sábado, 21 de julho de 2012

Sutiã no varal



Moradoras da cidade francesa de Banyuls-sur-Mer penduram sutiãs nas ruas para protestar contra o projeto de uma marina privada na cidade, que fica às margens do mar Mediterrâneo. A ação foi inspirada pela moradora Barbara Frenz, que decidiu protestar contra a construção e defesa do meio ambiente.

Fonte: UOL 20/07/2012

Pimpônio poderia ser classificado como turrão de nascença. É bem informado e talvez por isso tem opinião sobre tudo. Aquilo que não sabe, ele também tem uma abalizada certeza, explicação, seja lá o que for, para distribuir ao primeiro ouvinte que lhe dê trela.
Fui interpelado por ele outro dia. Dizia que o assunto lhe arrodeava o juízo por semanas. E sem pedir licença, sem perguntar se eu teria ouvidos e tempo para ele, foi despejando o que lhe estava incomodando.
Está certo que as mulheres de hoje são filhas da revolução sexual e do feminismo que ganhou força nos anos 60. Mas o que ele não entendia, de jeito nenhum, eram as ações mais recentes de um grupo de meninas bonitinhas, branquinhas e eslavas que resolveram protestar contra tudo e contra todos com os peitos à mostra. Isso é fazer política, dizem.  Pelo menos tem o mérito de encher os olhos – nem todas, tem muita muchiba no pedaço. Melhor que no Brasil, que se faz política com as mãos, as duas, que os caras atolam nas burras da viúva sem dó nem piedade. Não peço desculpas pela cacofonia mental que isso gerou.
Pois bem, picham-se todas com palavras de ordem e até palavrões, pela barriga, ombros, cara e, claro, os peitos que são sua marca registrada. O que me incomoda é que parece que esta geração de mulheres, fora os gritos quando são arrancadas à força das praças ou de qualquer outro lugar onde balancem suas tetinhas, gritam qualquer coisa como: um, dois, três, quatro, cinco, mil queremos que (...) vá para pqp. Ah, meu amigo, entre estes parênteses reticenciados cabem tudo.
As meninas estão contra o governo: mostram as tetinhas. Querem xingar os economistas: balançam os peitos. Querem fechar uma usina nuclear: pois não, lá o busto livre, leve e solto e... pintado. Nada contra umas coisinhas dessas mostrando as partes pudendas, acho até que o espetáculo é bom de se ver. Mas e daí? Junta gente, a polícia tem trabalho – e acho que os policiais não devem reclamar – elas chamam a atenção... para elas mesmas. Acho até que daria uma boa propaganda de sites de namoro, encontros, por aí.
Sei que nós, homens, somos acusados de piadas machistas e de julgar as mulheres pelo estereótipo. Mas, aqui pra nós, fora os gritos e a inacreditável capacidade das mulheres opinarem sobre tudo – a minha acha jeito de dizer até a cor da cueca que visto, diz que me deixa sexy – onde foi parar o cérebro argumentativo, opinativo com começo, meio e fim? As mulheres pensam rápido, são atiladas, sutis e perspicazes. Onde isso foi parar?
Mas não para por aí não, meu amigo, não, senhor. Outro dia deparei-me com uma tal “marcha das vadias”. Fiquei em estupor. O nome era muito direto e escancarado. As participantes e, pasmem, alguns homens do sexo masculino, não sei se de opção, andavam na mesma marmotagem. E qual era a razão daquele grupo sair batendo panelas e apitando semipeladas? Protestar. Parece que alguém disse que as roupas das mulheres instigam estupradores. Pronto. Só para teimar e provocar, elas saíram às ruas de meia, calcinha, vestidinhos curtíssimos e se dizendo vadias. Bem verdade que as mulheres queimaram sutiãs e calcinhas antes, mas a coisa está ficando repetitiva. Naquela época, ainda havia o ineditismo. Não que eu seja contra, de jeito nenhum. Que a patroa não me ouça.
Agora, surgiu uma nova modalidade. Um grupo de mulheres cismou com uma construção de uma marina – não sei se esqueceram o shopping para as comprinhas –, o fato é que estas resolveram construir um varal só de sutiãs em plena rua. Cheguei até a pensar que fosse uma destas montagens de arte contemporânea. Esse povo inventa!  Uma dose cavalar para os pobres vouyers. Ouvi até dizer que uma dezena de fetichistas em alto grau foram internados fazendo bilu-bilu nos beiços pela dose cavalar de pecinhas femininas que tiveram que ver.
Não é curioso que tendo brigado tanto tempo para sair de perto do fogão e da pia, da máquina de lavar e da vassoura, estas meninas resolveram protestar construindo um varal? Depois dizem que nós é que as diminuimos.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Cura Gay ou PDC Nº 234/2011?


