segunda-feira, 20 de abril de 2009

O quê que o baiano tem: mijo corrosivo


A Prefeitura de Salvador (BA) está gastando cerca de R$ 500 mil para recuperar um viaduto cujas 14 pilastras foram desgastadas pela acidez de urina humana.
O superintendente de Conservação e Obras Públicas da capital baiana, Luciano Valladares, diz que todas as pilastras do viaduto Luiz Cabral, na região central da cidade, sofreram corrosão por causa do hábito dos frequentadores do entorno de fazer xixi nelas.
Segundo informações do superintendente, a urina foi capaz de provocar a dilatação da parte metálica das pilastras, causando a gradual corrosão do concreto.

DA AGÊNCIA FOLHA

Capataz de longas datas, experiente em construção país afora, ele sabia das mandingas e mutretas dos trabalhadores da construção civil. Imagine um bicho sestroso, pois não tem igual. Mas ele recebeu uma incumbência inusitada, demolir uma velha ponte que, segundo contam, tinha valor histórico para os moradores locais. A história foi mais ou menos assim.

Muito tempo atrás, ali se deu uma revolta do povo contra a carestia de um governinho de república bananeira qualquer, encavalada por uma inflação na casa dos três dígitos, cujo estopim, na ocasião, fora a prisão de um simpático velhinho que vendia galináceos na feira local e embora cobrasse ágio dos populares, o que possivelmente causava a ojeriza dos fregueses, pelo menos tinha o produto para vender, já que o governo central, ensandecido, resolvera tabelar tudo quanto é preço e até laçar boi no pasto para garantir, segundo a lógica imbecilóide do presidente, o fornecimento de carne ao povo.

Mas deixemos estes detalhes de lado e voltemos à prisão do bom velhinho. O governo central instituiu uns fiscais, cujo trabalho seria orientar e punir todo aquele que escondesse os produtos ou cobrasse ágio do massacrado povo. Numa destas reuniões, uma fiscal machona cuspia perdigoto ao discursar sobre as severas punições que recairia sobre o infeliz que ousasse incidir no crime, sim, por que aquilo era crime de lesa pátria, de impedir o povo de comer ou extorqui-lo com preços vis, o pão de cada dia. O bom velhinho assistia com grande interesse ao discurso da “fiscala” ladeado por sua companheira de mais de quarenta anos. Os dois ainda na labuta, porque a mísera aposentadoria não cobria suas necessidades básicas.

Lá pelas tantas, a fiscal-general, depois de muitas ameaças e injúrias contra os possíveis fraudadores do governo central que, segundo dizia ela, sabia que ali mesmo havia vários destes inimigos da nação, perguntou: Quem é que, por exemplo, está vendendo galinha com preço fora da tabela? No mesmo instante instalou-se uma discussão entre o bom velhinho e a esposa. Ele ia levantando para acusar-se, a mulher deu-lhe um safanão. Tu tá doido, homem?! Mas mulher, nóis semos crentes, não pudemos mentir. Tu vai preso, é isso que vai acontecer. E daí, num vô mentir, não. Mas ela não perguntou pra ti, perguntou pro vento. Mas quem é que vende galinha? Eu.

A fiscal machona continuava inquirindo, mais por mostrar sua rota autoridade, nunca imaginaria que alguém fosse se acusar. Percebeu o burburinho lá no meio da platéia que estava em silêncio, mas não deu atenção. Enquanto isso... Num faz isso homem, pelo amor de Deus. Foi só a “fiscala” perguntar de novo: Quem é... O bom velhinho de um salto pôs-se de pé, levantou a mão e disse: era nóis doutora! Foi preso incontinenti. Seguiu-se um quebra-quebra, a fiscal saiu vexada do lugar com os meganhas que a acompanhavam e o povo montou trincheira na ponte.

Mas voltemos ao nosso capataz. Diante do povo do local que tentava salvar a ponte, tentou explicar que a estrutura estava danificada, poderia cair a qualquer momento, estava condenada. A única solução era demolir. O povo não arredava pé do único símbolo de que um dia tomou seu destino nas próprias mãos para defender-se do abuso e da imposição das forças sinistras do governo central. Sem ponte, a história se perderia.

Então, um de seus trabalhadores cochichou-lhe ao pé do ouvido: Eu tenho a solução. O capataz fez sinal para falarem depois, finalizou a reunião com a promessa de voltar com outra proposta e despediu-se. Qual é a solução? Vamos importar uns trinta baianos, modéstia à parte. Quê? Que história é essa? Simples chefia, os caras lá tem a urina mais corrosiva do mundo, tão derrubando ponte, viaduto, só mijando nas pilastras. Demora um pouco, mas como essa aqui já está meio bamba, coisa de um mês arria. O capataz coçou a cabeça. É garantido mesmo? Ô, nem queira saber, já deram o maior prejuízo em Salvador, só de molecagem. Importa os homi!

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