terça-feira, 18 de março de 2014

300 – A Ascenção do Império

À parte do grafismo e dos efeitos especiais que, como linguagem, continuam interessantes, o enredo de 300 – A Ascenção do Império deixa muita a desejar. Presente e passado se misturam numa balbúrdia. Ascenção do Império é uma história paralela à anterior que tenta dizer como nasce Xerxes, o rei-deus. Revelam-se eventos alguns anos antes, mas emendados ao presente.
Artemísia (Eva Green), a mocinha má com uma história trágica, faz muitas caras e bocas como uma mulher malévola, mas não convence.
O discurso da rainha Gorgo de Esparta é fragilíssimo. A atriz Lena Headey tem uma voz fraca e não compensa com a performance. Ela se saiu melhor no primeiro porque fala pouco e pelo menos tem algumas cenas quentes com o marido. Se eu tivesse que lutar motivado por um discurso daqueles, sairia correndo apavorado.
Xerxes (Santoro), aparece um pouco mais que no primeiro filme, mas, sem demérito a nosso ator melhor posicionado em Hollywood, fica a desejar. Rebola pra cá, rebola pra lá, faz aparições diante de seu povo e mais nada. Há cenas em que a edição falhou e ele fica reduzido, quando a ideia é dar-lhe um gigantismo coerente com sua divindade. A cena dele cortando a cabeça de Leônidas tem certa dramaticidade. A voz alterada continua fazendo sucesso. O cinema já viu isso. Retire-se a voz de James Earl Jones e Dart Vader vira um vira-lata.
A verdade é que se pode escolher qualquer dos atores e não há umzinho que se destaque, logo, suspeito, é a direção, a história e sei lá mais o quê que não ajuda.
Quem está acostumado à linguagem de sangue jorrando, espirrando e borbulhando para todo lado, cabeças decepadas, vai se esbaldar, mas Ascenção fica longe do balé dos 300 espremidos no desfiladeiro contra um milhão de homens de Xerxes. Os vários rounds da guerra naval tem um ou outro momento bacana e outros exagerados até para um filme desta categoria.

Vale o ingresso? Sim e não. Sim. Você desconecta o juízo e deixa rolar. Não. O filme não empolga. É linear. Nem a cena de sexo selvagem entre Temístocles (Sullivan Stapleton) e a malvada Artemísia ajuda a nos tirar da sonolência. E olha que eu nem estava me importando com a crítica das inconsistências históricas. Eu só queria uma boa história, com liberdade poética e tudo.