Já se disse que “em tempo de guerra, a primeira vítima é a verdade” (Made in U.S.A. - Página 169, de Boake Carter - Publicado por Dodge Publishing Company, 1938 - 234 páginas). Na imprensa, o Projeto de DecretoLegislativo (PDC) Nº 234/2011, de autoria do deputado João Campos (PSDB-GO), ganhou o vulgar apelido de “cura gay”. Apelidos, exceção àqueles carinhosos, nascidos das boas relações dentro do seio familiar, estão sempre mais próximos do chamado bullyng, do que do elogio e do respeito ao apelidado. Assim, acredito que a expressão “cura gay” tem o condão explícito de agredir e indispor quem quer que seja com a proposta, mesmo sem conhecê-la.
        O propósito do projeto pode ser questionado pelos que dele discordam, mas não mentir descaradamente atribuindo a ele o que não diz. De fato, o PDC tão somente se propõe a sustar a aplicação dos parágrafos 3º e seu parágrafo único e ainda o parágrafo 4º da Resolução do CFP Nº 1/99. Ambos estabelecem que o psicólogo não atuará em qualquer momento no tratamento de alguém que se diga homossexual. Tampouco participará de qualquer forma de manifestação que envolva esta discussão. O restante do que está escrito no Projeto trata apenas de quem tem o poder de definir este tipo de determinação a uma classe profissional ou cidadão e procura justificar com a legislação disponível no país. NÃO ATACA A AUTONOMIA DO CFP. NÃO PROPÕE A CURA DA HOMOSSEXUALIDADE.
        E por que este deputado propõe este  decreto legislativo? Porque a leitura dos artigos da resolução do CFP tem sido entendida e aplicada com um espectro de ação tão vasto que, injustamente, tem punido e/ou ameaçado diversos psicólogos pelo país. Tem fomentado uma compreensão equivocada do tema – ainda que se vangloriem de sua vanguarda – e induzido profissionais à ilegalidade quase sem direito de defesa.  Aliado ao movimento gay e a grande parte da imprensa, o CFP tem imposto uma verdadeira inquisição aos profissionais que tem a ousadia de discordar de suas contorcionistas posições, seja no campo do argumento ou da ciência psicológica quando tratam do que chamam de práticas homoeróticas.
Em artigo anteriormente publicado, discuto algumas destas artimanhas (Psicologia, Religião eHomossexualidade: um debate irresolvido). Em recente texto assinado a quatro mãos por Humberto Verona (presidente do CFP) e Carla Angelucci (presidente do CRP-SP), estes afirmam categoricamente que o deputado propõe a cura dos homossexuais, o que o projeto não faz. Se se pode dizer algo em defesa da proposta legislativa é que tenta corrigir uma injustiça e uma impropriedade cometida por, vá lá, excesso de zelo do CFP. A resolução merece, sim, uma alteração nos artigos aqui antes mencionados ou no mínimo uma discussão.
A dupla afirma que em nenhum momento a Resolução do CFP contraria o atendimento a homossexuais por psicólogos. Óbvio que não, pois não é disso que trata. O que se diz é que em razão da homossexualidade não ser caracterizada como doença, ela não é passível de cura e então, o psicólogo não deverá curar o que não existe, sob pena de danos psicológicos ao indivíduo homossexual. Certo. Mas também não é este o teor da discussão que se vê hoje. Os representades do CFP e da causa gay em geral não querem debater um fato, este sim, fundamental. Uma coisa é tentar demover o homossexual de sua prática, outra bem diferente é atender há muitíssimas pessoas desconfortáveis, indecisas, sofridas com a condição ou a tendência homossexual e que buscam na psicologia a ajuda de que necessitam. O psicólogo deve acolher esta queixa e não há qualquer princípio, seja científico ou de uma abordagem em particular, que sugira ou diga expressamente que é obrigação do profissional envidar esforços para que o paciente se assuma. Quem o afirma, mente.
O presidente do CFP e o deputado Jean Wyllys, militante conhecido da causa gay, não admitem nem por hipótese que uma pessoa possa viver esta condição indefinida e com ela sofrer. Mais. Eles e seus colegas defendem com ardor que a dúvida é, por si, sinal de que a pessoa é homossexual e a solução é sair do armário. No artigo do sr. Humberto e da sra. Carla é dito o que eles todos pensam no que tange a esta relação psicólogoXpaciente:
Considerando que a experiência homossexual pode causar algum sofrimento psíquico, o psicólogo deve reconhecer que ele é decorrente, sobretudo, do preconceito e da discriminação com aqueles cujas práticas sexuais diferem da norma estabelecida socioculturalmente.
