O
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, confirmou nesta sexta-feira (31),
durante a inauguração do Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na Cidade Nova, Centro do
Rio, que vai realmente vetar as caxirolas, chocalho criado pelo músico
Carlinhos Brown para a Copa do Mundo.
Fonte: G1 (31/05/2013)
A caxirola é
uma mistura do caxixi com castanhola e um quê de soco inglês. Enquanto você se
pergunta o que diabos é um caxixi, por maldade, deixarei você na ignorância
enquanto conto as últimas de meu amigo Aristogênio.
Imagino que
você, prezado leitor, já esteja a par do que seja uma caxirola. Não? Os jornais
não falaram noutra coisa. Ela seria nossa vuvuzela. Aquela trombeta de plástico
estúpida que, sabe-se lá por que razão, deu certo na copa africana. Em último
caso, ela até se prestaria para outros fins: bengala – se o usuário não fosse
tão alto –, porrete para resolver uma pequena desavença com o torcedor do time
contrário. No máximo, os agressores teriam pequenas escoriações, bem diferente
de meter um sinalizador no olho, como gostam alguns membros da fiel. Para beber
chopp e, claro, sua principal função, atormentar os ouvidos de meio mundo.
Aristogênio
teve a ideia da caxirola, embora se diga que foi o Carlinhos Brown que, se não
roubou a invenção propriamente, não foi o pai solitário e genial deste
estrupício. Pra começar, a caxirola faz pouco barulho. A função precípua de sua
criação é atazanar a audição das pessoas. Seria preciso nós e a torcida
adversária para produzir um barulho de respeito. Eles, por teima, se recusaram
a nos ajudar. Nossa torcida frustrada e fazendo jus à nossa proverbial falta de
educação, mas principalmente porque nossa seleção ameaça ser eliminada antes
das quartas de final, descobriu uma utilidade absolutamente inusitada para a
fracassada criação.
Como nos
parques de diversão, em que se tenta atirar nos patinhos no tiro ao alvo, os
camisas 12 resolveram que melhor que balançar pateticamente a porcaria de
plástico (biodegradável, dizem), era tentar acertar os pernas-de-pau da
seleção. Aristogênio diz também que esta inciativa de reciclagem utilitária da
caxirola foi dele também. Mas foi despeito. Jogou no campo por pirraça porque a
sua bruta sequer veio com as bolinhas que produziriam o som: era uma caxirola
muda.
Num jogo
entediante, o vizinho também jogou e logo todos acharam melhor tentar acertar
os jogadores do que ver a partida. Uma pena porque a caxirola, sem nenhuma
aerodinâmica, mal chegava na beirada do campo. Nem precisa dizer que nem um
jogador foi acertado. O governo, espremido entre o vexame dos estádios que não
terminam e aqueles que, terminados, se desmontam a olhos vistos, elegeu a
porcaria da caxirola como o bode expiatório de toda incompetência
insistentemente demonstrada. Sem contar que, por falta de transporte decente,
avenidas e ruas, corre-se o risco de não chegar aos estádios ou sair deles.
O tal bode é
um infeliz chocalho, mas poderia ser qualquer outra coisa. Azar do pobre. Em
nome dos mais altos padrões de segurança, a caxirola foi banida dos campos,
mesmo das peladas de várzea se é que ainda existe alguma. O governo queria
desviar a atenção e aumentou o máximo que pode o perigo da coisa. Aquilo era um
gás sarin; uma ameaça à Amazônia e à lua.
Pra terminar, o ministro da
Justiça, um gênio, encerrou o assunto com a seguinte declaração: "Houve
uma posição técnica da Secretaria de Grandes Eventos em relação à
caxirola, que entendia que do ponto de vista técnico de segurança
pública, a caxirola não seria adequada para que pudesse adentrar os estádios.
Esse estudo técnico está mantido e foi encaminhado para a
coordenação da Copa e deve ser mantido".(?????)
Milhões de caxirolas aguardam um destino. Carlinhos
chora. Aristogênio, vingado, ri enquanto balança o caxixi.