domingo, 29 de julho de 2012

Cimento na cara


O falso cirurgião plástico da Flórida conhecido por aplicar cimento e cola nos glúteos de uma mulher foi detido novamente nesta sexta-feira (27), acusado de homicídio de uma paciente.
Oneal Ron Morris praticava cirurgias clandestinas em quartos de hotel e casas no sul da Flórida em pacientes interessadas em aumentar os glúteos, as bochechas e os lábios. Para realizar o desejo dos pacientes, injetava materiais como cimento e cola, colocando em risco a vida de várias pessoas.

Fonte: AG EFE – UOL Notícias (27/07/2012)
Digam-me cá. “Dra. Duquesa” não faz falta ao Brasil? De repente, fiquei com inveja dos gringos que tem esta criatura que faz obras de arte corporais ou Body Modification com material, digamos, alternativo. É certo que quem se submete à “Dra. Duquesa” tem alguma síndrome dismórfica corporal, mas em tempos de reciclagem ela mostra um lado radical que a medicina ainda teima em não se atualizar. E, por bobagens, como a chance enormemente aumentada de que os pacientes morram.
Entre os materiais usados, um particularmente teria muito sucesso no Brasil, o cimento. O termo cara-de-pau, dizem os patrulheiros do politicamente correto, não deve mais ser usado porque não é ecologicamente correto. Como além dos políticos sobra quase ninguém para alcunhar com tal epíteto, acho que não faria mal nenhum aceitar esta sugestão.
Aliás, uma maldade da imprensa americana diante desta artista com tão refinada estética, foi chamá-la de “doutor cimento”. Um desrespeito duplo, digo, porque “Dra. Duquesa”, que nasceu Oneal Ron Morris,  é um transsexual em processo de transformação e como apesar da forma, vá lá, feminina – vocês não acreditariam – fica difícil ter uma identidade que possibilite um emprego honesto, de algum modo é preciso ganhar a vida. Por que não com bizarrices não sexuais?
Duquesa é uma experimentadora. Forjou glúteos com cola, lábios com selante e coxas com a mistura disso tudo e recheiou os vãos com algodão. Que culpa tem este ser, digam? Os clientes é que pedem e pagam. Duquesa apenas empresta seu vasto conhecimento, sem contar sua sensibilidade no design corporal, experimentado por ela mesma que com pequenas intervenções, ganhou glúteos tão avantajados que deixariam as  mulheres melancia e companhia humilhadas. É certo que as pernas de Duquesa, finas como palitos não acompanharam a linha de amplificação do traseiro, o que deu uma aparência ligeiramente estranha, mas um se acostuma... se não olhar muito.
Os políticos do mensalão e seus capangas veriam boa utilidade com o óleo mineral, material também largamente usado por Duquesa. Não sei exatamente para que serve, mas suponho que lustraria o cimento dos preenchimentos dos pés de galinha, as marcas de expressão, que devem ganhar uma imobilidade cérea compatível com a gravidade do momento, afinal serão julgados e qualquer trejeito facial pode denunciar culpa ou mesmo deboche com os ministros do supremo, o que pode ser potencialmente desastroso para as negativas que incorporaram ao seu dna de facínoras.
Acho que a cola teria particular utilidade com os pregadores televisivos. Bem, não sei explicar direito, talvez para untar o discurso cada vez mais escalafobético para arrancar trocados dos desesperados. Claro que um pouco de selante ajudaria, pois como os políticos, devem cuidar do vazamento de emoções que até hoje fazem a fama do Macedo se esbaldando com uma pequena montanha de dinheiro que agarrava com duas mãos com um olhar vidrado e cheio de cobiça. O video é velhinho, mas ainda perambula pelo You Tube.
Quanto a mim, dispenso os prestimosos e abalizados serviços da “Dra. Duquesa”. Estou plenamente satisfeito com este corpinho e cara que Deus me deu, embora, na academia onde amolo os músculos, uma mocinha namoradeira cujo objetivo no lugar seria apenas paquerar, tenha me incluído, genericamente, entre os faltosos de beleza quando exclamou que ali só havia homens homens feios. E quanto a você, vai um cimentozinho aí na bochecha?