sexta-feira, 24 de abril de 2009

Este burro é melhor cantor que a Madonna

Um hit musical imperdível. Um retrato acabado de um dura realidade que a desfarçatez dos políticos brasileiros teima em negar.
Vale o riso e depois, escondido, chore por esta miséria. 

Pai Nosso: modelo empresarial gospel


Pai nosso, que estais nos céus,
Comercializado seja o vosso Nome.
Venha a nós muito dinheiro.
Seja feita a nossa vontade:
Mansões na terra e um lar no céu.

O milhão nosso de cada dia, nos dai hoje.
Perdoai as nossas dívidas,
Assim como nós as cobramos dos nossos devedores.
Não nos deixeis cair em nossas armações,
Mas livrai-nos do fiscal.

Porque este reino, e este poder,
São a nossa glória para sempre.
Amém.

 Adaptação de Levi Santos (do Pavablog)

terça-feira, 21 de abril de 2009

Terceira audição


Tem gente que busca a terceira visão, como sinônimo de um estágio superior de iluminação espiritual, mas Stelios Arcadiou se dedica há mais de uma década a conseguir a terceira audição. Arcadiou, que usa o nome artístico de Stelarc, implantou uma orelha artificial no braço esquerdo. A prótese foi coberta com a pele do indivíduo e, proximamente, será dotada de microfone conectado à internet, permitindo a quem se interessar ouvir as mesmíssimas coisas que a horripilante orelha. Quem acha que a ideia é fenomenalmente idiota e que ninguém vai entrar nessa desconhece a natureza humana e as coisas estranhas que a internet traz à tona. A orelha e seus acompanhamentos fazem parte de um projeto artístico desenvolvido por Arcadiou, greco-cipriota naturalizado australiano, 62 anos, que na semana passada apresentou a obra ao vivo numa feira de ciências em Edimburgo e, em vídeo, numa galeria em Nova York. Tudo na maior seriedade. Arcadiou é professor numa universidade conhecida de Londres, a Brunel, e já foi pesquisador de outra escola tradicional, em Nottingham – sim, é o mesmo lugar onde Robin Hood roubava dos ricos para dar aos pobres, o que talvez não seja muito diferente do que o artista performático faz, ainda que em benefício próprio. Ele demorou doze anos para conseguir médicos – e patrocínio, claro – dispostos ao implante artístico. O primeiro não deu certo e provocou necrose. O microfone original também causou infecção. Agora, com a orelha assentada, Arcadiou quer aperfeiçoá-la com um lóbulo de células-tronco. Ah, sim, os médicos que fizeram a coisa são de Los Angeles. A operação foi filmada e os doutores Hollywood adoraram.
Revista Veja

As lembranças más podem ativar a esperança


A notícia é assombrosa, como muitas outras que cada dia são apresentadas nas mais diversas áreas científicas. O neurocientista Yadin Dudai, do Instituto Weiszmann, em Israel, pesquisou uma proteína cerebral chamada PMKzeta, cujas moléculas tem papel preponderante na fixação das memórias. A partir dela, desenvolveu uma substância, nomeada ZIP, que tem a capacidade de apagar as memórias. A experiência com ratos foi um sucesso.

Logo, artigos entusiasmados – correram mundo antevendo a possibilidade da utilização das duas substâncias, seja para aumentar a capacidade do registro das memórias – imagine isso no aprendizado – ou para esquecê-las. Nesta última aplicação reside o problema. Para além das dificuldades naturais de uma pesquisa tão complexa, a mais grave é que o ZIP não é seletivo. Ele, por bem dizer, formata o disco rígido cerebral inteiro. Mas quem pode duvidar que daqui algum tempo não será aperfeiçoado para identificar exatamente aquela má lembrança, que mesmo passados muitos anos, como águas revoltas, ainda movem o moinho da angústia e do medo?

Dois articulistas da Folha, o psicanalista Contardo Caligaris e a neurocientista Suzana Herculano-Houzel, vêem com reservas esta borracha no cérebro. As razões não se referem à dificuldade atual da aplicação do ZIP, mas a fatores mais, pode-se dizer, humanos. As memórias de uma pessoa, boas e más, constituem nossa história pessoal, são os que nos diferenciam uns dos outros e fazem a riqueza do infinito particular de cada um.

