O super-homem que se cuide. Pensando bem, ele poderia ganhar dinheiro mais fácil com diagnóstico de doenças, né não?
Aqui falo sobre um monte coisas de meu universo de interesse. Filmes, livros, família, política, religião e psicologia. Também reproduzo textos publicados em jornais de São Luís (MA).
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
domingo, 30 de agosto de 2009
Sou, mas quem não é?
Após atender à solicitação do presidente Lula em não deixar a liderança do PT no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP) publicou em seu perfil no Twitter um pedido de compreensão das razões que o levaram a tomar a decisão.
“Errei ao dizer que anunciaria uma renúncia irrevogável, mas gostaria que vocês conhecessem as razões mais profundas que me levaram a essa decisão”.
Fonte: Folha On line
“Errei ao dizer que anunciaria uma renúncia irrevogável, mas gostaria que vocês conhecessem as razões mais profundas que me levaram a essa decisão”.
Fonte: Folha On line
Entrou na política pelo movimento estudantil num tempo em que ideais revolucionários já decaíam, mas ainda mantinham seu charme. O nome, assim como os fartos bigodes que ostentava, era uma espécie de profecia. Ancrísio Meliante era modernoso, assim cultivava seu perfil político, mas era incrivelmente pusilânime com uma queda para o teatro bufão.
Informantes desta coluna conseguiram contrabandear uma gravação secreta do gabinete de Meliante. Explico o contexto ao leitor. Uma crise no partido do qual era líder, colocou-o na incômoda posição de ter que mostrar à luz do dia o que ele praticava às escondidelas e aos cochichos com seus coleguinhas. Mas, já havia dito que não faria o que estava fazendo umas quantas vezes, o que ninguém levou a sério. Não mais do que o miserável incômodo de protelar a execução do mal feito e agora dizia que não faria o que começou a fazer.
Senador, esta é a quarta vez que o senhor diz que não fará aquilo que disse que faria. Os partidários estão fulos da vida com o senhor. Eles precisam que o senhor faça a sua parte para maneirar a deles. Mas é a quarta vez que digo isso? Sim, senhor. Mas agora é irrevogável. Já usei esta palavra antes? O senhor disse renunciar. Mas depois desta não tem outra não. É tipo cláusula pétrea.
E o povo, não vai estranhar esse vai-não-vai, esse rame-rame sem fim? Uma hora diz uma coisa, outra hora diz o contrário. O povo não liga. Já sabe que nós somos assim mesmo. Sem palavra? Que é isso, tu é meu assessor ou o grilo falante? O senhor é que sabe.
Pois vou usar “irrevogável” mesmo. Ninguém no mundo me demoverá desta decisão. Não salvo o bigode nem a pau, nem um fio. O seu? O dele. Dele quem? Ah... Mas, senador Meliante, não vai pegar mal? O quê? Se o senhor confirmar, será a quinta vez que se desdiz. Meu filho, eu sou “imprescindível”, tenho que ganhar algum nesta história, a alma já vendi, quero um lugar melhor, com vista para o lago de fogo, ora se não.
Olhe, teve aquela vez que o senhor disse que entregaria o cargo se sua posição não fosse atendida pelos seus colegas liderados. Era bravata. Queria impactar. Sim, depois o senhor disse que desistiria da liderança. Potoca. Queria impressionar. Depois o senhor falou que passava a liderança. Conversa fiada. Queria chamar a atenção, bigode estava aparecendo mais que eu. Teve também aquela vez que o senhor bateu a porta e disse que não voltava mais lá. Teatro. Queria cafuné dos colegas. Queria um coro de “fica Meliante”. É lindo isso.
Bem, e agora o senhor postou no twiter que subirá à tribuna para ler o discurso de entrega do cargo de líder em caráter “irrevogável”. Isso mesmo. Agora lascou. Existe uma palavra para desdizer “irrevogável”. Vamos olhar no dicionário. Ih... só tem revogável. É fraca. Então? Só se o presidente pedir. Seria bom, não é? Agora que tô morto de arrependido. A boquinha é muito boa. Tô com medo de acontecer o que aconteceu com o Jânio. Senador, telefone. É o presidente. Agora tenho a desculpa para revogar o irrevogável. Já tenho até a frase: “Errei ao dizer que anunciaria uma renúncia irrevogável”. Agora é cair nos braços do povoléu.
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