'Paizões' conciliam carreira como
strippers e rotina com filhos. Para
dançarinos, profissão permite mais tempo com as crianças. Filhos lidam
naturalmente com a profissão, mesmo sem entender direito.
Eles não têm uma profissão convencional, mas afirmam que o
expediente noturno garante ainda mais tempo ao lado da família. Pais presentes
e apaixonados por seus filhos, os fortões Antonio Garcia de Aguiar Filho e
Anderson Ventura de Castro se dividem entre as tardes com as crianças e as
noites com performances de strip-tease.
Fonte: G1 (11/08/2012)
História 1
Paaaai, minha amiga no facebook
mandou esta foto sua só de sunga fio dental. Meu Deus, olha a pose de michê,
pai. Os olhos marejados. Ela nunca mais será minha amiga, para sempre. Eu nunca
mais vou à escola, pai. Ela está convidando todas as meninas para ir ver o
senhor rebolando. Eu sei que ela fez uma montagem. Colocou sua cabeça num corpo
qualquer. Mas a mancha na perna é igualzinha. Diz que não é você pai, diz. O pai tentou fingir, desconversar,
mas a menina estava tão ansiosa e insistente que seria difícil livrar-se de uma
explicação.
Filha, com certeza isto é uma
falsificação grosseira. Como é que você me vê sair de casa? Às vezes de
bombeiro. Já vi sair de soldado do BOPE. De Rambo. O que você fazia vestido de
Rambo? Isto foi no carnaval, minha filha. Não sei... Você já me viu sair de
marinheiro também, lembra?. Então, seu pai trabalha duro, tem várias profissões
para cuidar da filhinha dele. Aperta a bochecha da garota que continuou amuada
e desconfiada daquela explicação.
A menina embatucou. O pai sem
mais palavras. Um clima travoso no ar. Garota, você sabe quanto custa sustentar
esta casa? Quer saber? Danço, sim. Requebro, também. Uso sunga fio dental que
me dá uma gastura até hoje no traseiro. Você vai ter vergonha do seu pai? Eu
sou muito macho... muito macho. Pronto. Falei.
História 2
Vamos amiga! O clube das mulheres
é um lugar familiar. Você vai ver homens maravilhosos. É só uma fantasia, boba.
A gente só finge que peca. E depois, você não pode faltar porque é a despedida
de solteira da Pati. Ela vai ficar decepcionada se você não for. Não sei, Di,
você sabe que sou religiosa. Aquele lugar é um antro. Que antro amiga, é um
lugar onde homens dançam para nós, só isso. As mulheres tem fantasias. Não me
diz que tu não tens uma fantasiazinha escondida nesta cabeça? Tu queres que eu
acredite que não há um cantinho sujo nesta cabecinha cheia de rezinhas? Di, eu
levo muito a sério a minha fé. Desculpa, amiga, estou brincando, é que a
despedida da Pati não será a mesma se você não for. Está bem, está bem. Mas só
vou ficar meia hora. Duvido tolinha, na hora que tu olhares aqueles homens
incríveis, tu vai assistir ao show inteiro.
Vamos acertar uma coisa? Se você
não estiver bem, a gente sai. Arnaldo nem vai saber que tu estiveste lá. Pois
é, eu morro de medo do Arnaldo me ver num lugar desses. Ele é mais religioso do
que eu. Onde ele está agora? Saiu pra trabalhar na obra do estádio desde cedo.
Só voltará às onze da noite. Ótimo, vamos ter todo tempo do mundo.
A amiga assanhada e a outra como
quem ia para a forca. O lugar era um burburinho só de risinhos quase histéricos
de ansiedade. Na entrada, receberam um folheto educativo sobre o comportamento
das damas no lugar. Poderiam apalpar, beliscar discretamente. Agarrar, não.
Havia muitas velhinhas, muitas... Tina estava desconfortável. Bebericava água
mineral e olhava para os lados. Quando a amiga tentou acalmá-la, disse que sua
fantasia horrorosa era que o Arnaldo aparecia de repente e a pegava no flagra.
Logo ele, que era ciumento de tudo e de todos.
A música toca como que a
anunciar uma entrada triunfal de um dos strippers. O locutor, que imitava a voz
do Bonner, explodiu. Atenção, lindas senhoras e senhoritas! Esta noite será sua
mais incrível experiência. Solte suas feras. Solte suas fantasias. A música
preparou a próxima fala. E agora com vocês, o mais sensual índio do Village
People, só que muito macho. Cacique Touro Sentado! Entra um homem fantasiado
que requebrava mais que lagarta na areia quente. Tina estava exatasiada e ao
mesmo tempo intrigada com o show daquele homem lindo, tinha que admitir, mesmo
corando. Entre um volteio e outro, o índio começa a despir-se para loucura da
mulherada que assobiava, dizia palavrões e convidava o homem para dançar na sua
casa. Quando o cocar penoso cai... Tina, na primeira fila, dá um berro:
ARNALDO!!!! E desmaia.