domingo, 12 de agosto de 2012

Pai Stripper


'Paizões' conciliam carreira como strippers e rotina com filhos. Para dançarinos, profissão permite mais tempo com as crianças. Filhos lidam naturalmente com a profissão, mesmo sem entender direito.
Eles não têm uma profissão convencional, mas afirmam que o expediente noturno garante ainda mais tempo ao lado da família. Pais presentes e apaixonados por seus filhos, os fortões Antonio Garcia de Aguiar Filho e Anderson Ventura de Castro se dividem entre as tardes com as crianças e as noites com performances de strip-tease.

Fonte: G1 (11/08/2012)

História 1
Paaaai, minha amiga no facebook mandou esta foto sua só de sunga fio dental. Meu Deus, olha a pose de michê, pai. Os olhos marejados. Ela nunca mais será minha amiga, para sempre. Eu nunca mais vou à escola, pai. Ela está convidando todas as meninas para ir ver o senhor rebolando. Eu sei que ela fez uma montagem. Colocou sua cabeça num corpo qualquer. Mas a mancha na perna é igualzinha. Diz que não é você  pai, diz. O pai tentou fingir, desconversar, mas a menina estava tão ansiosa e insistente que seria difícil livrar-se de uma explicação.
Filha, com certeza isto é uma falsificação grosseira. Como é que você me vê sair de casa? Às vezes de bombeiro. Já vi sair de soldado do BOPE. De Rambo. O que você fazia vestido de Rambo? Isto foi no carnaval, minha filha. Não sei... Você já me viu sair de marinheiro também, lembra?. Então, seu pai trabalha duro, tem várias profissões para cuidar da filhinha dele. Aperta a bochecha da garota que continuou amuada e desconfiada daquela explicação.
A menina embatucou. O pai sem mais palavras. Um clima travoso no ar. Garota, você sabe quanto custa sustentar esta casa? Quer saber? Danço, sim. Requebro, também. Uso sunga fio dental que me dá uma gastura até hoje no traseiro. Você vai ter vergonha do seu pai? Eu sou muito macho... muito macho. Pronto. Falei.
História 2
Vamos amiga! O clube das mulheres é um lugar familiar. Você vai ver homens maravilhosos. É só uma fantasia, boba. A gente só finge que peca. E depois, você não pode faltar porque é a despedida de solteira da Pati. Ela vai ficar decepcionada se você não for. Não sei, Di, você sabe que sou religiosa. Aquele lugar é um antro. Que antro amiga, é um lugar onde homens dançam para nós, só isso. As mulheres tem fantasias. Não me diz que tu não tens uma fantasiazinha escondida nesta cabeça? Tu queres que eu acredite que não há um cantinho sujo nesta cabecinha cheia de rezinhas? Di, eu levo muito a sério a minha fé. Desculpa, amiga, estou brincando, é que a despedida da Pati não será a mesma se você não for. Está bem, está bem. Mas só vou ficar meia hora. Duvido tolinha, na hora que tu olhares aqueles homens incríveis, tu vai assistir ao show inteiro.
Vamos acertar uma coisa? Se você não estiver bem, a gente sai. Arnaldo nem vai saber que tu estiveste lá. Pois é, eu morro de medo do Arnaldo me ver num lugar desses. Ele é mais religioso do que eu. Onde ele está agora? Saiu pra trabalhar na obra do estádio desde cedo. Só voltará às onze da noite. Ótimo, vamos ter todo tempo do mundo.
A amiga assanhada e a outra como quem ia para a forca. O lugar era um burburinho só de risinhos quase histéricos de ansiedade. Na entrada, receberam um folheto educativo sobre o comportamento das damas no lugar. Poderiam apalpar, beliscar discretamente. Agarrar, não. Havia muitas velhinhas, muitas... Tina estava desconfortável. Bebericava água mineral e olhava para os lados. Quando a amiga tentou acalmá-la, disse que sua fantasia horrorosa era que o Arnaldo aparecia de repente e a pegava no flagra. Logo ele, que era ciumento de tudo e de todos.
A música toca como que a anunciar uma entrada triunfal de um dos strippers. O locutor, que imitava a voz do Bonner, explodiu. Atenção, lindas senhoras e senhoritas! Esta noite será sua mais incrível experiência. Solte suas feras. Solte suas fantasias. A música preparou a próxima fala. E agora com vocês, o mais sensual índio do Village People, só que muito macho. Cacique Touro Sentado! Entra um homem fantasiado que requebrava mais que lagarta na areia quente. Tina estava exatasiada e ao mesmo tempo intrigada com o show daquele homem lindo, tinha que admitir, mesmo corando. Entre um volteio e outro, o índio começa a despir-se para loucura da mulherada que assobiava, dizia palavrões e convidava o homem para dançar na sua casa. Quando o cocar penoso cai... Tina, na primeira fila, dá um berro: ARNALDO!!!! E desmaia.

Nenhum comentário: