domingo, 27 de abril de 2014

Peixe morreu pela boca

Um homem que foi filmado engolindo um peixinho-dourado vivo em uma brincadeira de internet foi processado e multado em 300 libras, cerca de R$1,128.

Fonte: BBC Brasil (23/04/2014)

Vejamos como anda a humanidade. E você pensa lá com seus botões que para descobrir tal situação, o certo é olhar para grandes eventos. Catástrofes climáticas ou ambientais causadas pela ganância. Crueldades entre as pessoas. Ataques terroristas e outros que tais. Mas, desconfio, que por aí se vai ter mais do mesmo. Com cara diferente, por suposto, mas a repetição enfadonha de tudo que você viu nos livrinhos de história que estudou no ensino fundamental. E naqueles que leu por conta de sua curiosidade.
Suspeito. Vejam bem, disse que suspeito, que nestes eventos grandes não se vê o verdadeiro estado da arte dos seres humanos. Mas naquelas coisinhas que estão meio escondidas. Disfarçadas nas entrelinhas do cotidiano. Mimetizadas nas esquinas. Eis aí a fonte por excelência para a pesquisa. Conhecesse um etê, destes pequenininhos de olhos pretos e arregalados, e me fosse dito pelo tal que pretendia investigar a raça humana para sua tese de doutorado lá em seu planeta, eu diria: misture-se à turba. Ande nos becos – não das cidades brasileiras, pois as chances do pobre sofrer um latrocínio seriam grandes. Futrique nas filas de bancos e dos mercados. Dê uma espiada na internete.
Para um leve exercício prospectivo pesquisatório, suponhamos que eu seja o etê. Recomendado por um terráqueo esquisito, fui à sua internete, algo por demais atrasado, posto que nós já nos comunicamos por pensamento faz tempo e com dispositivos oled dentro do olho. Não parece cisco, não, ouviu? Vamos parar de piada. Eu não tenho o olho grande!
Então, deparo-me com a curiosa história de um indivíduo que engoliu um peixinho dourado e postou num site chamado Neknomination. Ali, amigos se desafiam a fazer coisas estranhas e o premiado deve realizar a façanha e postar. Não tem graça fazer e ninguém ver. Não descobri se o sujeito teve a ideia sozinho, ou lhe foi insuflado por algum colega espírito de porco. Sou tentado a crer que o projeto de gente não pensaria sozinho.
O bufão foi processado por uma corte. Acusavam-no de crueldade com o peixinho dourado. Não tanto o ato de engoli-lo vivo, mas o local onde foi parar e o acompanhamento, o tira-gosto, digamos. Assim resmungou a acusação. A vítima, sugigada, foi lançada num tiquinho d’água. O reles abusador lhe fez mimos, para enganá-la enquanto à sorrelfa, como o fazem tipos iguais, preparava uma bebida vulcânica: cerveja, pimenta malagueta, tequila, ovo cru e... comida de peixe!!!
Rápido como uma guilhotina, bebeu o peixe ainda se debatendo e, em seguida, tragou a bebida mortal. Perguntado pelo inusitado ingrediente – comida de peixe – disse o bocó candidamente que era para o douradinho, para que não morresse de fome dentro de seu estômago. A acusação deu um salto. Ali estava a prova da vileza do ato. Bêbado, o peixe não acertaria com a comida que não lhe foi servida adequadamente, mas dissolveu-se no ácido estomacal, este sim, fator relevante na morte do douradinho. Por asfixia, disse a promotora, com dedo em riste.
O espantalho estacou surpreso com a acusação. Deu-se conta do malefício, pois acreditava piamente que o peixe se divertira. Um veterinário, em apoio à acusação, afirmou professoral que aquilo não era ambiente salubre para o animal. Causa mortis: embriaguez, sufocamento, acidez excessiva no estômago aumentada pela pimenta – este toque mefistofélico do ato – e fome.
O juiz voltou-se para o réu, que balbuciou algo como ter realizado o ato sem pensar – uma redundância –, que sentia vergonha... De repente, levantou o dedo, como menino que pede a palavra ao professor: seu juiz, onde fica o banheiro?


PS: A pesquisa resultou inconclusiva.