Minha leitura
do “Morte Súbita” (The Casual Vacancy) da autora J. K. Rowling, célebre
criadora do bruxo Harry Potter, foi por acidente. Explico. Eu não o leria em
circunstâncias normais que seria: ir à livraria, comprá-lo e lê-lo. Simplesmente
o gênero da autora não me atrai. Sim, ela tentou escrever algo diferente da
saga que a deixou riquíssima. Como se diz por aí, ela explora uma história
adulta para adultos.
A maioria das
opiniões que li a respeito do livro foram de pessoas que são fãs declarados da
autora. Destes, grande parte se disse decepcionada. Esperavam a repetição do
sucesso que a deixou famosa e idolatrada. Apesar da frustração, se preocuparam
em defender as qualidades da obra. Mas de fã se perdoa tudo.
Entre as
críticas, repetiu-se como um mantra o fato de que quando o livro estava ficando
bom, a história acabava. Sei lá o que queriam dizer com “bom”. O livro nunca
chega nem perto disso. São 507 páginas de puro enfado, clichês, estereótipos,
diálogos fracos e personagens óbvios. O livro é um emaranhado de repetições
e... de minha parte, bocejo.
Ao longo – e põe
longo nisso – de pouco mais de 400 páginas não acontece rigorosamente nada. O
leitor é jogado daqui pra lá e de lá pra cá nas historinhas sem sal dos
personagens. Ela levou esta montanha de papel e tinta para montar o cenário.
A coisa mais
momentosa acontece nas primeiras páginas. A morte de um personagem que apesar
de medíocre – e com menos dose de autenticidade do que os personagens repetidos
do chatíssimo Robin Willians em “O Gênio Indomável” e “Sociedade dos poetas
Mortos” – marca a vila, a vida de todos os outros, pois amigos e inimigos
passarão o resto do tempo falando deste quase visionário, gênio, bom homem e,
no final, um fantasma falso.
Janires, que
vocês não conhecem, cantor e compositor cristão (detestaria chamá-lo de
evangélico), já falecido, tem uma música linda (Casinha) que fala de uma cidade
atrás de uma cidade que tem mais poesia e emoção que o livro da Rowling inteiro.
Nas cem
páginas finais, a autora solta a represa de fatos e acontecimentos tentando dar
vida ao livro a esta altura já pra lá de moribundo. Como não há mais nenhum
suspense, você assiste entediado a um fim melancólico, por que o livro parece
não acabar. Será que ela vai escrever mais seis? É aqui que o leitor fã diz que
estava ficando bom e acabou abruptamente. Uau!
Por puro
excesso de sensibilidade há um único momento em que me deixei tocar. Dane-se,
vou falar. Na morte por afogamento de um menininho. Talvez porque eu mesmo
tenha experimentado a sensação ou por que tudo com criança me comove, sei lá.
Dona Rowling
deveria voltar ao seu metiê. Quem sabe mais sete livros sobre os filhos e netos
do Harry Potter.
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