sábado, 2 de janeiro de 2010

Trair e coçar...


Uma das mais famosas psicólogas francesas causou polêmica ao defender, em um livro recém-lançado, que a infidelidade masculina é boa para o casamento.
No livro Les hommes, l’amour, la fidélité ("Os homens, o amor, a fidelidade"), Maryse Vaillant diz que a maioria dos homens precisa de “seu próprio espaço” e que para eles “a infidelidade é quase inevitável”.
Fonte: BBC Brasil

Lili Froidina causou furor entre homens e mulheres. Psicóloga militante feminista na juventude, rasgou calcinha e sutiã em praça pública, como era prática contestadora na época. Lutou pelo espaço feminino e brigou feio contra a horda masculina machista, porco chauvinista que, segundo ela e suas amigas, representavam a repressão e a ditadura patriarcal desde Abraão, coisa típica da sociedade ocidental judaico-cristã.
Posto isso, você pode entender porque o livro de doutora Lili causou tanta celeuma. As velhas companheiras, as que ainda estavam vivas, mandaram cartas, verdadeiras bombas de efeito moral. Coquetéis molotovs foram atirados à frente de seu consultório e pixações com dizeres: morte a Lili Machista. Diz-se que doutora Lili fez mais para revivescer o feminismo semi-morto neste início de século XXI do que em todo o tempo de sua militância.
Uma sua amiga, doutora Rose Mari Muraro, atrás de seus enormes óculos fundo de garrafam que deixavam seus olhos minúsculos, bufafa que nem sapo cururu pisado por um boi. Mas não passou disso, por que se não, coitada, teria uma síncope e passaria desta para outra.
O fato é que doutora Lili passou de todos os limites. Seu livro defendia algo absolutamente inusitado, os homens merecem e deveriam, todos os que quisessem, ser infiéis o quanto desejassem, pois ao contrário dos estabelecidos românticos e morais, este é, por bem dizer, seu estado natural. Eles querem e precisam de um espaço maior para sua liberdade, onde se inclui ter várias mulheres. Os mórmos é que estão certos, dizia a doutora que os incluía na lista dos machos mai smachos. A primeira e segunda geração, destacava. Estes que aí estão são uns abestados vendidos ao politicamente correto, dizia, vermelha de empolgação.
Na verdade, segundo doutora Lili, as mulheres são beneficiadas enormemente com esta, digamos, característica masculina, que se encontra presa por causa de um pacto cultural que não lhe reconhece a natureza. Fidelidade, no frigir dos ovos, é só isso, um pacto, um costume que bem pode ser superado. As mulheres traídas, por sua vez, podem viver uma experiência libertadora se derem ao seu homem, a oportunidade de fornicar com outras.
Não é preciso dizer que a Sociedade dos Machistas de Mineiros saudou o livro de doutora Lili como a maior revelação de todos os tempos, algo digno de um oráculo de Delfos. A Sociedade dos Cornos do Ceará, por sua vez, reclamou, pois entendem que o livro fomenta o fim de sua organização. As igrejas diversas apontaram para o fim do mundo, pois tamanha sem vergonhice não se podia aceitar.
Doutora Lili não se fez de rogada, nas entrevistas que deu, afirmou: quero resgatar a infidelidade como espaço rico de crescimento e atiçamento do fogo do amor entre os casais, porque homem que trai não significa que não ame sua mulher, apenas se trata que este macho quer e precisa de  espaço para florescer (sem duplo sentido) toda sua macheza e as mulheres é quem ganham com isso.
Estavam todos, como é de se esperar, boquiabertos, estupefatos, perplexos, assombrados. A mulher enlouquecera, é o que se dizia, pois como explicar esta desabrida defesa de uma infidelidade quando se sabe que até os contos de fada, desde que o mundo é quase mundo, as mulheres esperam um cavaleiro montado em seu cavalo branco para levar-lhes nos braços fortes e amá-las eternamente (só elas)?
Bem, as más línguas começaram a achar explicação. Doutora Rose, sua antiga companheira de luta pelo feminismo feminista, disse que doutora Lili estava mesmo era caducando e que nem Freud explicaria tamanha sandice. Outras colegas afirmavam que Lili queria arrumar um homem e como estivesse um tanto sambada, inventou esta maluquice como forma de pegar umzinho com esta história de liberdade para infidelidade. E arrematavam, nem assim ela arriscava arrumar.