segunda-feira, 11 de março de 2013

Minorias: o que é isso?


O termo “minoria” diz respeito a um grupo humano caracterizado por vários aspectos, que incluem desde práticas culturais específicas religiosas e não religiosas até a cor da pele, idioma e um sem número de outras qualidades à parte do campo sociológico e antropológico, como as pessoas acometidas por doenças mentais e limitações físicas, por exemplo. Estes inumeráveis grupos, normalmente, estão em desvantagem numérica em relação a uma maioria que exerce sua força majoritária nas sociedades, às vezes em desfavor ou desconsiderando a existência das necessidades daqueles grupos ditos minoritários.
Talvez possamos estabelecer um ponto de partida para as políticas (ações) afirmativas atuais na Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), promulgada pela ONU e ainda outras similares que dela derivaram, tais como as Convenções pelos direitos da criança, contra o racismo e xenofobia, etc. É claro que eventos históricos graves no campo político e econômico – o holocausto durante a Segunda Guerra Mundial –contribuíram para a consolidação da defesa das minorias. O que é justo e certo.
Mais recentemente, a globalização em todas as suas faces (econômicas, políticas, sociais) reforçou a ênfase em favor das minorias, pois a uniformização do mundo amplificada pelas redes mundiais de comunicação ameaçaram culturas e sociedades que se viram perdendo valores ancestrais nas novas gerações e, no movimento contrário, passaram a reafirmar estes valores de forma a garantir sua identidade.
O problema, no meu ponto de vista, é que neste exato momento, especialmente nos países ocidentais, este conceito de minoria ganhou tal dimensão que caminhamos céleres para uma sociedade esfacelada em milhares de minorias, todas defendendo seus direitos e exigindo garantias e privilégios especiais à sua condição. O conceito está tão elástico que quase todo tipo de diferença pode ser definido como minoria.
Como efeito desta verdadeira proliferação de minorias, vê-se que as normas que organizam a sociedade são hoje definidas não pelo maior número de pessoas beneficiadas, mas impõe a estas, que não se classificam em qualquer destes grupos, comportamentos, limites e obrigatoriedades que não preservam a tal minoria ou apenas lhe garantem o direito de existir e viver conforme seus valores e crenças – naturalmente entre si e os seus –, mas abarcando aqueles que até não desejam que se lhes imponham estes valores.
A razão desta imposição é justificada por seus defensores com outra palavra cara a este movimento: inclusão. Levados ao limite, estes conceitos afirmam pelo menos duas propostas contraditórias: preservar a individualidade e uniformizar a todos, como numa sociedade maoísta. Isso nem é dialético, está mais para algo esquizofrênico. As fronteiras da democracia estão sendo levadas ao seu limite, particularmente no que tange à convivência entre diferentes. Em seu nome, subverte-se a liberdade no sentido mais amplo por inúmeras pequenas liberdades e regras microscópicas impositivas.
O Brasil, como um país democrático, reflete esta maré que tem no politicamente correto seu apoio ideológico, mas que não passa de uma forma de opressão às avessas. O perfil psicológico das minorias em geral, certamente com poucas exceções, é de meninos e meninas – veja que tenho que citar os dois gêneros sob pena de discriminação – mimados que só sabem exigir direitos e ai dos que não lhes atendem, pois farão birras em praça pública e lhes xingarão de antidemocráticos, intolerantes e preconceituosos. Ah, se o discordante tem uma expressão de fé, será também chamado de fundamentalista.
Estas minorias usam outro valor democrático, uma nebulosa versão do que chamam de opinião pública. As recentes listas de abaixo assinados eletrônicos são a face mais visível deste tipo de manifestação deles. Neste caso, nada mais é que a cooptação de uma parcela da sociedade que se encontra anestesiada e desorientada e que compram seus pontos de vista pelo valor de face, sem crítica de qualquer espécie. Aliás, as minorias detestam crítica. Criticá-los é tornar-se seu inimigo e, sem dúvida, um intolerante. Eles não são permeáveis ao contraditório, pois isso atenta contra sua própria existência, imaginam.
Eles são estridentes e agora gritam seus direitos, invadem espaços públicos, avenidas, atropelam a voz alheia, caçam o direito de discordar e a sociedade, refém de uma espécie de culpa no caso de alguns e por uma suposta coerência democrática, dobra-se. Eles patrulham em todos os meios de comunicação uma fala, até a intenção de alguém, para denunciá-lo e expô-lo como um perseguidor de minorias. Até uma apostila de física num colégio em Fortaleza (CE) tornou-se alvo da sanha destes movimentos, pois, naquele caso, a ilustração sobre polos que se repelem e se atraem foi transformada num atentado homofóbico.
Chegará a hora em que – a manter-se o atual estado de coisas –, se consolidará de fato, uma forma de ditadura, uma cerceação, uma permanente insegurança para todos que são apenas pessoas normais (aqui no sentido de não ter qualquer característica expressiva e relevante de diferença), que viverão se policiando sobre uma palavra fora do lugar, pois um ato descontraído e impensado se tornarão passíveis de punição. Se isso não é algo parecido a uma ditadura, com que se parece?