Um homem que foi filmado
engolindo um peixinho-dourado vivo em uma brincadeira de internet foi
processado e multado em 300 libras, cerca de R$1,128.
Fonte: BBC Brasil (23/04/2014)
Vejamos como
anda a humanidade. E você pensa lá com seus botões que para descobrir tal
situação, o certo é olhar para grandes eventos. Catástrofes climáticas ou
ambientais causadas pela ganância. Crueldades entre as pessoas. Ataques
terroristas e outros que tais. Mas, desconfio, que por aí se vai ter mais do
mesmo. Com cara diferente, por suposto, mas a repetição enfadonha de tudo que
você viu nos livrinhos de história que estudou no ensino fundamental. E naqueles
que leu por conta de sua curiosidade.
Suspeito.
Vejam bem, disse que suspeito, que nestes eventos grandes não se vê o
verdadeiro estado da arte dos seres humanos. Mas naquelas coisinhas que estão
meio escondidas. Disfarçadas nas entrelinhas do cotidiano. Mimetizadas nas
esquinas. Eis aí a fonte por excelência para a pesquisa. Conhecesse um etê,
destes pequenininhos de olhos pretos e arregalados, e me fosse dito pelo tal
que pretendia investigar a raça humana para sua tese de doutorado lá em seu
planeta, eu diria: misture-se à turba. Ande nos becos – não das cidades
brasileiras, pois as chances do pobre sofrer um latrocínio seriam grandes.
Futrique nas filas de bancos e dos mercados. Dê uma espiada na internete.
Para um leve
exercício prospectivo pesquisatório, suponhamos que eu seja o etê. Recomendado
por um terráqueo esquisito, fui à sua internete, algo por demais atrasado, posto
que nós já nos comunicamos por pensamento faz tempo e com dispositivos oled
dentro do olho. Não parece cisco, não, ouviu? Vamos parar de piada. Eu não
tenho o olho grande!
Então,
deparo-me com a curiosa história de um indivíduo que engoliu um peixinho
dourado e postou num site chamado Neknomination. Ali, amigos se desafiam a
fazer coisas estranhas e o premiado deve realizar a façanha e postar. Não tem
graça fazer e ninguém ver. Não descobri se o sujeito teve a ideia sozinho, ou lhe
foi insuflado por algum colega espírito de porco. Sou tentado a crer que o
projeto de gente não pensaria sozinho.
O bufão foi
processado por uma corte. Acusavam-no de crueldade com o peixinho dourado. Não
tanto o ato de engoli-lo vivo, mas o local onde foi parar e o acompanhamento, o
tira-gosto, digamos. Assim resmungou a acusação. A vítima, sugigada, foi
lançada num tiquinho d’água. O reles abusador lhe fez mimos, para enganá-la
enquanto à sorrelfa, como o fazem tipos iguais, preparava uma bebida vulcânica:
cerveja, pimenta malagueta, tequila, ovo cru e... comida de peixe!!!
Rápido como
uma guilhotina, bebeu o peixe ainda se debatendo e, em seguida, tragou a bebida
mortal. Perguntado pelo inusitado ingrediente – comida de peixe – disse o bocó
candidamente que era para o douradinho, para que não morresse de fome dentro de
seu estômago. A acusação deu um salto. Ali estava a prova da vileza do ato.
Bêbado, o peixe não acertaria com a comida que não lhe foi servida
adequadamente, mas dissolveu-se no ácido estomacal, este sim, fator relevante
na morte do douradinho. Por asfixia, disse a promotora, com dedo em riste.
O espantalho
estacou surpreso com a acusação. Deu-se conta do malefício, pois acreditava piamente
que o peixe se divertira. Um veterinário, em apoio à acusação, afirmou
professoral que aquilo não era ambiente salubre para o animal. Causa mortis:
embriaguez, sufocamento, acidez excessiva no estômago aumentada pela pimenta –
este toque mefistofélico do ato – e fome.
O juiz
voltou-se para o réu, que balbuciou algo como ter realizado o ato sem pensar –
uma redundância –, que sentia vergonha... De repente, levantou o dedo, como
menino que pede a palavra ao professor: seu juiz, onde fica o banheiro?
PS: A pesquisa resultou
inconclusiva.
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