Apagar as memórias – suponhamos apenas as más – é deletar parte do que se é, pois não há dúvida que elas também nos moldam e está ao nosso alcance um meio de trabalhar aquelas que se tornaram um fardo muito difícil de carregar. As terapias psicológicas têm nelas, na maior parte das vezes, seu barro de trabalho. É o que se chama de ressignificação, que nada mais é que lançar um novo olhar – de frente – para a lembrança e transformá-la num tijolo componente do edifício e não mais o entulho que ocupa espaço desnecessário e não ajuda na estética nem na funcionalidade da casa.

Quantas memórias você carrega, que somente lembrar lhe percorre um calafrio pela espinha ou uma revolução no estômago e você rapidamente trata de esquecer e ocupar sua mente com outra coisa? Cada um de nós deve ter as suas. Uma boa parte de nós consegue conviver com isso, para outros é muito sofrido, a tal ponto de se chegar a pensar num apagão definitivo, a morte. Entretanto, esquecer não é possível, exceto por uma demência precoce. Resta-nos lembrar da forma correta.

Uma passada pelos profetas, salmos, as palavras de Jesus, não raro leremos: lembrai-vos... não esqueçam... rememorem... em memória de. São palavras e locuções que tem o propósito óbvio de trazer à lembrança fatos importantes que não podem ser esquecidos, sob pena daqueles a quem estas palavras eram ditas fracassarem ou se afastarem de valores importantes. Isto vale para o mundo particular no plano terapêutico/espiritual agora.

Claro, isto é válido depois do confronto com sua história pessoal, a atitude de enfrentar no momento a lembrança negativa e lutar com ela e sofrê-la outra vez, mas não mais no papel de vítima, um joguete nas mãos de quem lhe causou mal, mas como alguém que quer se reconciliar consigo mesmo, isto no plano terapêutico. Mas é exatamente isso que faz o encontro com Jesus. E afirmo, numa dimensão que chega aos seus níveis atômicos. No processo, se enfrentam as trevas pessoais em direção à luz que dele emana. DEle um se reconhece perdido, desgarrado. NEle um se vê tal como é e acreditem, nenhum de nós sai bem na foto. Não existe um que tenha um bom ângulo. Nem seu sorriso mais encantador o fará parecer melhor. Não porque ele nos condene e não tem coisa mais feia que cara de réu, mas porque antes dele, estamos todos desconstruídos, parecemos uma imagem cubista

O encontro promove o reconhecimento de valores e de uma lei primordial que foram quebrados: deixou-se de ser parecido com ele, perdeu-se a originalidade para ser este simulacro de ser, eivado de toda sorte de arranjo para funcionar. Neste sentido, somos todos gambiarras ambulantes.

Alumbrados e em temor, pedimos perdão. No quê O magoamos? Agredimos sua santidade com nossa prática do mal. Ferimos seu amor com nosso desamor e violência. Nós lhes demos as costas. Neste encontro único, engolfados em emoções e a mente que alcança sua plena lucidez, recebemos perdão. Um peso desaparece, a culpa se foi, tornamo-nos filho da esperança.

Mais profundo, mas mantendo relação de proximidade com a terapia psicológica, o perdão, o renascimento, redimensiona as memórias. Estas perdem sua força. Estarão todas lá, você as vê, mas elas, num certo sentido, ainda que causem alguma tristeza, não lhe dizem mais respeito e só são capazes de mover as engrenagens de um profundo conforto e gratidão a Cristo. Você foi encontrado.

Jeremias, profeta por quem tenho particular admiração, tem uma fala interessante. “Eu lembro da minha tristeza e solidão, das amarguras e dos sofrimentos. Penso sempre nisso e fico abatido. Mas a esperança volta quando penso no seguinte: O amor do SENHOR Deus não se acaba, e a sua bondade não tem fim. Esse amor e essa bondade são novos todas as manhãs; e como é grande a fidelidade do SENHOR!” (Lam 3.19-23 – NTLH)

Com o ZIP no cérebro, todo um maravilhoso mecanismo de gratidão se perde que é fruto, justamente, das más lembranças que se quer apagar, mas que foram ou perdoadas ou redimensionadas e rearranjadas na nossa história produzindo esperança e fé que enfrentarão suas visagens, forjando cada dia uma novo caminhar.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

O quê que o baiano tem: mijo corrosivo


A Prefeitura de Salvador (BA) está gastando cerca de R$ 500 mil para recuperar um viaduto cujas 14 pilastras foram desgastadas pela acidez de urina humana.
O superintendente de Conservação e Obras Públicas da capital baiana, Luciano Valladares, diz que todas as pilastras do viaduto Luiz Cabral, na região central da cidade, sofreram corrosão por causa do hábito dos frequentadores do entorno de fazer xixi nelas.
Segundo informações do superintendente, a urina foi capaz de provocar a dilatação da parte metálica das pilastras, causando a gradual corrosão do concreto.

