quarta-feira, 8 de maio de 2013

Morte Súbita de J. K. Rowling


Minha leitura do “Morte Súbita” (The Casual Vacancy) da autora J. K. Rowling, célebre criadora do bruxo Harry Potter, foi por acidente. Explico. Eu não o leria em circunstâncias normais que seria: ir à livraria, comprá-lo e lê-lo. Simplesmente o gênero da autora não me atrai. Sim, ela tentou escrever algo diferente da saga que a deixou riquíssima. Como se diz por aí, ela explora uma história adulta para adultos.
A maioria das opiniões que li a respeito do livro foram de pessoas que são fãs declarados da autora. Destes, grande parte se disse decepcionada. Esperavam a repetição do sucesso que a deixou famosa e idolatrada. Apesar da frustração, se preocuparam em defender as qualidades da obra. Mas de fã se perdoa tudo.
Entre as críticas, repetiu-se como um mantra o fato de que quando o livro estava ficando bom, a história acabava. Sei lá o que queriam dizer com “bom”. O livro nunca chega nem perto disso. São 507 páginas de puro enfado, clichês, estereótipos, diálogos fracos e personagens óbvios. O livro é um emaranhado de repetições e... de minha parte, bocejo.
Ao longo – e põe longo nisso – de pouco mais de 400 páginas não acontece rigorosamente nada. O leitor é jogado daqui pra lá e de lá pra cá nas historinhas sem sal dos personagens. Ela levou esta montanha de papel e tinta para montar o cenário.
A coisa mais momentosa acontece nas primeiras páginas. A morte de um personagem que apesar de medíocre – e com menos dose de autenticidade do que os personagens repetidos do chatíssimo Robin Willians em “O Gênio Indomável” e “Sociedade dos poetas Mortos” – marca a vila, a vida de todos os outros, pois amigos e inimigos passarão o resto do tempo falando deste quase visionário, gênio, bom homem e, no final, um fantasma falso.
Janires, que vocês não conhecem, cantor e compositor cristão (detestaria chamá-lo de evangélico), já falecido, tem uma música linda (Casinha) que fala de uma cidade atrás de uma cidade que tem mais poesia e emoção que o livro da Rowling inteiro.
Nas cem páginas finais, a autora solta a represa de fatos e acontecimentos tentando dar vida ao livro a esta altura já pra lá de moribundo. Como não há mais nenhum suspense, você assiste entediado a um fim melancólico, por que o livro parece não acabar. Será que ela vai escrever mais seis? É aqui que o leitor fã diz que estava ficando bom e acabou abruptamente. Uau!
Por puro excesso de sensibilidade há um único momento em que me deixei tocar. Dane-se, vou falar. Na morte por afogamento de um menininho. Talvez porque eu mesmo tenha experimentado a sensação ou por que tudo com criança me comove, sei lá.
Dona Rowling deveria voltar ao seu metiê. Quem sabe mais sete livros sobre os filhos e netos do Harry Potter.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Apertem os cintos que... os pilotos foram cochilar!


Dois pilotos da Air India saíram da cabine de comando para cochilar e deixaram duas comissárias de bordo no comando de um avião até que elas desligaram por equívoco o piloto automático, informou nesta sexta-feira a imprensa local.
Fonte: Agência EFE (03/05/2013)

A verdade é que piloto e co-piloto não perceberam a ficha caindo nem quando o avião embicou de dez mil metros de altitude. O que, convenhamos, não é igual ao caminhão mais ÃO que você imaginar descendo uma ladeira na banguela. Eles só caíram em si quando foram demitidos e fugiram de um quase linchamento... ainda dentro do avião, pois um espírito de porco, que tem medo de voar, não dormia e ainda monitorava que nem uma caixa preta cada evento da máquina e das pessoas dentro da aeronave.
A história tornou-se viral, como se diz, e a que mais gosto diz que os dois não cometeram irregularidades cochilando enquanto pilotavam – fora da cabine de comando – estavam cansados, alegaram seus advogados de defesa, na tentativa de culpabilizar a empresa que tira o couro dos pobres aeronautas. Os fatos “verídicos”, dizem: eles vinham de Bangcoc, a capital da safardanagem mundial. O cansaço resultou de uma esbórnia da qual os dois participaram. Algo parecido ao “Se beber não case 2” (2011) em que Stu (personagem de Ed Helms), o noivo casamenteiro, se esbalda na noite de despedida de solteiro, inclusive com um travecão que... vocês sabem.
A comissária de bordo que tomava conta da bodega, quero dizer, do copite do Airbus-321 da Air India enquanto os dois cochilavam, empolgou-se e começou a dedilhar botões à torto e à direito. Como a cada dedada, se me permitem, uma luzinha ou som era produzido, ela foi se empolgando. Ela só não, ela e as colegas que foram, uma a uma, enchendo o copite. Parecia o vagão da banda das garotas do filme “Quanto mais quente melhor” (1959) com o trio Marilyn Monroe, Tony Curtis e Jack Lemon. Quem não viu o filme, veja ou vai ficar voando com a piada.
A certa altura, já rolava de tudo no exíguo espaço entre as duas poltronas dos pilotos e os painéis com milhares de teclas e botões. Sabe-se lá como – talvez pelo vinho que rolava solto –, uma das garotas resolveu fazer aquelas danças indianas em que reviram os olhos e mexem os dedinhos de forma estranha. Pois bem, um destes desligou o piloto automático e lá vem o avião despiguelando nuvens abaixo.
Imagine se profissionais de outras áreas resolvem dar uma cochilada, aliviar a bexiga ou qualquer outra coisa que lhe dê na telha justo no meio de sua tarefa, considerando que seja de certo grau de gravidade e periclitância. O cirurgião fazendo uma intervenção cardíaca. O coração ameaça parar, tem que fazer massagem no dito com as mãos, mas cansado da tarefa enfadonha, chama o cara que recolhia o balde, sei lá, e diz: vai apertando aí que vou bem ali. A cada dez minutos para e vê se ele se vira só, se não, aperta mais. Já volto.
Ou seu dentista predileto que no meio de um tratamento de canal, depois de enfiar aquele espículo torneado no buraco do dente um monte de vezes, se enche daquilo e lhe deixa boquiaberto – literalmente – e vai tomar um café. Não fecha a boca, vou ali rapidinho. A baba enchendo sua cavidade oral, a língua se mexendo como se tivesse tomado redbull com ectasy, a luz lhe encandeando e a auxiliar, ao lado, cantando a última maravilha do gênero pagofunk.
Não quero nem falar do vexame de alguns exames que se faz que por não terem inventado nada melhor ainda é o dedo, a mão que precisam fazer o inventário de seus dilemas clínicos urológicos, ginecológicos etc. Tem gente pra tudo. Quem vai saber que na cara simpática daquele ilustre profissional não se esconde um sádico em potencial?
Não sei vocês, mas por mim, viagem aérea que inclua passar a noite dentro do tubão voador, deverá ser antecedida de alguns itens de primeira segurança. Air India nem pensar, não sou adepto de milhões deuses e tenho uma dificuldade danada de aceitar esse vai e vem de alma penada, pior ainda se corro o risco de vir como lesma ou barata. Mas o principal deles é ter quatro pilotos. Para o pessoal se revezar na direção enquanto os outros dormem!