O desaparecimento do menino Jesus da manjedoura do presépio montado na
Praça Nossa Senhora Aparecida, centro de Vilhena (RO), ainda é um mistério.
Desde o início de dezembro o boneco foi levado e os moradores estão preocupados
sobre o paradeiro do símbolo religioso.
Fonte: Jonatas
Boni Do G1
RO (21/12/2013)
A principal
notícia naquele dia estampada no único jornal local, mas que já havia perdido o
furo para o disse-me-disse: o menino Jesus fora roubado da manjedoura. Havia
certa desolação na cidade e ainda quem visse nesse evento funesto um mau agouro
para o ano vindouro.
Mas quem seria
este ou esta desalmado(a) para fazer tamanha sandice? Dizem que até o jumento
que (não aparece na foto), segundo a lenda, coabitava a mesma estrebaria e foi
testemunha privilegiada do nascimento da criança santa, zurrava de tristeza.
Sim, era um
boneco, mas eis que alguém contava o zurro lastimoso como verdade verdadeira,
donde se conclui que o sumiço do menino já produzia um milagre ao redor do qual
já havia grande movimento esperando a próxima fala do animal. Especialistas em
decifrar linguagem de bichos já se postavam ao lado com aparatos de gravação
para posterior interpretação, pelo menos do que sobrasse do boneco, pois alguns
pedaços, considerados santos, haviam sido roubados também.
Diversas
explicações foram dadas. Uma curiosa, dita por uma vizinha do presépio, ajudava
o larápio ou sequestrador. Dizia que o furto do menino não seria crime, pois
possivelmente, fora perpetrado por fiel muito cioso da veracidade dos fatos.
Ora, se o menino nasce apenas no dia 25, segundo a tradição, será possível e
coerente que o mesmo se abolete na manjedoura lá pelo fim de novembro?
Certamente a criança seria devolvida na madrugada do dia 24, no meio da missa
do galo.
Esta teoria
encontrou apoio, mas também muita desconfiança. O delegado Almeida andou
sondando a vizinhança sobre os hábitos da tal senhora, pois havia fortes
evidências de que ela era a malfeitora. O padre defendeu a fiel como mulher
séria e dedicada às coisas da igreja e que ladra não era. Roubar o menino
Jesus, isso mesmo é que não faria.
Inesperadamente,
apareceu um bilhete apócrifo e anônimo que pedia resgate pelo garoto
sacrossanto. Horror total. Como é que uma pessoa sequestraria o menino Jesus?
Esse ou essa deveria ter parte com o capiroto em pessoa se não fosse seu
secretário particular. O bilhete era um tanto lacônico: “Paguem R$5.000,00 pelo
menino ou nunca mais o verão. Adeus natal e presépio”.
Delegado
Almeida mandou cópia fac símile incontinenti à capital, de barco voadeira, para
que um perito analisasse a escrita mal ajambrada e quiçá até poderia descobrir
a digital do(a) infame. Todos são suspeitos, dizia o delegado Almeida,
inclusive o padre e o coroinha. Claro que isso gerou protestos, pois o
venerando padre estava na cidade há muitos anos e até o prefeito fora batizado
pelo próprio. O coroinha era um moço velho, incapaz de matar uma mosca quanto
mais arquitetar plano tão nefasto e sofisticado.
A situação
desandou, pois o natal se aproximava e nada de pista do paradeiro da criança
divina. Alguns diziam que poderia morrer, pois estaria longe da mãe para
amamentá-lo. Que São José, que dava nome à igreja, estava inconsolável com a
perda do filho. Procissões se seguiam em favor da volta do menino, sem contar a
vigília no pé do presépio. A cidade era uma comoção só. Então, uma menina,
destas que nem sabia quem era o pai de seu bruguelo, ofereceu seu infante para
ocupar o lugar de Nossossenhor menino. Pareceu bem a todos que aceitaram e
foram consolados em sua tristeza e abandono. O peste raptor não foi descoberto
e o menino nunca apareceu.
Feliz
Natal para todos os queridos e queridas leitores e leitoras.
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