DA AGÊNCIA FOLHA

Capataz de longas datas, experiente em construção país afora, ele sabia das mandingas e mutretas dos trabalhadores da construção civil. Imagine um bicho sestroso, pois não tem igual. Mas ele recebeu uma incumbência inusitada, demolir uma velha ponte que, segundo contam, tinha valor histórico para os moradores locais. A história foi mais ou menos assim.

Muito tempo atrás, ali se deu uma revolta do povo contra a carestia de um governinho de república bananeira qualquer, encavalada por uma inflação na casa dos três dígitos, cujo estopim, na ocasião, fora a prisão de um simpático velhinho que vendia galináceos na feira local e embora cobrasse ágio dos populares, o que possivelmente causava a ojeriza dos fregueses, pelo menos tinha o produto para vender, já que o governo central, ensandecido, resolvera tabelar tudo quanto é preço e até laçar boi no pasto para garantir, segundo a lógica imbecilóide do presidente, o fornecimento de carne ao povo.

Mas deixemos estes detalhes de lado e voltemos à prisão do bom velhinho. O governo central instituiu uns fiscais, cujo trabalho seria orientar e punir todo aquele que escondesse os produtos ou cobrasse ágio do massacrado povo. Numa destas reuniões, uma fiscal machona cuspia perdigoto ao discursar sobre as severas punições que recairia sobre o infeliz que ousasse incidir no crime, sim, por que aquilo era crime de lesa pátria, de impedir o povo de comer ou extorqui-lo com preços vis, o pão de cada dia. O bom velhinho assistia com grande interesse ao discurso da “fiscala” ladeado por sua companheira de mais de quarenta anos. Os dois ainda na labuta, porque a mísera aposentadoria não cobria suas necessidades básicas.

Lá pelas tantas, a fiscal-general, depois de muitas ameaças e injúrias contra os possíveis fraudadores do governo central que, segundo dizia ela, sabia que ali mesmo havia vários destes inimigos da nação, perguntou: Quem é que, por exemplo, está vendendo galinha com preço fora da tabela? No mesmo instante instalou-se uma discussão entre o bom velhinho e a esposa. Ele ia levantando para acusar-se, a mulher deu-lhe um safanão. Tu tá doido, homem?! Mas mulher, nóis semos crentes, não pudemos mentir. Tu vai preso, é isso que vai acontecer. E daí, num vô mentir, não. Mas ela não perguntou pra ti, perguntou pro vento. Mas quem é que vende galinha? Eu.

A fiscal machona continuava inquirindo, mais por mostrar sua rota autoridade, nunca imaginaria que alguém fosse se acusar. Percebeu o burburinho lá no meio da platéia que estava em silêncio, mas não deu atenção. Enquanto isso... Num faz isso homem, pelo amor de Deus. Foi só a “fiscala” perguntar de novo: Quem é... O bom velhinho de um salto pôs-se de pé, levantou a mão e disse: era nóis doutora! Foi preso incontinenti. Seguiu-se um quebra-quebra, a fiscal saiu vexada do lugar com os meganhas que a acompanhavam e o povo montou trincheira na ponte.

Mas voltemos ao nosso capataz. Diante do povo do local que tentava salvar a ponte, tentou explicar que a estrutura estava danificada, poderia cair a qualquer momento, estava condenada. A única solução era demolir. O povo não arredava pé do único símbolo de que um dia tomou seu destino nas próprias mãos para defender-se do abuso e da imposição das forças sinistras do governo central. Sem ponte, a história se perderia.

Então, um de seus trabalhadores cochichou-lhe ao pé do ouvido: Eu tenho a solução. O capataz fez sinal para falarem depois, finalizou a reunião com a promessa de voltar com outra proposta e despediu-se. Qual é a solução? Vamos importar uns trinta baianos, modéstia à parte. Quê? Que história é essa? Simples chefia, os caras lá tem a urina mais corrosiva do mundo, tão derrubando ponte, viaduto, só mijando nas pilastras. Demora um pouco, mas como essa aqui já está meio bamba, coisa de um mês arria. O capataz coçou a cabeça. É garantido mesmo? Ô, nem queira saber, já deram o maior prejuízo em Salvador, só de molecagem. Importa os homi!