sábado, 5 de julho de 2014

Caça aos ratos



A limpeza do Senado Federal tem sido uma prioridade no Legislativo. A Casa, presidida por Renan Calheiros, vai gastar R$ 13,5 mil para eliminar insetos, ratos e cupins. A dedetização sairá por R$ 8 mil, a descupinização por R$ 3,5 mil e a desratização por R$ 2,1 mil.

Fonte: Contas Abertas - Dyelle Menezes e Seção Radar/Veja - Lauro Jardim. (08/07/2014)

Na surdina. Na moita. Sorrateiramente. À sorrelfa. À socapa. Dissimuladamente. Com toda sonsice. Com disfarce. A ação deveria carregar todos estes cuidados a fim de não despertar qualquer suspeita. Aconteceria um dia antes e no dia propriamente dito do jogo do Brasil que, sabidamente, não haveria viv’alma para, por azar, acabar sendo um efeito colateral. O inimigo é astuto, não se pode baixar a guarda.
A comissão encarregada gastou dias estudando estratégias. Era preciso pegá-los no contrapé, de surpresa. Desde sempre, durante o jogo era o momento ideal, pois eles estariam distraídos. Assistindo ao jogo, talvez, vendendo ingressos contrabandeados, certamente, que eles não perdem oportunidade. Todo segredo era indispensável, pois eram ardilosos como ninguém. Adivinhavam qualquer artimanha contra si. Cheiravam qualquer matreirice contra.
A notícia que, a princípio fora mantida nos bastidores, escapara causando ligeira confusão por razões óbvias como qualquer leitor pode atestar. Havia ratos no Senado. Como assim? Como entraram na insigne Câmara Alta e não foram vistos pelos inquilinos roedores? A ameaça foi imediatamente entendida por suas excelências como um grito de guerra, concorrência desleal. Ato contínuo, sua cabeluda excelência presidente determinou que se fizesse sem detença uma desratização. Não era a primeira vez, disse sua sumidade excelência-presidente. Eram resistentes.
Para que se soubesse quem era joio e quem era, vá lá, trigo, era preciso avisar aos servidores. A equipe fora contratada sem licitação, por suposto, devido à emergência do caso. Aquela espécime era particularmente esperta e feroz, daí que só gente especializada na Nasa podia acabar com aquela invasão. Drones seriam usados, que com esta raça não se brinca. Não se podia tergiversar com tais ratazanas, eles que, no máximo, se diziam camundongos. Um descuido, um piscar de olho e já estariam sentadas nas boas poltronas do salão azul e aí seria difícil diferençar os moradores dos invasores.
Nota urgente foi expedida. Servidores: guardem objetos de valor. Esta manhã se fará mais uma tentativa de expulsar os ratos do Senado. Saiam em direção à esplanada, à luz do sol. Há severo risco de que parte deles se homiziem na Câmara Baixa e sabe Deus o que vai acontecer. À tarde, durante o jogo, com a nação anestesiada, não haverá expediente e se fará outra tentativa, caso a primeira fracasse. Todas as dependências serão dedetizadas. Por via das dúvidas, convocou-se a polícia do Senado para acompanhar a operação. Os meliantes, esperamos, não vão ter chance. Ora, onde já se viu!

Nenhum comentário: