O 'Toplessaço', protesto convocado em uma rede social para um topless
coletivo na Praia de Ipanema, na Zona Sul do Rio, está confirmado para este
sábado às 10h. Por conta da "enxurrada de machismo", segundo a atriz
e organizadora Ana Rios, o evento no Facebook ficou oculto "somente"
aos 50 mil convidados. Na sexta (20), voltou a ser público — e a ser alvo de
ataques.
Fonte: Gabriel
Barreira Do G1 Rio
Não é de hoje, o mundo sempre
esteve de revestrés. Mas é porque se esquece a frase lapidar do poeta romano
Publio Terêncio Afro: “sou um homem: nada do que humano me é estranho”. A
estranhice humana, porém, se supera de tal maneira que nos pega no contrapé de
nossas idiossincrasias, daí o espanto.
Que querem as mulheres? Indagou
Freud em carta a Marie Bonaparte certa vez. E eu que sei! Se ele não sabia e,
dizem, ninguém sabe. Não quero levar este texto para o terreno pantanoso da
discussão boba da guerra dos sexos, mas os homens tampouco sabem de si. A
condição humana, cheia de contradições, talvez, seja um veio para se adivinhar
este enigma.
As pessoas também ficam
entediadas com sua vida ridícula e sem sentido. Vivem porque vivem. Uma causa,
por pobre e tola que seja, ajuda a significar a existência. O mundo instantâneo
em que todos (quase) estão interconectados ajuda a fazer a cabeça das pessoas
na construção daquelas causas esfarrapadas. Hoje é a ideologia de manada.
Três parágrafos de introdução é
muito, sei. No Enem eu já teria tomado
bomba. Aqui entram as mulheres. Vejam a Marcha das Vadias. Não é nada.
Transformou-se num movimento porque no Canadá um policial justificou uma mulher
ter sido estuprada por causa de suas roupas provocantes. É, literalmente, a
aldeia global como previu Macluhan. Um incidente, uma fala de um idiota numa
situação local é como se, neste caso, se ouvisse um grito mundial, uma trombeta
ao chamado para guerra. As mulheres reagiram se mostrando ainda mais.
Eventos como esse conservam um
pouco da origem e vão se transmutando. Aqui, além das palavras de ordem de
praxe – guerra ao preconceito, movimento gay, aborto – enfiaram até o “cadê o
Amarildo?” na marcha das vadias tupiniquim e ainda quebraram imagens de santos
como provocação extra à opressora mor, segundo dizem, a igreja.
Entre um grito e outro a
mulherada desfilante e protestante, notou que mostrar uma muchibinha causava
enorme impacto. Claro, em plena Jornada da Juventude com o Papa e tudo! Esta
descoberta produziu uma variante da Marcha das Vadias: o Toplessaço. Acho que
toplezaço ficaria melhor, mas suspeito que as meninas não concordariam. Haverá,
enfim, uma mostra de peitos por atacado. Marcar posição, gritar pela liberação
do aborto do jeito que quiserem pois, afinal, o corpo é delas. Não só arrancam
o filho indesejado que elas fizeram como berram a plenos pulmões que dão para
quem quiser. Não retirei as ideias de um manual louco, estão nos cartazes.
Deixei de lado os xingamentos.
E os homens solidários nestas
ditas marchas? Acho que tem dois tipos: a galera que vai para ver e pegar
mulher e os novos machinhos feministas. Castrados. Rufiões sem opinião,
provavelmente até o time é escolhido pela mulher. Como dizem os americanos, os
sissies. Homens considerado efeminados – não são gays –, covardes, tímidos. São capazes de falar horas todo um discurso
sem se dar conta que não são mulheres.
O feminismo detestava qualquer
exposição da nudez feminina. Mas eram mulheres que pensavam e articulavam
ideias a partir da filosofia, sociologia, psicologia. Tinham orgulho da cultura
e suas mentes brilhantes. Hoje, a cara mais exposta do feminismo é peito e
outras partes também. Seria interessante uma análise do discurso dos cartazes
que dizem... nada. Platitudes e agressões.
Estes movimentos acabarão com as
revistas masculinas pela overdose de nudez. Como se as praias brasileiras já
não o fizessem. Mas a delicadeza (ou nem tanto) do esconde-revela é mais
discreto como uma tanga esfarrapada ou um cordão encobre a nudez de um
indígena. Desamasculinizar, objetivo do feminismo aguerrido, alcança por fim,
um resultado perfeito e inesperado, não com a ideias mas com as autoproclamadas
“vadias”. Que ironia.
Noutro round deste movimento
muito produtivo e enriquecedor da sociedade, foi marcado o tal toplessaço para
sábado, 21, em Ipanema. O saldo foi decepcionante. Apenas 8 revolucionárias
pareceram, das quais apenas uma valia a pena uma olhada ao redor d qual, por motivos
óbvios, reuniu-se um bom grupo e câmeras. Ela se divertiu, não gritou ou
esbravejou qualquer slogan e mais uma bela manhã na praia passou.
O
movimento acabou? Não. No carnaval milhares de peitos serão mostrados, mas não
conta e ninguém se importa, exceto com as feias. Elas esperam as abluções pelos
excessos da carne em plena quaresma. Talvez uma invasão à la Pussy Riot de
alguma igreja em plena sexta-feira santa.