Docinhos e bandidos: tudo a ver
Willy Wonka, doceiro do filme "A Fantástica Fábrica de Chocolates", ficaria horrorizado. Crianças que comem muitos doces podem ser mais propensas à prisão devido a comportamento violento quando se tornam adultas, segundo aponta uma nova pesquisa.
Fonte: da Associated Press, em Londres
Olá, o programa “Minha vida, nossas vidas” de hoje será inteiramente dedicado à relação pais, filhos e doces. Entrevistaremos Dra. Lindocrécia, pesquisadora afamada na área psiquiátrica, que nos contará sua mais nova descoberta. A pesquisa causou muita controvérsia com os pais e o mais inusitado, com a indústria de doces e chocolates. Segundo os dados de Dra. Lindocrécia, crianças que comem muito doce, tendem, na fase adulta, a terem comportamento violento ou fora da lei.
Boa noite, doutora. Boa noite, Cassiopéia. Conte para nós como aconteceu sua pesquisa. Acompanhamos o desenvolvimento de crianças nascidas desde a década de setenta. Ao todo 17 mil crianças, durante 40 anos. Os dados são incontestes: daquelas que comeram doces e chocolates regularmente, 69% foram presas, cometeram todo tipo de barbaridade e atos violentos. Então, como se vê, está clara a relação.
Atentem para isso, senhores e senhoras telespectadores. (doutora Lindocrécia atalhando a fala da apresentadora e olhando diretamente para a câmera) O que quero dizer é que você pai e mãe que vive dando docinho para seu filho para comprá-lo, fazê-lo obedecer, está, na prática, formando um marginal. Isso não é exagerado doutora? Os dados são inegáveis. Não foram quatro dias de pesquisas, mas 40 anos.
Quer dizer que as cadeias estão cheias de pessoas que, quando crianças, apenas comeram doces? Não digo isso. Existem outras razões para a marginalidade. Mas é certo também que doces e chocolates são um perigo. Falta, no entanto, descobrir o mecanismo cerebral que faz com que a pessoa se transforme de médico em monstro. Talvez os doces e chocolates deixem as pessoas de miolo mole. Desculpem a piada de mau gosto.
Doutora, temos um pai que gostaria de perguntar. Pode falar, seu Mindício. Doutora, meu filho está na cadeia. Eu mesmo entupia ele de bombom, chiclete e balinha quando criança. Obrigado por me fazer saber. E eu que me perguntava: onde foi que eu errei na criação deste menino? Obrigada por sua participação, seu Mindício.
Temos outra telespectadora. Alô, quem fala? É a Lindineusa. Pode perguntar, Lindineusa. Doutora Lindocrécia, eu não concordo com sua pesquisa. O filho de minha irmã é um vagabundo, vive de dar golpe nos outros e não comeu tanto doce assim. Lindineusa, o filho de sua irmã pode ter comido doce escondido. Eles desenvolvem mil artimanhas para praticar o vício. Ademais, número não mente. Pode averiguar, seu sobrinho devia atacar o pacote de açúcar.
E a senhora, comeu muito doce quando criança? Muito pouco. De alguma forma meus pais já tinham a intuição de que doces na infância produzem sérios prejuízos na vida adulta. Imagino que seus filhos também não comem doces? De jeito nenhum e se eu pegar um deles comendo doces, na mesma hora lhe enfio uma boa colher de óleo de peixe. Ajuda muito.
É verdade que a fábrica de chocolates Garoto processou a senhora, alegando perdas nas vendas, falsa informação científica, agravamento da imagem da empresa junto ao público? Bobagem, eles queriam que eu não mencionasse as crianças na pesquisa, apenas adultos. Tentaram me subornar, esta verdadeira boca de doces. Doutora, por favor. É isso mesmo, fazem mal às nossas crianças, ainda apodrecem os dentes e eu ainda aliviei nesta parte que também foi constatada na pesquisa. Digo, digo mesmo. Doutora, calma. Calma o quê sua abestada, dou banana para essa fábrica, seus filhos da #$%*@, (piiii) %$#@ (piiii), &*§% (piiiiiiiiiii)... CORTA!