Uma mulher foi filmada retirando à força um garoto que parece ser seu
filho do tumulto nas ruas de Baltimore, nos Estados Unidos.
Fonte: BBC Brasil (28/04/2015)
As imagens
correram o mundo. Viraram meme. O garoto frazino vestido a la black bloc é
estapeado pela mãe (suponho) no meio da rua, que lhe diz ainda impropérios. Mas
circunstantes alegam que apenas perguntava frase típica dos americanos: o que
há de errado com você? E lhe mandava sair dali aos empurrões. Arrancou-lhe a
máscara e o expôs publicamente, que não teve outra coisa a fazer a não ser sair
batido para casa.
Alguém dedurou
o moleque. Ou, neste tempo de exposição maciça pelas lentes nos lugares mais
improváveis, foi denunciado por seus trejeitos no meio da multidão. A mãe
espantada: Gente, aquele ali não é o Jamal jogando pedra na polícia? A amiga do
lado coloca fogo: Jay-vonna, é o Jamal. Vai pegar este bastardo antes que a
polícia o prenda.
Jay se levanta,
calça as sandálias de salto alto e sai como uma fera com o megahair esvoaçante.
Vou partir a cara dele na frente do mundo todo. Cretino, era para estar na aula
agora. O resto é vídeo.
Nem tudo dá
para resolver desta maneira, mas me pergunto se nós fizéssemos assim com os
acanalhados políticos. Imagine Renan em plena fala cutucando a presidente por
não discursar no dia primeiro de maio – o que nos salvou de bons minutos de
aporrinhação – e, aberração, criticando a prática de distribuição de cargos no
governo, fosse puxado pela orelha por uma entidade fictícia chamada povo? Os
repórteres nada fariam além de registrar a cena. Abririam passagem para que o
tal sofresse um corretivo mais adequado numa salinha qualquer do Senado. Quem
sabe uns bons cascudos e reprimenda para que ele voltasse à sua antiga posição.
Nada de virar folha de sua canalhice costumeira. Vai dar susto assim no diabo
que o carregue. Afinal, o mundo precisa funcionar de forma normal, ou não?
E os meninos
executivos da Lava Jato? Bem esses seriam chamados em plena reunião de suas big
corporações e ali, ainda sentados na cadeira de mando seriam abordados pelo tal
povo que entrou sem cerimônia e lhe daria uma bifa pequena raspando da região
occipital, passando pela sutura sagital até quase a estrutura frontal a fim de
desmanchar o cabelo implantado ou deixar a careca vermelha. Metia-se a mão pelo
sovaco forrado pelo belo Armani bem cortado e sugigado para levantar-se ante o
olhar pasmo dos presentes e seria levado também ali na antessala para uma
descompostura. E que fazer com o Duque da Petrobras? Ah, como esse tipo só palmatória.
Cerveró no milho. Barusco e Paulo Roberto umas boas cintadas com fivela.
Aos
mensaleiros basta o ostracismo e a insignificância. Mas o que fazer com o Lula
que anda até tirando foto na esteira cercado de treze personals a nos dizer –
valha-nos Deus!! – que está tinindo de saúde para voltar em 2018? Nada de bifa
com ele, hein? Com ladinos é preciso estratégia porque eles mudam de cara a
cada dois segundos. Melhor lugar seria pegá-lo em plena reunião de seu partido.
Ali ele mostra a verdadeira cara. No primeiro rompante, o tal povo subiria no
palco, que por ele seria recebido com um sorriso – não se engane, é falso – e lhe
tascaria um beliscão no braço para descer imediatamente para voltar para o
abecê. Aluno evadido de sala de aula é bicho danado de esperto. Sua punição
seria escrever quinhentas vezes – duzentos e cinquenta para cada mão: nunca
mais digo que o mensalão não existiu. E o dedo faltante? Ele dá um jeito. Não é
concurso de caligrafia.
Então o povo,
já que subiu nas tamancas para colocar ordem na baderna, iria de ônibus até o
Planalto. Ai do serviço de segurança que quisesse impedi-lo. Iria até o quarto
andar e bateria na porta. Alguém com voz sorumbática, perguntaria: quem é? É o
povo e vem logo abrir esta porta antes que eu a derrube. Na hora que ela
abrisse a porta com cara de maus bofes dizendo que não queria falar com
ninguém, me deixa em paz! Pegaria um safanão para sentar e ficar caladinha. Vai
colocar aparelho nos dentes, sim, e vai deixar desse mau humor adolescente e de
ficar dando chilique a cada vez que valoriza seu tempo de guerrilheira
assaltante de banco que foi torturada.
Arruma tuas coisas e vamos
para aula de economia e administração. Vai trabalhar e estudar que está muito
desocupada.