Juízes do tribunal de recursos na Suécia proibiram a igreja Nossa Senhora do Orgasmo [Church Orgasmens Madonnas Kyrka, literalmente Igreja da Madona do Orgasmo] de receber o mesmo status legal de outras religiões.
O seu auto-nomeado cardeal, Carlos Bebeacua acredita que o homem deve adorar o orgasmo como um símbolo de um ser superior. Ele disse: “O orgasmo é a sensação máxima da luxúria e não deveria ser limitado à ejaculação. Você pode alcançá-la através da arte, ou ao olhar para uma paisagem enquanto pensa ‘uau’“.
Fonte: BBC Brasil
Estava entediado. Era madrugada. O sono até viera, mas assim, sem mais, foi-se. Um latido de cachorro ou talvez um sonho perturbador do qual agora não lembro causou o despertar fora de hora. Os olhos ficaram grelados no teto. O jeito era levantar e ligar a TV para distrair e, quem sabe, ser arrebatado pelo sono outra vez. Liguei em qualquer canal e lá estava ele. Vestido com uma roupa sacerdotal pregava algo estranho. Esperei por um exorcismo, uma invocação, uma frase de efeito, nada.
Deixei-me estar não porque fosse interessante, mas porque algo nele me era familiar. A fala, havia qualquer coisa de agudo que me lembrava alguém. O trejeito com o braço. O cérebro analisando os arquivos de rostos e já me impacientava, pois me gabo de ser bom fisionomista. A câmera zanzava para lá e para cá, pois o pregador ziguezagueava no palco, um cacoete, sem dúvida. Então ele disse algo sobre orgasmo. Epa, a coisa começou a ficar interessante.
Estamos acostumados às curas espetaculares, aos apelos descarados por dinheiro, às promessas cujo padrão de vida só bafejado por uma mega sena acumulada, às explicações escalafobéticas porque a vida desandou, mas convenhamos, este cara explorava uma vertente nova. A mistura de religião e sexo já teve muitas versões e não há nada de novo nisso, mas aqui estava algo novo-velho.
Então veio o estalo. Este religioso era nada mais, nada menos que o Penadinho. Sim, era uma homenagem ao personagem do Maurício. Não que ele tivesse ficado muito feliz quando criança. O apelido foi dado porque sendo filho único de uma solteirona convicta e carola, esta o internou numa igreja desde pequeno. Era seu modo de expurgar o seu pecado que Penadinho representava.
Estudávamos todos no mesmo catecismo, mas brincávamos e não era preciso ajudar na missa que, de fato, era uma oportunidade para fugir dos pais e brincar no pátio da igreja. Agora sei que seu nome é Carlos, mas Penadinho tinha que ficar lá no altar, vestido de coroinha, daí a alcunha, repito. De algum modo ele atendeu ao desejo da mãe, mas com sinais contrários. Em vez de ser casto, criou a Igreja da Madona do Orgasmo. Ele, porém, faz questão de ressaltar, orgasmo não tem que ser só o genital, pode ser também o “embasbacamento” de um ante uma obra de arte, uma paisagem. Pois sim.
Pouco mais e Carlos (Penadinho), depois de fazer loas às benesses do orgasmo, defendeu seu direito de Cardeal e de seus seguidores de ganharem o mesmo status de outras igrejas. Alegava que a corte lhe negou o direito por está cheia de gente reprimida sexualmente. Disseram que tinha que tirar a Virgem do nome da igreja. Ele se recusou. Justificou-se com Freud que mesmo sendo ateu, deve ter se revirado no túmulo.
Ele diz que não ganha nada com isso. Na verdade sofre em sua missão, pois foi taxado de transgressor dos bons costumes e da religião cristã, o que ele nega. Diz que teve uma visão, teria sido abduzido por uma anja sensual que fizera dele gato e sapato se é que me entendem. E esta tal deu-lhe a missão. Fundarás uma igreja e dirás ao povo: “gozai! Gozai sem medo, pois quem não goza nesta vida, tem problema de cabeça ou é doente do pé”.