domingo, 8 de setembro de 2013

O cartaz

Um americano de 58 anos, morador de Cleveland, ligou embrigado para a polícia. A ligação foi rastreada e o homem foi condenado a uma pena "alternativa". Por uma semana, ele terá que segurar uma placa na frente do departamento de polícia por três horas.

Fonte: Yahoo (4/9/2013)

Os EUA são pródigos em criatividade quando se trata de determinar penas alternativas. Numa das mais curiosas, o meliante – chamo assim porque esta é uma palavra meio que em extinção, habita apenas as páginas policiais de alguns jornais que ainda usam o idioma antes do politicamente correto entrar em cena e olhe lá – é obrigado a segurar um cartaz, de preferência em lugar público, reconhecendo sua canalhice.
        Aqui no Brasilzão perdido, tal determinação colocaria o juiz na mira dos garantistas penais e de uma fauna, esta muito diversificada, que dizem defender os direitos humanos ou coisa semelhante. O biltre reconhecer publicamente uma estupidez soa como se fosse uma humilhação, um acinte à sua distinta pessoa segundo uns débeis mentais tupiniquins – que me perdoem os enfermos –, donde tal prática, por aqui, não prosperaria.
        Recentemente, um tal Richard, 58, tornou-se notório em Cleveland, nos Estados Unidos, por ter ligado bêbado para a polícia e ameaçar matá-los. A traquinagem não ficou barata: o trombadinha idoso foi não só descoberto, como recebeu a pena de segurar um cartaz durante sete dias, em frente à delegacia, com dizeres não muito elogiosos contra si mesmo. Entre eles, o singelo palavrão “idiota” e um pedido humilde de desculpas, com a afirmação de que nunca mais faria uma arte do tipo.
        Já se sabe que nosso avançado país jamais permitiria esta afronta a qualquer malandro, sob pena de infringirmos as mais delicadas regras de convívio social que aqui se praticam. Feriria altos valores que se deve, acima de tudo, dedicar aos pilantras nativos. O Congresso Nacional que o diga.
Enfim, imaginem prezados e inteligentes leitores e leitoras, se por um exercício fantasioso fosse adotada tal prática por aqui. Além de penas duras, sem embargos de declaração e outras patranhas que a lei brasileira permite. Pois quando se dissesse “condenado”, todo mundo entenderia e não haveria que explicar que, na terra de Veracruz, um condenado, especialmente se for mensaleiro ou político ou ainda ambos, tem o significado de ser promovido, destacado, e sei lá mais o quê. É o condenado quântico: está, mas não está. É, mas não é. O que não lhe espera é a cana, isso de jeito nenhum.
Mas façam um pequeno esforço. Divirtamo-nos neste domingão dos 401 aninhos de São Luís (que você está irado porque caiu no domingo e a segunda lhe espera toda serelepe sem a menor chance de espremer feriado). Que dizeres colocaríamos na placa do Zé Dirceu, do José Genoíno – já viram porque o genuíno dele é com “o”, né? – do Donadon, do João Paulo Cunha?
Minha sugestão. Zé Dirceu. Na frente do Congresso Nacional. “Róbei. Deixei róbar. Agenciei róbadores. Transformei o executivo na casa dos metralhas. Lula sabia de tudo”. Donadon. Na avenida Atlântica, Rio. “Sou um pilantra. Meti a mão com gosto de gás. Desviei, locupletei, me elegi deputado como pós-graduação.”
João Paulo Cunha. No início da Paulista. “Minha mulher não foi pagar a tv a cabo com 50 mil. Era um trocado para despesinhas da semana que um corruptor me deu. Sou um desordeiro, um black block imbecil da Câmara.” José Genoíno. No meio da Paulista. “Fiz malandragem e fico zangado quando me apontam o dedo. Me pegaram com o dedo na botija para agenciar deputados pilantras como eu, a votar no meu governo do PT. Vão todos a merda porque eu me dei bem e consegui uma gorda aposentadoria.”
Faça seu cartaz com os personagens que quiser. Vingue-se, mesmo que seja só nesta ilha da fantasia.