A limpeza do Senado Federal tem sido
uma prioridade no Legislativo. A Casa, presidida por Renan Calheiros, vai
gastar R$ 13,5 mil para eliminar insetos, ratos e cupins. A dedetização sairá
por R$ 8 mil, a descupinização por R$ 3,5 mil e a desratização por R$ 2,1 mil.
Fonte: Contas Abertas - Dyelle Menezes e Seção
Radar/Veja - Lauro Jardim. (08/07/2014)
Na surdina. Na moita.
Sorrateiramente. À sorrelfa. À socapa. Dissimuladamente. Com toda sonsice. Com
disfarce. A ação deveria carregar todos estes cuidados a fim de não despertar
qualquer suspeita. Aconteceria um dia antes e no dia propriamente dito do jogo
do Brasil que, sabidamente, não haveria viv’alma para, por azar, acabar sendo
um efeito colateral. O inimigo é astuto, não se pode baixar a guarda.
A comissão encarregada
gastou dias estudando estratégias. Era preciso pegá-los no contrapé, de
surpresa. Desde sempre, durante o jogo era o momento ideal, pois eles estariam
distraídos. Assistindo ao jogo, talvez, vendendo ingressos contrabandeados,
certamente, que eles não perdem oportunidade. Todo segredo era indispensável,
pois eram ardilosos como ninguém. Adivinhavam qualquer artimanha contra si.
Cheiravam qualquer matreirice contra.
A notícia que, a
princípio fora mantida nos bastidores, escapara causando ligeira confusão por
razões óbvias como qualquer leitor pode atestar. Havia ratos no Senado. Como
assim? Como entraram na insigne Câmara Alta e não foram vistos pelos inquilinos
roedores? A ameaça foi imediatamente entendida por suas excelências como um
grito de guerra, concorrência desleal. Ato contínuo, sua cabeluda excelência
presidente determinou que se fizesse sem detença uma desratização. Não era a
primeira vez, disse sua sumidade excelência-presidente. Eram resistentes.
Para que se soubesse
quem era joio e quem era, vá lá, trigo, era preciso avisar aos servidores. A
equipe fora contratada sem licitação, por suposto, devido à emergência do caso.
Aquela espécime era particularmente esperta e feroz, daí que só gente
especializada na Nasa podia acabar com aquela invasão. Drones seriam usados,
que com esta raça não se brinca. Não se podia tergiversar com tais ratazanas,
eles que, no máximo, se diziam camundongos. Um descuido, um piscar de olho e já
estariam sentadas nas boas poltronas do salão azul e aí seria difícil
diferençar os moradores dos invasores.
Nota urgente foi
expedida. Servidores: guardem objetos de valor. Esta manhã se fará mais uma
tentativa de expulsar os ratos do Senado. Saiam em direção à esplanada, à luz
do sol. Há severo risco de que parte deles se homiziem na Câmara Baixa e sabe
Deus o que vai acontecer. À tarde, durante o jogo, com a nação anestesiada, não
haverá expediente e se fará outra tentativa, caso a primeira fracasse. Todas as
dependências serão dedetizadas. Por via das dúvidas, convocou-se a polícia do
Senado para acompanhar a operação. Os meliantes, esperamos, não vão ter chance.
Ora, onde já se viu!