domingo, 13 de abril de 2014

A vida

Vídeo coreano (do sul) apresenta uma metáfora da vida, talvez pessimista, desesperançada e fatalista, mesmo assim, é difícil ficar indiferente. Quero dizer, sem pensar na sua própria jornada.



Picada científica não dói

Um estudante de PhD britânico se deixou picar por abelhas 190 vezes, como parte de um experimento para determinar em que parte do corpo a dor é mais forte.
Fonte: BBC Brasil (09/04/2014)

Esta semana estive entre a cruz e a caldeirinha. Dois temas para lá de inusitados. Na Noruega, um pescador capturou um bacalhau – sim, eles vêm do mar com cabeça – e, profissional experiente, notou que o bicho estava algo estranho (G1/France Presse, 11/04/2014). Suprise! Ao abri-lo, saltou enfezado de dentro do bucho do peixe um vibrador. Ainda com motor, mas sem as pilhas. Imagine explicar a epopeia dantesca de um vibrador que passeou sabe lá por onde e, também por razões inextricáveis, foi lançado ao mar. A cor e o silicone confundiu o bacalhau – ou não? – que o engoliu pensando, disse o pescador, ser uma lula. Nadar tremendo por bom tempo causou certo frisson entre a bacalhoada.
O outro tema, igualmente incomum, relata a experiência de um jovem estudante britânico de PhD. Ao entrar em certo lugar, conta, uma abelha alojou-se dentro de sua roupa e sapecou-lhe o ferrão. Como o velho Arquimedes, nele foi despertado o seu Heureka. Largou tudo para descobrir aquilo pelo qual a humanidade inteira esperava ansiosamente. Saber em que lugares do corpo uma picada dói mais.
Ambas as histórias eram incríveis e estimulantes. Depois de árdua luta com meus neurônios, percebi que a contribuição do jovem era, disparada,  muito mais extravagante. Usar vibrador, com uma loja em cada esquina, especialmente nos liberais países nórdicos, é bobagem. Certo que um bacalhau usar um aparato destes sai um pouco do usual, mas era norueguês, se fosse português talvez eu me animasse a contar-lhe a história.
Feita esta longa explicação, adelante! Uma pesquisa científica precisa de um objeto a ser pesquisado. Nosso Einstein abelhudo decidiu ser ele mesmo o rato-cobaia da experiência. Mapeou várias partes do corpo para receber as picadas. O passo seguinte, como é óbvio supor, seria aplicar-lhes os ferrões. Para medir a sensação dolorosa, usou escalas conhecidas que vão de 1 a 10.
O mapa do corpo humano foi tomado emprestado dos médicos legistas. Um “x” marcava o lugar exato que receberia a punção. O próprio faria a aplicação. Ele até convidou colegas estudantes com a vã promessa de dividir os louros da descoberta. Mas todos os abordados declinaram de um provável Nobel, pois o amor à ciência tem limite.
Seria mais fácil ficar nu e cutucar uma colmeia e não correr. Mas, tratava-se de ciência que pede precisão. Isso é muito aleatório. Tinha que ser nu, por suposto, mas com o corpo marcado milimetricamente com pequenos alvos de dardos, do dedão à cabeça. Pegava uma abelha por vez, e encostava na parte alvejada. Ele concluiu de imediato que não precisava explicar à abelha o que tinha que fazer. Indignada, ela enfiava o ferrão. Ele marcava o nível da dor e assim foi indo.
Imagine um ser humano determinado. Imaginou? Nem chegou perto. O cabra deixou-se picar 190 vezes. Por sorte não teve um choque anafilático. Parece que, antes, fez um treino com marimbondos. Uma picada, alguns palavrões – isso, esse mesmo que você pensou –, mas consolava-se: é pela glória da descoberta. Dedão, canela, batata da perna e foi subindo. Pensou que ele pularia o parque de diversões? Ele é um inglês e um inglês não desiste nunca. Quem inventou o bordão foi esse cara.
Parte da frente. Parte de trás. Subiu e desceu. Uma picada, uma anotação na tabela de dor. Terminado o sacrifício, era hora de, mediante intrincadas fórmulas estatísticas, elaborar um ranking das partes mais doloridas. Primeiríssimo lugar. Você pensou lá, não foi?  Calma, segure sua ansiedade.

Primeiro lugar: dentro do nariz! Como é que ele colocou a abelha ali como uma meleca assassina, não sei. Segundo lugar: o lábio superior. Terceiro lugar: o corpo do pênis. Apostei na glande. Nem os imbecis do Jack Ass pensariam em coisa assim. Agora você já sabe. Sei que sua vida mudará definitivamente. O intrépido cientista parte agora para a próxima aventura. Quer comparar a exitosa experiência com correição de formigas de fogo. Está definindo a estratégia para a abordagem do novo projeto. Inscrições já abertas a entusiastas. E aí, interessa?