Notícia 1: Uma gaivota que caiu do ninho quando recém-nascida e foi adotada por um casal de ingleses e pensa que é um gato.
Notícia 2: A polícia irlandesa abriu nesta quinta-feira investigação sobre um estranho caso de sequestro: o de um pinguim no zoo de Dublin. Os suspeitos levaram a ave de táxi e a abandonaram nas ruas da capital.
Notícia 3: Com 100% de aproveitamento em todos os jogos da Alemanha que previu até agora – inclusive a derrota para a Espanha na semifinal – o polvo Paul solta mais uma de suas previsões para os desafios finais da Copa do Mundo.
Fonte: Do G1, em São Paulo, Veja on line
Quem disse que converso com bicho, não sabe nada da arte. Eu sou psicólogo animal, é diferente. Quero dizer, psicólogo de animais. Tenho vários casos interessantes. Mas alguns tipos, por amor à profissão e aos bichos, eu me recuso a tratar: de carcará eu não cuido. Leão me lembra a Receita, é só venha a nós e na hora do nosso reino, a quantia vai mesmo é para paraísos fiscais.
Raposa é bicho ladino e lembram os políticos, que como você sabe, no Brasil, é a raça mais desafortunada de vergonha na cara que existe. Se bem que eles também se parecem a parasitas, mas aí já cai noutra classe de seres que não é o objeto de meu trabalho. Lobo sempre vem com o adjetivo mau a tiracolo, o que revela bem o caráter do bicho.
Falar em político tinha até um boto lá pela Amazônia. Mas é como eu digo, político é metamórfico, vira quase qualquer coisa, desde que algum ganho lhe seja garantido.
Insetos não entram nos meus serviços. Maribondos, então, se for de fogo, nem em pensamento. Não quis dizer que eles ficam de fogo, nem sabia que maribondo bebia. Ah, deixa pra lá.
Meu caso mais importante no momento é o polvo Paul. Descobriu que adivinhava ainda bem pequenininho. Dona polva teve problemas porque Paul adivinhava as perguntas das provas e chegou a ser acusado de participar da gangue que fraudou provas da PF brasileira durante 16 anos. Um absurdo, por suposto.
Por causa disso não tem conta as vezes em que dona polva foi chamada à escola. Ele, coitado, desenvolveu uma fobia. Sabia das coisas, mas não dizia. Sugeri que ele adivinhasse os resultados da copa. Aqui pra nós, não quis dizer, mas ele havia me dito que o Brasil não passaria pra lugar nenhum. Claro, ele não pode nem passar na porta de casinos em Las Vegas, embora tenha sido contratado por membros do governo do Maranhão algumas vezes para dar uma forcinha no 21 ou na roleta.
Tem o caso da gaivota que meteu na cabeça que era um gato. Distúrbio sério de dupla personalidade, até porque, quando criança, não poucas vezes correu o risco de ser devorada por seus irmãos felinos. O caso é que a gaivota, ainda bebê, caiu do ninho. Uma senhora a recolheu e a criou. Ela, com é óbvio supor, criava gatos. Assim lhe alimentava com friskies e até lhe deu um nome: pompom. Uma gaivota chamada pompom é bullyng na certa. Mas ela resistiu com galhardia. Este caso foi mais fácil fazê-la assumir a personalidade de gato mesmo. Com uma diferença: ela não tem sete vidas, embora abuse como se tivesse.
O pinguim Mordomo, este era seu nome, é vítima da violência urbana. Mas nem pelo nome foi acusado de nada, que fique claro. Chegou, este pobre, em estado de lástima. Transtorno pós-traumático. Sabe o que é isso? Pois levava ele uma vida sossegada no zoológico. Vida mansa. Apenas nadar e andar e por isso ganhava peixinhos sem esforço. Claro, isso lhe rendeu um modesto pé de meia, este bem guardado. Souberam umas hienas, possivelmente macomunadas com raposas e seqüestraram meu pobre cliente.
Zanzaram com ele pelas ruas no porta-malas de um carro e depois o largaram em alguma biboca. Desnorteado, vagou sozinho sem que ninguém lhe notasse a presença. Uma boa alma o reconheceu e chamou a polícia que agora está louca para pegar os facínoras. Mordomo está bem agora, quer entrar para a política. Aproveitar a mesma senda daquele jogador que chama todo mundo de peixe. Diz que a exposição pode, pelo menos, ajudar a puxar voto para Marina.