Um
estudante de PhD britânico se deixou picar por abelhas 190 vezes, como parte de
um experimento para determinar em que parte do corpo a dor é mais forte.
Fonte: BBC Brasil
(09/04/2014)
Esta semana
estive entre a cruz e a caldeirinha. Dois temas para lá de inusitados. Na
Noruega, um pescador capturou um bacalhau – sim, eles vêm do mar com cabeça –
e, profissional experiente, notou que o bicho estava algo estranho (G1/France
Presse, 11/04/2014). Suprise! Ao abri-lo, saltou enfezado de dentro do bucho do
peixe um vibrador. Ainda com motor, mas sem as pilhas. Imagine explicar a
epopeia dantesca de um vibrador que passeou sabe lá por onde e, também por
razões inextricáveis, foi lançado ao mar. A cor e o silicone confundiu o bacalhau
– ou não? – que o engoliu pensando, disse o pescador, ser uma lula. Nadar
tremendo por bom tempo causou certo frisson entre a bacalhoada.
O outro tema,
igualmente incomum, relata a experiência de um jovem estudante britânico de
PhD. Ao entrar em certo lugar, conta, uma abelha alojou-se dentro de sua roupa
e sapecou-lhe o ferrão. Como o velho Arquimedes, nele foi despertado o seu
Heureka. Largou tudo para descobrir aquilo pelo qual a humanidade inteira
esperava ansiosamente. Saber em que lugares do corpo uma picada dói mais.
Ambas as histórias
eram incríveis e estimulantes. Depois de árdua luta com meus neurônios, percebi
que a contribuição do jovem era, disparada, muito mais extravagante. Usar vibrador, com
uma loja em cada esquina, especialmente nos liberais países nórdicos, é
bobagem. Certo que um bacalhau usar um aparato destes sai um pouco do usual,
mas era norueguês, se fosse português talvez eu me animasse a contar-lhe a
história.
Feita esta
longa explicação, adelante! Uma pesquisa científica precisa de um objeto a ser
pesquisado. Nosso Einstein abelhudo decidiu ser ele mesmo o rato-cobaia da
experiência. Mapeou várias partes do corpo para receber as picadas. O passo
seguinte, como é óbvio supor, seria aplicar-lhes os ferrões. Para medir a
sensação dolorosa, usou escalas conhecidas que vão de 1 a 10.
O mapa do
corpo humano foi tomado emprestado dos médicos legistas. Um “x” marcava o lugar
exato que receberia a punção. O próprio faria a aplicação. Ele até convidou
colegas estudantes com a vã promessa de dividir os louros da descoberta. Mas
todos os abordados declinaram de um provável Nobel, pois o amor à ciência tem
limite.
Seria mais
fácil ficar nu e cutucar uma colmeia e não correr. Mas, tratava-se de ciência
que pede precisão. Isso é muito aleatório. Tinha que ser nu, por suposto, mas
com o corpo marcado milimetricamente com pequenos alvos de dardos, do dedão à
cabeça. Pegava uma abelha por vez, e encostava na parte alvejada. Ele concluiu
de imediato que não precisava explicar à abelha o que tinha que fazer.
Indignada, ela enfiava o ferrão. Ele marcava o nível da dor e assim foi indo.
Imagine um ser
humano determinado. Imaginou? Nem chegou perto. O cabra deixou-se picar 190
vezes. Por sorte não teve um choque anafilático. Parece que, antes, fez um
treino com marimbondos. Uma picada, alguns palavrões – isso, esse mesmo que
você pensou –, mas consolava-se: é pela glória da descoberta. Dedão, canela,
batata da perna e foi subindo. Pensou que ele pularia o parque de diversões?
Ele é um inglês e um inglês não desiste nunca. Quem inventou o bordão foi esse
cara.
Parte da
frente. Parte de trás. Subiu e desceu. Uma picada, uma anotação na tabela de
dor. Terminado o sacrifício, era hora de, mediante intrincadas fórmulas
estatísticas, elaborar um ranking das partes mais doloridas. Primeiríssimo
lugar. Você pensou lá, não foi? Calma, segure
sua ansiedade.
Primeiro
lugar: dentro do nariz! Como é que ele colocou a abelha ali como uma meleca
assassina, não sei. Segundo lugar: o lábio superior. Terceiro lugar: o corpo do
pênis. Apostei na glande. Nem os imbecis do Jack Ass pensariam em coisa assim.
Agora você já sabe. Sei que sua vida mudará definitivamente. O intrépido
cientista parte agora para a próxima aventura. Quer comparar a exitosa experiência
com correição de formigas de fogo. Está definindo a estratégia para a abordagem
do novo projeto. Inscrições já abertas a entusiastas. E aí, interessa?
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