(Então só resta ao psicólogo)
O atendimento psicológico, portanto, deve, em vez de propor a “cura”, explorar possibilidades que permitam ao usuário acessar a realidade da sua orientação sexual, a fim de refletir sobre os efeitos de sua condição e de suas escolhas, para que possa viver sua sexualidade de maneira satisfatória e digna. (grifo nosso)
        O deputado JeanWyllys, durante a audiência que debateu o Projeto  de Decreto Legislativo, já disse que este projeto de seu colega deputado é uma aberração e que ficou constrangido com explicação de uma psicóloga, Marisa Lobo (evangélica da igreja Batista), especialista em sexualidade, que apoia o projeto do deputado João Campos. Ora, eu também acho uma aberração o CFP em nome – não da causa da psicologia, nem dos profissionais que representa – tomar partido de forma desbragada e tornar-se uma ponta de lança de um movimento que precisa ser visto também em suas inúmeras incoerências e que quer se impor à custa de argumentos discutíveis. Constrange-me que em meio a isto tudo, o paciente, a principal razão de ser da prática psicológica, esteja sendo posto de lado, enquadrado, normatizado e negado seu sagrado direito de buscar uma direção, aquela que lhe trará a pacificação interior, seja ela qual for.
        É de se notar ainda, que o deputado Jean Wyllys, descontente com a explicação técnica da psicóloga Marisa Lobo a respeito de um transtorno psicológico, usa um argumento psicossociológico para dizer o que esta e todos os demais profissionais devem fazer: vai ter egodistonia (o homossexual), mas por viver numa cultura homofóbica que rechaça e subalterniza sua homossexualidade. O certo seria colocar o ego em sintonia com seu desejo, é sair da vergonha para o orgulho”. Eis o mantra repetido a exaustão por esta gente. Nunca, jamais, há dúvida quanto à sexualidade de um homossexual. Se há, a culpa é sempre da família, da sociedade homofóbica e, o que eles mais gostam de culpar, da religião opressora, fundamentalista e preconceituosa.
Se é para falar em direitos, a Constituição Federal abriga em seu artigo 3 a dignidade da pessoa humana, cenário de múltiplas possibilidades que alcançam o indivíduo nas mais diversas esferas, inclusive a sexual. O direito não distribui etiquetas, mas aponta caminhos e soluções que devam açambarcar os fatos que aí estão, até porque o direito não abarca a vida –  esta é muito maior e mais complexa. E quem tem o mínimo de conhecimento de legislação, sabe que a Constituição é superior a todas as outras leis. A dignidade da pessoa humana envolve também o homossexual insatisfeito com sua condição e que tem o direito de ser atendido para redirecionar-se – e não ser catequizado com uma sinfonia de uma nota só.
        É uma brutal injustiça que o CFP imponha uma camisa de força aos psicólogos, exorbitando de suas prerrogativas, quando diz que há uma única possibilidade de cuidado para pessoas com determinada característica. Atropela uma norma basilar no atendimento psicólogico, a de que nós não determinamos o que é melhor ao paciente, nós caminhamos com ele, ao seu lado. Permito-me lembrar uma figura linda, bíblica... Atravessamos com ele o vale da sombra da morte, sabendo que é esta nossa função e o que decorrer daí, pelas escolhas livres do paciente, só nos resta acatar, ainda que logo em seguida – um descaminho antes percebido por nós foi escolhido – nos leve a outra travessia com ele. Isto é respeito à dignidade e autonomia das pessoas.
        Por fim, não sei quem primeiro envolveu o tema da religiosidade em meio a este debate, mas certamente utilizar este argumento para diminuir, ridicularizar e sugerir que são tacanhos aqueles que pensam diferente da “verdade” inatacável do movimento gay e seus simpatizantes, é uma ignomínia. Ninguém precisa defender a laicidade da psicologia, a maioria absoluta dos psicólogos sabem disso e se portam de acordo com este parâmetro, ainda aqueles que professam uma fé. Se alguém entende de forma equivocada e mistura estes mundos – ainda que eu pense que não há, em absoluto, incompatibilidade – pois que se puna, se for o caso. Menos infligir aos psicólogos confessantes indignidadade na pratica da psicologia porque, acometidos, quem sabe, de uma esquizoidia, perderam o fio que demarca a fronteira entre ciência e a fé – que também, estou convicto, não há qualquer incongruência.

