maternais de Karin.
Um dia Lars aparece na porta e
com um ar alegre diz que recebeu uma visita. É uma namorada chamada Bianca que
conheceu pela internete e que veio de outro país. Fosse um ET, Karin e o irmão
de Lars, Gus, ficariam contentes, pois pensam que a mudança de Lars é fruto de
seus esforços. Um jantar é preparado e logo eles e deparam com a grande
surpresa. A namorada é uma sex doll de silicone. Para Lars, é uma boa moça,
religiosa, educada num convento e que até foi missionária por um tempo.
A partir deste episódio, Lars
vive seu transtorno delirante que mudará a vida de toda comunidade. A evolução
do surto de Lars e de como o respeito, acolhimento, não julgamento da família e
da comunidade, que precisa aprender a conviver com uma situação bizarra e, por
fim, o amor por uma garota real, são os fatores da cura de Lars.
Destaco a performance de Patricia
Clarkson (Dra Berman), não propriamente pela atuação que exigiu pouco de um
atriz com muita experiência, mas pela performance da personagem na pele de uma
psicóloga sensível e atenta, que soube usar a própria situação em favor da cura
de seu paciente.