domingo, 15 de julho de 2012

Uma B... para toda obra


Um estudante japonês inventou um robô em forma de nádegas que reage de forma diferente a toques humanos. Nobuhiro Takahashi espera que a tecnologia ajude a desenvolver a robótica, com modelos capazes de responder a diferentes estímulos. Ele escolheu o bumbum por ser uma área grande, capaz de expressar medo, alegria e relaxamento.

Fonte: BBC Brasil (12/07/2012)
Nunca nossa organização deu um prêmio tão incrivelmente original. Esta noite de gala destaca o gênio inventivo, a criatividade e porque não dizer, a façanha de um homem em criar um invento revolucionário. Convidamos para nosso palco o Sr. Nobuhiro Takahashi e deixemos que ele mesmo, com sua modéstia e simplicidade, nos brinde com um pouco desta genialidade.
Aham... senhoras e senhores aqui presentes, são bondosas as palavras do anfitrião e apresentador. Não sei se sou digno de tamanha manifestação de apreço e imagino que minha invenção é importante, pode até contribuir para um mundo de paz de amizade entre as pessoas e os povos, embora creia que algumas barreiras precisem ser quebradas, paradigmas culturais inovados e costumes modificados para que haja a adoção do aparato na vida cotidiana e, alerto, só assim será possível as transformações esperadas.
Não quero ferir suscetibilidades nesta festa, pois sendo um invento revolucionário, pode causar alguma estranheza para espíritos menos preparados e menos abertos ao novo. Assim, direi uma única vez do que se trata o invento e nas demais vezes que a ele me referir mencionarei apenas sua letra inicial seguida de reticências ou por sua sigla. Eu inventei uma Bunda Artificial Mecatrônica Sensível ao Toque ou como chamamos carinhosamente em nosso laboratório, uma BASTOM.
        A funcionalidade é simples. A sofisticada tecnologia percebe o toque. Assim, a b... pode demonstrar várias emoções: tristeza, alegria, medo e raiva e todas as variações possíveis. A expressão cara de b... ganha, desta maneira, sua verdadeira definição. Os participantes poderão experimentar a b... na sala ao lado. Senhores... senhores... ainda não. Daqui a pouco a b... estará disponível para um teste drive.
        A b... é versátil e pode se prestar para muitas coisas. Lazer de crianças e adultos, por exemplo. Por favor, não me entendam mal. Nada há de sex shop nisso. Adultos podem fazer jogos. Um deles já ganha dos consoles mais importantes. É o advinha qual a emoção. Você toca, bate e tenta advinhar qual a reação da b... Pais e mães poderão aprender como cuidar dos seus bebês com um curso rápido de emoção nadegal. Namorados poderão dar um pé na b... se não puderem fazê-lo no traseiro propriamente dito do(a) ex. As utilidades da b... são infinitas.
        Na área da saúde, a Bastom pode fazer muito. Imagine uma pessoa estressada. Como o material da b... é praticamente igual à pele, tocá-la produz um efeito relaxante, sem contar que o sujeito pode se treinar com as emoções mais delicadas que a Bastom expressa. Pessoas com problemas na coluna podem sentar na b... A boa emoção passará para o usuário sentante e as dores diminuirão.
        Quando industrializada, o preço reduzirá bastante. Qualquer um poderá ter uma b... em sua casa. Haverá planos de financiamentos especiais. Estamos fazendo licenciamentos para produtores em todo o mundo. Prevejo que se toda casa tiver pelo menos uma b... guerras e violência de todo tipo cairão sensivelmente. Ah, fizemos teste no trânsito com  uma b... especialmente adaptada ao carro. Cidades e montadoras já colhem os lucros num trânsito muito mais pacificado.
        As b... podem ser customizadas com piercings, tatuagens e há uma variedade de modelos: os mais avantajados, os mais discretos e de acordo com sua preferência racial. Reforço aqui que a Bastom só aceita alisamentos, palmadas e, para os mais entusiasmados, beliscões. Pode ser com uma ou duas mãos. E só. Ouviram? Só isso.